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sexta-feira, 19 de dezembro de 2025

CPMI do INSS 'foi a pior coisa que poderia acontecer para o governo Lula', diz Luiz Lima

Deputado afirma que investigações sobre fraudes expõem esquema político

Mateus Conte
Deputado federal Luiz Lima (Novo-RJ) integra a CPMI do INSS | Foto: Revista Oeste

O deputado federal Luiz Lima (Novo-RJ) afirmou que a Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) que apura fraudes no Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) representa “a pior coisa que poderia acontecer para o governo Lula”. A declaração foi feita durante entrevista ao Arena Oeste desta quinta-feira, 18, na qual o parlamentar detalhou sua atuação na comissão, abordou sua trajetória política e avaliou temas como esporte e eleições futuras.

Segundo Lima, a CPMI já realizou cerca de 30 sessões e revelou indícios de envolvimento de sindicatos, operadores financeiros e agentes públicos em um esquema que teria causado prejuízos bilionários a aposentados e pensionistas. “Você não imaginar que esse núcleo de poder, que movimenta bilhões, não tem ligação política, não tem caixa financiando campanha de políticos, é muita inocência”, afirmou o deputado, ao citar entidades como Contag, Conafer e Sindinapi.

O parlamentar declarou que houve resistência para convocar pessoas consideradas centrais nas investigações e relatou dificuldades enfrentadas pela comissão. “Para a gente convocar qualquer pessoa, tem que ser posto em votação, e a maioria decide”, disse. Ele também afirmou que houve quebra de cerca de 400 sigilos e que novas revelações ainda devem surgir.

Lima criticou o que classificou como silêncio da grande imprensa sobre o escândalo. “O meu aperto mesmo no coração é chegar em casa à noite e não ver isso sendo noticiado”, afirmou. Para ele, o volume de informações e prisões recentes demonstra a gravidade do esquema no INSS. “Se não fosse o 8 de janeiro, o governo Lula já tinha caído.”

Luiz Lima integra a CPMI do INSS

Durante a entrevista, Lima relembrou sua entrada na política em 2016, quando foi convidado para atuar como secretário nacional de Esporte e Alto Rendimento no governo Michel Temer. “Nunca sonhei em ser deputado federal, mas aconteceu, em 2016, um convite”, afirmou. Ex-atleta olímpico e professor de educação física, ele disse que manteve aulas de natação para preservar o contato com a rotina fora da política.

Lima avaliou que o esporte no Brasil enfrenta dificuldades estruturais e culturais. “É muito difícil você trabalhar esporte no Brasil porque não é cultural”, afirmou. Segundo ele, o Ministério do Esporte tem orçamento reduzido e o tema deveria estar mais integrado à educação. “Se a gente tivesse 2 a 4% desse orçamento voltado para o esporte universitário e parte para o escolar também, seria bem diferente”, disse.

Lima confirmou que pretende disputar a reeleição para deputado federal em 2026. Segundo ele, o Novo precisa eleger ao menos 13 deputados federais para garantir a sobrevivência partidária. “Deputado federal é que faz o partido acontecer”, avaliou.

Ao comentar o cenário presidencial, mencionou o governador de Minas Gerais, Romeu Zema, seu colega partidário. “O Zema é o único presidenciável que ganha do Lula em Minas Gerais”, afirmou, ao ressaltar que diferentes configurações ainda são possíveis até o próximo pleito.

Vídeo de Joesley sobre corrupção petista volta a circular nas redes

Depoimento cita remessas de dinheiro a Lula e Dilma; material retoma popularidade com influência dos irmãos Batista na atual gestão do PT

Fábio Bouéri

Lula da Silva, Joesley Batista e Dilma Rousseff: corrupção | Foto: Montagem sobre reprodução/Redes sociais

Um vídeo com trecho do depoimento do empresário Joesley Batista ao Ministério Público Federal, em 2017, como parte do acordo de delação premiada da Operação Lava Jato, voltou a circular com força nas redes sociais nos últimos dias.

A retomada da popularidade ocorre em meio a questionamentos sobre a influência dos irmãos Batista no atual mandato do presidente Lula da Silva. Joesley, aliás, teria atuado recentemente como interlocutor informal do governo em assuntos de natureza diplomática envolvendo o Brasil. O caso, inclusive, foi tema em veículos da imprensa europeia, como o londrino The Guardian.

Joesley detalha uso de propina

No trecho que voltou a ganhar repercussão, Joesley descreve a existência de contas no exterior que teriam sido utilizadas para financiar campanhas eleitorais do Partido dos Trabalhadores. Segundo o empresário, os repasses começaram ainda durante o governo Lula, por volta de 2009 ou 2010, e continuaram ao longo do governo da então presidente Dilma Rousseff. Ele relata que, inicialmente, os recursos estavam concentrados em uma única conta.

De acordo com o depoimento, na transição entre os governos, houve a orientação para separar os valores. Joesley afirma que o então ministro da Fazenda, Guido Mantega, teria solicitado a abertura de uma segunda conta, uma vinculada ao período de Lula e outra ao de Dilma. No relato, o empresário diz ter questionado se os presidentes tinham conhecimento do esquema e ouvido como resposta que ambos estariam cientes.

Ainda segundo o depoimento, o montante acumulado ao longo de cerca de cinco a seis anos teria alcançado aproximadamente US$ 150 milhões, divididos entre as duas contas. Joesley afirma que todo esse valor foi utilizado durante a campanha eleitoral de 2014, quando Dilma Rousseff concorreu à reeleição.

À época, as declarações integraram um conjunto mais amplo de revelações feitas por executivos do grupo J&F, controlador da JBS, que tiveram forte impacto político e judicial. O retorno do vídeo agora ocorre em um contexto distinto, marcado por novas discussões sobre a proximidade dos irmãos Batista com o governo federal.

Nas últimas semanas, a exposição de Joesley em episódios de interlocução informal em temas internacionais, bem como patrocínio a eventos no exterior com a participação de autoridades brasileiras, reacendeu críticas sobre a sua influência nos bastidores do poder.

A circulação do vídeo tem sido usada por opositores para relembrar episódios da Lava Jato, enquanto aliados do governo afirmam que se trata de fatos antigos, já investigados, sem relação direta com a gestão atual.

Caças dos EUA sobrevoam região próxima a Caracas

Radar detecta movimentação, e Trump sinaliza possível comunicação ao Congresso sobre ataques à Venezuela

Fábio Bouéri

Aeronaves de guerra dos EUA sobrevoam oceano nas proximidades da Venezuela | Foto: Reprodução/X

Sistemas de radar detectaram aeronaves de combate dos Estados Unidos (EUA) sobrevoando uma região a poucos quilômetros de Caracas, capital da Venezuela. O episódio elevou a tensão diplomática entre os dois países nesta quinta-feira, 18.

Conforme autoridades venezuelanas, os caças circularam em áreas próximas ao espaço aéreo sob controle do país. O governo do ditador Nicolás Maduro considerou as manobras como uma ação provocativa e uma ameaça à soberania nacional.

EUA intensificam presença militar

O episódio ocorre em um contexto de intensificação da presença militar norte-americana no Caribe e em áreas próximas à Venezuela. Washington afirma que essas operações fazem parte de ações de vigilância e combate ao narcotráfico. Caracas, contudo, sustenta que se trata de uma estratégia de pressão política e militar contra o regime venezuelano.

A movimentação aérea ganhou ainda mais repercussão depois de declarações do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, sobre a possibilidade de informar o Congresso sobre eventuais ataques à Venezuela.

Trump afirmou que não teria objeções em comunicar os parlamentares sobre operações militares, embora tenha ressaltado que, em determinadas circunstâncias, o Executivo possui autoridade para agir sem notificação prévia, sobretudo em nome da segurança nacional.

As declarações reacenderam o debate interno nos Estados Unidos sobre os limites constitucionais do poder presidencial em ações militares no exterior. Parlamentares democratas e parte dos republicanos defendem que qualquer ofensiva contra a Venezuela deve passar pelo Congresso. Aliados de Trump, por sua vez, sustentam que o presidente tem prerrogativas para conduzir operações pontuais sem autorização formal.

Do lado venezuelano, o governo reagiu com críticas duras e voltou a denunciar o que chama de “cerco militar” imposto pelos Estados Unidos. Autoridades do país afirmam que os sobrevoos e a retórica de Washington aumentam o risco de incidentes militares e desestabilizam ainda mais a região.

Especialistas em relações internacionais avaliam que a combinação entre a presença de caças próximos a Caracas e o discurso de Trump amplia a percepção de que os Estados Unidos mantêm aberta a possibilidade de ações mais agressivas contra a Venezuela.

EUA atacam mais duas embarcações no Pacífico

Barcos pertenciam a traficantes de drogas que atuam na região, segundo o governo norte-americano

Loriane Comeli
Embarcação no Pacífico Oriental, logo depois de ataque dos EUA | Foto: Reprodução/X/@Southcom

O governo dos Estados Unidos fez mais um ataque contra embarcações ligadas ao tráfico internacional de drogas, de acordo com o Comando Militar Sul dos EUA. Dois barcos foram alvos da ação no Pacífico Oriental nesta quinta-feira, 18. Cinco pessoas morreram.

“Informações de inteligência confirmaram que as embarcações estavam transitando por rotas conhecidas de narcotráfico no Pacífico Oriental e estavam envolvidas em operações de narcotráfico”, informa um comunicado do Comando Sul. “Um total de cinco narcoterroristas do sexo masculino foram mortos durante essas ações – três na primeira embarcação e dois na segunda.”

O Comando Sul acrescentou que nenhum militar americano ficou ferido na ação, que faz parte da Operação Lança do Sul, cujo objetivo, segundo o governo Trump, é conter o tráfico de drogas na região.

A operação militar no Pacífico Oriental e costa da Venezuela

Os Estados Unidos intensificaram suas ações militares na América do Sul nos últimos meses, com foco na Venezuela. O ditador venezuelano, Nicolás Maduro, é acusado de chefiar uma organização criminosa, o Cartel de los Soles, que enviaria drogas aos EUA e sustentaria a ditadura.

O governo deslocou milhares de soldados e um grupo de ataque de porta-aviões para o Caribe, e Trump ordenou na última terça-feira, 16, um “bloqueio total e completo” de petroleiros sancionados que entram e saem da Venezuela.

Na quarta-feira 17, o ditador acusou os EUA de buscarem uma mudança de regime, além da apropriação do território e dos recursos da Venezuela. “É simplesmente uma farsa belicista e colonialista, e já dissemos isso muitas vezes, e agora todos veem a verdade. A verdade foi revelada”, disse Maduro em Caracas.

Novo volta a pedir convocação de Lulinha na CPMI

Parlamentares também querem prorrogação da CPMI do INSS por 120 dias

Loriane Comeli

Senador Eduardo Girão e deputado Marcel Van Hattem | Foto: Reprodução/Redes sociais

Os deputados e o senador do Novo protocolaram nesta quinta-feira, 18, um pedido de convocação de Fábio Luís Lula da Silva, o Lulinha, filho do presidente Lula na CPMI do INSS. O novo pedido vem depois da nova fase da Operação Sem Desconto, que comprometeu ainda mais Lulinha.

A intenção do Novo é esclarecer os vínculos do filho do presidente com as investigações em andamento.

Dessa vez, os parlamentares esperam que a base governista não impeça o depoimento do filho de Lula. Em 4 de dezembro, a comissão acabou rejeitando um requerimento semelhante para convocar Lulinha, depois da intervenção de parlamentares aliados ao governo petista.

Em uma postagem no X, Marcel van Hattem marcou Lula e perguntou se o presidente “vai deixar investigar seu filho?”.

E seguiu: “Já protocolamos na CPMI do INSS novo pedido de convocação. Vamos ver se a base lulista vai blindar o Lulinha de novo ou se, dessa vez, vão concordar com o seu depoimento para explicar a mesada de R$ 300 mil por mês!”

Na quinta-feira 18, ao se manifestar sobre o caso — que envolveu a prisão de Adroaldo Portal, secretário executivo da Previdência e número dois da Previdência, e buscas contra o senador Weverton Rocha (PDT-MA), vice-líder de Lula —, o presidente disse que “se tiver filho meu metido nisso, vai ser investigado, se tiver o Haddad, Rui Costa, vai ser investigado”.

Ao comentar a declaração de Lula, o deputado Luiz Lima (Novo-SC) perguntou se o presidente vai orientar o PT a votar a favor da convocação ou “será só mais uma bravata vazia”.

O envolvimento de Lulinha com as fraudes no INSS

Conforme decisão judicial que embasou a operação desta quinta-feira, Antônio Carlos Camilo Antunes, conhecido como Careca do INSS, teria transferido cinco vezes R$ 300 mil para uma empresa de Roberta Luchsinger, amiga de Fábio. Em mensagens analisadas pela Polícia Federal, o empresário indica que o destino do dinheiro seria “o filho do rapaz”, sem detalhar a identidade.

O nome de Fábio Luís não aparece nos autos e não há investigação formal contra ele, segundo a PF. Uma das conversas mostra Roberta Luchsinger tentando acalmar Careca do INSS: “Na época do Fábio falaram de Friboi, de um monte de coisa o maior… igual agora com você”, relatou. Em 2015, Fábio processou políticos que ligaram seu nome à Friboi.

O requerimento foi assinado pelos deputados Marcel van Hattem (RS), Adriana Ventura (SP), Luiz Lima (RJ) e pelo senador Eduardo Girão (CE). Os parlamentares ressaltam que o ato de convocação não significa julgamento antecipado, mas atende ao dever constitucional de fiscalização.

Van Hattem também protocolou um pedido de prorrogação da CPMI por mais 120 dias. Segundo ele, as informações obtidas com a nova fase da Operação Sem Desconto indicam a necessidade de mais prazo. O prazo atual previsto para a conclusão da comissão é 28 de março. “Com a operação deflagrada hoje pela Polícia Federal por ordem do ministro André Mendonça, incluindo 16 decretações de prisões, e o final das investigações no Congresso previsto para 28 de março de 2026, é fundamental alargarmos o prazo de investigações da nossa CPMI do INSS”, afirmou o parlamentar.

Ele pede que os eleitores cobrem deputados e senadores para que assinem com urgência o requerimento de prorrogação. “Precisamos de 171 assinaturas na Câmara e 27 no Senado”, esclareceu. Ele e Girão gravaram um vídeo no qual reforçam o pedido.

Moraes autoriza PF a interrogar Bolsonaro sobre cofres do Alvorada

Ministro do STF marca para 30 de dezembro novo depoimento do ex-presidente, depois de pedido da Polícia Federal

Lucas Cheiddi

Bolsonaro cumpre pena de 27 anos e 3 meses de prisão por suposta tentativa de golpe | Foto: Fabio Rodrigues-Pozzebom/Agência Brasil

Nesta quinta-feira, 18, o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), autorizou a Polícia Federal (PF) a realizar um novo interrogatório com o ex-presidente Jair Bolsonaro. O depoimento deve ocorrer em 30 de dezembro, conforme agenda oficial.

A investigação busca esclarecer a procedência de bens achados em dois cofres no Palácio da Alvorada, abertos em 25 de junho, depois de solicitação da Presidência da República à Polícia Federal. O caso ocorre no âmbito do processo em que Bolsonaro foi condenado a 27 anos por tentativa de golpe de Estado.

Justificativa para o novo depoimento de Bolsonaro
O ministro Alexandre de Moraes participa da sessão plenária do STF um dia depois de concluir a ação contra o ex-presidente Jair Bolsonaro e demais réus do núcleo 1 da suposta tentativa de golpe — 26/11/2025 | Foto: Ton Molina/FotoArena/Estadão Conteúdo

A Polícia Federal argumentou ao relator da ação que, em razão da presença de documentos pessoais do ex-presidente entre os itens encontrados, “faz-se necessária a realização de oitiva do mesmo, para que se manifeste sobre a propriedade e origem de tais bens”, conforme registrado na decisão.

O depoimento de Bolsonaro deverá ocorrer na Superintendência da Polícia Federal, em Brasília, onde ele está preso, programado para a manhã da véspera de ano-novo, entre 9h e 11h. O ex-presidente está sob prisão preventiva desde 22 de novembro.

Os advogados de Bolsonaro continuam com a tentativa de permissão para realização de cirurgia, sob alegação de necessidade de correção de hérnia inguinal bilateral e outros procedimentos. Moraes ainda não se manifestou sobre o pedido, mas determinou o envio dos exames e laudos ao Instituto Nacional de Criminalística. Peritos médicos do órgão devem avaliar o conteúdo.

Dino manda PF fazer operação contra Sóstenes e Jordy

Ministro do STF manda investigar deputados por suposto peculato e lavagem de dinheiro

Luis Batistela

A ordem partiu do ministro Flávio Dino | Foto: Gustavo Moreno/STF

A Polícia Federal (PF) realizou nesta sexta-feira, 19, uma operação contra o desvio de recursos públicos vinculados às cotas parlamentares. Entre os alvos estão os deputados Sóstenes Cavalcante (PL-RJ) e Carlos Jordy (PL-RJ). A ordem partiu do ministro Flávio Dino, do Supremo Tribunal Federal (STF).

A Operação Galho Fraco cumpre sete mandados de busca e apreensão no Rio de Janeiro e no Distrito Federal. Os agentes apuram suspeitas de envolvimento de políticos com mandato, servidores, comissionados e empresários.

Segundo as autoridades, o grupo teria atuado de forma articulada para desviar verbas públicas e ocultar os valores obtidos de maneira ilícita. Os investigadores afirmam haver indícios de crimes como peculato, lavagem de dinheiro e organização criminosa.

Conforme apuração da TV Globo, Sóstenes e Jordy estão entre os alvos da ofensiva. A operação é um desdobramento da Rent a Car, deflagrada em dezembro de 2024.

Jordy se manifesta sobre operação da PF

A operação apura contratos da empresa Harue Locação de Veículos LTDA., que, segundo Jordy, presta serviços a vários parlamentares, incluindo Sóstenes.

No entanto, o deputado afirma que a ação configura uma “pesca probatória” do STF, isto é, uma manobra para intimidar opositores do governo e expô-los publicamente sem provas concretas.

“A alegação deles é tosca”, argumentou. “Dizem que chama muito a atenção o número de veículos dessa empresa, que aluga para vários outros deputados também. Afirmaram que as outras empresas possuem mais de 20 veículos em suas frotas, e a Harue tem apenas cinco, por isso seria uma empresa de fachada.”

Por fim, Jordy concluiu que a ofensiva do STF servirá apenas como combustível para seguir com suas pautas no Congresso. “Vai ser mais um instrumento de ânimo para enfrentar essa tirania, essa ditadura do Judiciário, que persegue seus adversários utilizando o aparato da Justiça”.

Quem assume as vagas depois de cassações de Eduardo e Ramagem

Mudança na Câmara ocorre diante de decisões que resultaram na cassação dos dois parlamentares

Yasmin Alencar

Dr. Flávio e Missionário José Olímpo | Foto: Reprodução/Câmara dos Deputados

Depois de decisões judiciais que resultaram na cassação dos mandatos de Eduardo Bolsonaro e Alexandre Ramagem, os suplentes Olimpio e Dr Flávio assumem vagas na Câmara dos Deputados. Olimpio, que mantém ligação com a Igreja Mundial do Poder de Deus, já integrou partidos como PP, DEM e União. Em 2021, ele foi condenado pela Justiça de São Paulo a pagar R$ 225 mil como fiador de uma unidade da igreja, por causa de aluguéis em atraso desde 2018.

Dr Flávio retorna à Câmara depois já ter exercido mandato anteriormente, entre 7 de maio e 4 de setembro de 2024. Sua atuação anterior incluiu participação na bancada negra da Casa, grupo criado em novembro de 2023. Um de seus atos como deputado foi a assinatura para instalar uma CPI com o objetivo de investigar condutas arbitrárias de membros do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e do Supremo Tribunal Federal (STF). O pedido ainda depende de decisão do presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB).

Motivos para a cassação dos titulares na Câmara

A cassação de Eduardo ocorreu depois que ele somou 59 faltas, ultrapassando o limite permitido pela Constituição Federal. De acordo com a legislação, deputados e senadores perdem o mandato caso faltem a mais de 33% das sessões ordinárias, exceto em caso de missão oficial ou licença, conforme também prevê o Código de Ética e Decoro Parlamentar.

No caso de Ramagem, o STF determinou a perda de seu mandato. A Mesa Diretora avaliou que, estando fora do país, ele não compareceria mais às sessões, excedendo assim o limite de ausências. Em defesa enviada ao Parlamento, Ramagem alegou ser alvo de “perseguição política” e argumentou que a decisão do STF não deveria resultar em sua cassação. Segundo ele, o procedimento para a perda do mandato “encontra-se viciado desde a sua origem, comprometido por nulidade absoluta, decorrente da inobservância deliberada do rito”.

Marsiglia vê inconstitucionalidade em cassações de Ramagem e Eduardo

Jurista afirma que decisões violam o art. 55 da Constituição, usurpam competência do plenário e ignoram garantias de ampla defesa

Lucas Cheiddi
Eduardo Bolsonaro e Alexandre Ramagem vivem nos Estados Unidos | Foto: Reprodução/Redes sociais

A decisão da Mesa Diretora da Câmara dos Deputados de declarar a perda dos mandatos de Alexandre Ramagem (PL-RJ) e Eduardo Bolsonaro (PL-SP) provocou reação no meio jurídico. Em análise divulgada nas redes sociais nesta quinta-feira, 18, o advogado constitucionalista e jurista André Marsiglia classificou os atos como inconstitucionais e argumentou sobre a violação direta ao artigo 55 da Constituição Federal (CF).

No caso de Ramagem, a Mesa fundamentou a cassação em condenação criminal no Supremo Tribunal Federal (STF). Para Marsiglia, porém, o argumento não se sustenta.

Segundo ele, a ação penal foi cindida, o que impede o reconhecimento de condenação definitiva do parlamentar. “Como a ação penal foi cindida, não houve condenação definitiva do parlamentar”, explicou o jurista. “O trânsito em julgado alcançou apenas parte do processo, permanecendo outra parte suspensa.”

Marsiglia sustenta que a perda de mandato é uma sanção extrema e exige interpretação restritiva da Constituição. “Trânsito em julgado parcial não autoriza cassação”, escreveu.

Além disso, destacou que a Constituição é clara ao reservar ao plenário da Câmara a decisão nesses casos. “O art. 55, §2º, da Constituição é explícito ao exigir que, nos casos de condenação criminal, a perda do mandato seja decidida pelo Plenário da Câmara, por maioria absoluta”, disse. “Nada disso ocorreu.”

Marsiglia analisa o caso de Eduardo Bolsonaro

André Marsiglia é advogado constitucionalista, professor, palestrante e comentarista político | Foto: Reprodução/Redes sociais

Já no caso de Eduardo Bolsonaro, a Mesa declarou a perda do mandato com base em faltas reiteradas às sessões legislativas. Embora a Constituição permita que a Mesa declare a cassação nessa hipótese, Marsiglia afirma que a Câmara desrespeitou uma condição essencial.

“Nos casos de perda de mandato por faltas, a Constituição permite que a perda seja declarada pela Mesa, desde que assegurada ampla defesa”, lembrou, ao citar o inciso III do art. 55.

Para o advogado, a ausência de contraditório torna o ato inválido. “Não se admite cassação automática ou unilateral”, avaliou Marsiglia. “A ausência de contraditório torna o ato inconstitucional.”

Ao final da análise, Marsiglia concluiu que “a Câmara viola a Constituição e sua própria autonomia” ao afastar deputados sem observar os ritos constitucionais.

Eduardo Bolsonaro minimiza perda de mandato: “Medalha de honra"

Ex-deputado federal afirmou que decisão é injusta por não ter cometido crime

Por Ane Catarine
Ex-depuatdo federal Eduardo Bolsonaro - Foto: Vinícius Loures/Câmara dos Deputados

Logo após perder o mandato de deputado federal, na noite de quinta-feira (18), Eduardo Bolsonaro (PL-SP) usou as redes sociais para afirmar que “valeu muito a pena” ter se afastado das funções da Câmara dos Deputados para se autoexilar nos Estados Unidos em busca do que chamou de “consequências reais para ditadores”.

Segundo ele, a cassação confirmada pelo presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), representaria uma “medalha de honra”, e não uma punição.

“Tem gente que diz que estou nos Estados Unidos por opção, mas digo que valeu a pena. Valeu muito a pena ter conseguido, pela primeira vez, levar consequências reais para esses ditadores. Para mim, o que fica é uma medalha de honra, e não a perda de um mandato”, afirmou.Eduardo Bolsonaro - Ex-deputado federal pelo PL

Eduardo Bolsonaro vive nos Estados Unidos desde fevereiro deste ano, quando intensificou as críticas ao Supremo Tribunal Federal (STF) na tentativa de barrar o julgamento do pai, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), por participação na trama golpista.

Antes da condenação de Jair Bolsonaro a mais de 27 anos de prisão por tentativa de golpe de Estado e outros crimes, Eduardo atuou para articular junto ao governo norte-americano sanções contra ministros do STF e contra produtos brasileiros.

Apesar desse movimento, o ex-deputado afirmou que a cassação é injusta, sob o argumento de que não cometeu crime.

“Cassaram meu mandato não por corrupção ou por terem encontrado dinheiro na minha cueca. Muito pelo contrário, cassaram meu mandato por eu fazer exatamente aquilo que meus eleitores esperam de mim”, completou.

Entenda

Eduardo Bolsonaro acumulou 59 ausências não justificadas em sessões deliberativas do plenário. A Constituição prevê a perda de mandato para parlamentares que se ausentem a mais de um terço das sessões.

A decisão do presidente da Câmara, Hugo Motta, foi publicada no Diário Oficial da Casa e não contou com o aval de parte dos integrantes da Mesa Diretora, que foram substituídos por suplentes eleitos.

Não assinaram a decisão Altineu Côrtes (PL-RJ), 1º vice-presidente; Elmar Nascimento (União-BA), 2º vice-presidente; Sergio Souza (MDB-PR), 4º secretário; e Paulo Alexandre Barbosa (PSDB-SP), 4º suplente.

Novas regras mudam processo de compra e venda de veículos no Brasil

A intenção é tornar o procedimento menos burocrático

Por Victoria Isabel
A informação foi divulgada pelo secretário-executivo do Ministério dos Transportes - Foto: Reprodução / Assoveba

Mudanças no processo de compra e venda de veículos no Brasil devem ser anunciadas pelo governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em 2026. A informação foi divulgada pelo secretário-executivo do Ministério dos Transportes, George Santoro.

Segundo Santoro, a intenção é lançar a transação de venda entre particulares entre janeiro e fevereiro, tornando o procedimento menos burocrático. “Vamos lançar a transação de venda entre particulares entre janeiro e fevereiro. Hoje, é uma operação inacreditavelmente burocrática”, afirmou em entrevista à EXAME Infra.

Ele destacou que o modelo atual, que exige deslocamento até cartórios, gera insegurança para ambas as partes envolvidas.

Novo formato

No novo formato, o comprador fará o pagamento, mas o valor só será liberado ao vendedor após a transferência da documentação do veículo. Atualmente, alguns Detrans já permitem a realização digital da compra e venda, porém a proposta do governo é padronizar o procedimento em todo o território nacional.

A iniciativa segue a mesma linha das mudanças adotadas na nova CNH e tem como objetivo reduzir a burocracia e ampliar o acesso da população aos serviços públicos. “O Brasil precisa usar a tecnologia para reduzir custos e, com esses produtos, promover inclusão social”, completou o secretário.

Santoro também defendeu a simplificação de etapas como a vistoria veicular, sugerindo que o próprio cidadão possa realizar o procedimento.

“A autovistoria, por exemplo. Você não faz quando contrata um seguro? Por que os Detrans não aceitam? Se a seguradora, que é um dos setores mais conservadores, aceita, por que o Detran não aceitaria? É só conferir. Se estiver ruim, rejeita e pede para fazer de novo”, concluiu.

Flamengo se movimenta nos bastidores para comprar Neymar para 2026

Clube carioca monitora situação do atacante enquanto Santos tenta renovar contrato

Por Marina Branco
Neymar, camisa 10 do Santos - Foto: Raul Baretta | Santos FC

O Santos ficou na Série A, e todo santista já espera que Neymar integre o time no ano que vem - mas não vai ser necessariamente assim.

O futuro de Neymar segue movimentando os bastidores do futebol brasileiro, e um novo personagem entrou no cenário. Segundo informações do jornalista Matteo Moretto, do jornal espanhol Marca, o Flamengo campeão do Brasileirão e da Libertadores estaria atuando para tentar convencer o atacante a defender o clube rubro-negro a partir de 2026.

Jogadores do elenco rubro-negro teriam iniciado conversas informais com Neymar, apresentando o projeto esportivo do clube carioca e tentando seduzir o atacante com a possibilidade de disputar grandes competições como a Libertadores em um ambiente altamente competitivo.

Apesar das movimentações, o Santos, atual clube do jogador, segue confiante na permanência do camisa 10. A diretoria santista mantém negociações em andamento para renovar o vínculo e já teria um acordo verbal com o atleta, embora ainda sem assinatura oficial.

A intenção do Peixe é manter Neymar no clube até a Copa do Mundo de 2026, grande objetivo do jogador desde que voltou ao futebol brasileiro em janeiro de 2025.

Copa do Mundo chegando

A proximidade do Mundial disputado em junho do ano que vem torna o tema ainda mais sensível. O planejamento de Neymar e de sua equipe prioriza estabilidade, sequência de jogos e bom desempenho físico, fatores considerados essenciais para chegar em alto nível à Seleção Brasileira.

Nesse contexto, o Flamengo surge como uma alternativa capaz de oferecer visibilidade, estrutura e competitividade. A boa relação pessoal do jogador com alguns atletas do elenco rubro-negro pode ser um elemento que pode pesar nas conversas, ainda que nada tenha avançado para uma negociação formal.

Contrato por produtividade

No entanto, Neymar enfrentou um problema em 2025 que o Flamengo tenta driblar. Vivendo uma sequência de muitas lesões, o atacante desfalcou o time algumas vezes. No Flamengo, no entanto, entre os pontos avaliados pelo estafe de Neymar está a possibilidade de um contrato por produtividade.

Esse modelo atrela parte da remuneração a desempenho, presença em campo e metas esportivas. A proposta agradaria ao jogador por permitir flexibilidade e estimular rendimento competitivo.

Tanto Flamengo quanto Santos buscam alinhar seus projetos às necessidades do atleta, cada um oferecendo argumentos distintos. Enquanto o Peixe aposta na identificação do jogador que revelou, no protagonismo e no vínculo afetivo, o Rubro-Negro destaca a força do elenco, o calendário internacional e a ambição por títulos.
quinta-feira, 18 de dezembro de 2025

Flávio Bolsonaro, sobre aprovação do PL da Dosimetria: '1° degrau'

Texto aprovado pelo Senado reduz penas de condenados pelo 8 de janeiro

Mateus Conte
Senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) lançou sua candidatura à Presidência da República na semana passada | Foto: Carlos Moura/Agência Senado

O senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) classificou como “primeiro degrau” a aprovação, pelo Senado Federal, do Projeto de Lei da Dosimetria, que reduz as penas dos condenados pelos atos de 8 de janeiro. A proposta foi aprovada na noite desta quarta-feira, 17, por 48 votos a favor, 25 contrários e uma abstenção, e segue agora para a sanção do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

No entanto, o pré-candidato à Presidência da República avalia que o texto aprovado não era o ideal. “Não era exatamente o que a gente queria, não era o que a gente estava batalhando, mas é o que era possível nessa conjuntura de composição do Congresso Nacional, nessa conjuntura de interferência de forças externas dentro do poder legislativo”, disse Flávio.

Ele ainda criticou as condenações impostas pela 1ª Turma do STF. Segundo ele, “não era nem pra gente estar discutindo dosimetria e nem anistia”, mas sim “a anulação dessa farsa que foi esse processo todo”.

O senador comparou o julgamento à rivalidade esportiva. “Como se um grupo, uma turma composta de argentinos fosse decidir quem foi o melhor jogador do mundo, se foi Pelé ou se foi Maradona”, afirmou. Para Flávio, o resultado do processo já estaria definido “muito antes do processo começar”, independentemente das provas.
Plenário do Senado Federal I Foto: Edilson Rodrigues/Agência Senado

Ao final, disse que a história ainda será revisitada “para que a gente faça justiça de verdade a essas pessoas” e que a direita continuará sua luta “pela redemocratização do nosso Brasil”.

Flávio foi um dos principais articuladores do PL da Dosimetria no Congresso, revelou Oeste em novembro. O senador assumiu a condução das negociações em uma ação conjunta ao governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, para destravar a proposta. A articulação incluiu conversas com o relator da matéria na Câmara dos Deputados, Paulinho da Força (Solidariedade-SP), além de lideranças do centrão, em meio a impasses sobre o conteúdo final do texto.

O que muda com o PL da Dosimetria

O PL da Dosimetria altera a Lei de Execução Penal ao fixar novas condições e porcentuais mínimos para a progressão de regime. Pela legislação vigente, a progressão pode ocorrer depois do cumprimento de 25% da pena. Com o novo texto, esse porcentual cai para 16% (equivalente a um sexto da pena) desde que não se trate de crimes hediondos, feminicídio, constituição de milícia privada ou reincidência específica.

Na prática, conforme o texto aprovado, Jair Bolsonaro, condenado a 27 anos de prisão pela 1ª Turma do Supremo Tribunal Federal (STF), cumpriria dois anos e quatro meses em regime fechado antes de progredir.

Além disso, o projeto altera a forma de cálculo das penas nos casos de concurso de crimes. Em vez da soma aritmética integral das penas, passa a ser priorizada a pena mais grave, com acréscimo proporcional. Defensores da proposta argumentam que o mecanismo anterior levou a condenações consideradas desproporcionais.

PL da Dosimetria: derrotada, esquerda aciona STF e garante veto de Lula

PT, PSB, PCdoB e Psol entram com ação para suspender projeto aprovado pelo Congresso

Mateus Conte
Lindbergh Farias, líder do PT na Câmara | Foto: Lula Marques/Agência Brasil

Lideranças do PT, PSB, PCdoB e Psol protocolaram na noite desta quarta-feira, 17, no Supremo Tribunal Federal (STF), um mandado de segurança para pedir a suspensão da aprovação do Projeto de Lei (PL) da Dosimetria pelo Congresso Nacional. A ação foi direcionada ao ministro Alexandre de Moraes.

O mandado de segurança é um instrumento judicial usado para proteger direito líquido e certo quando não há outro meio eficaz para isso. No documento, os parlamentares sustentam que a tramitação do projeto apresentou “vícios formais graves”, como a violação ao devido processo legislativo, conjunto de regras que disciplinam como uma lei deve ser discutida e aprovada.

A ação é assinada pelo líder do PT na Câmara, Lindbergh Farias (PT-RJ), e pelos deputados Pedro Campos (PSB-PE), Renildo Calheiros (PCdoB-PE) e Talíria Petrone (Psol-RJ). Segundo eles, a emenda apresentada e aprovada na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado foi classificada como “emenda de redação” de forma indevida. Para os partidos, a proposta promoveu alteração substancial de mérito ao modificar critérios de execução penal e excluir centenas de tipos penais do alcance da norma.

Os parlamentares também afirmam que houve supressão indevida do prazo regimental de vista na CCJ do Senado. O prazo de vista é o período concedido aos parlamentares para analisar uma matéria antes da votação. De acordo com a ação, esse prazo foi retirado sem a adoção de regime de urgência e sem justificativa objetiva, o que, segundo os autores, restringiu o debate parlamentar e violou prerrogativas das minorias.

Gleisi garante que Lula vai vetar PL da Dosimetria

A iniciativa das bancadas de esquerda no STF ocorre em sintonia com a atuação do governo federal, que passou a tratar o tema em duas frentes distintas: a judicial e a política. Enquanto parlamentares aliados acionam a Corte para questionar a tramitação do projeto no Congresso, o Palácio do Planalto já sinaliza que, mesmo em caso de manutenção do texto aprovado, o PL da Dosimetria será barrado por veto presidencial.

Depois da aprovação da proposta no plenário do Senado, a ministra-chefe da Secretaria de Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, afirmou que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva vetará o projeto. Em publicação nas redes sociais, ela disse que a redução das penas do ex-presidente Jair Bolsonaro e de outros condenados representaria “um desrespeito à decisão do STF” e “um grave retrocesso na legislação que protege a democracia”.

Gleisi também criticou a condução da matéria na CCJ do Senado. Segundo a ministra, a atuação da liderança do governo no colegiado “foi um erro lamentável”, por ter contrariado a orientação do Executivo, que, de acordo com ela, “desde o início foi contrária à proposta”.

EUA bombardeiam outra embarcação no Pacífico

Ataque integra ofensiva militar norte-americana contra rotas marítimas consideradas estratégicas

Fábio Bouéri
Imagem de nova ofensiva liderada pelo Comando Sul dos EUA | Foto: Reprodução/Redes sociais

Os Estados Unidos (EUA) realizaram, nesta quarta-feira, 17, um novo ataque militar contra uma embarcação no Oceano Pacífico. A ação resultou na morte de quatro pessoas, segundo informações divulgadas por autoridades militares norte-americanas. A manobra ocorreu em águas internacionais e faz parte de uma ofensiva mais ampla conduzida por Washington contra alvos considerados suspeitos de atuar em rotas marítimas ilícitas.

De acordo com o Comando Sul das Forças Armadas dos EUA, a embarcação estava sob monitoramento de sistemas de inteligência e se projetou como ameaça à segurança regional. O ataque foi feito depois de uma avaliação de que o navio estaria ligado a atividades criminosas transnacionais, incluindo o transporte ilegal de cargas. Nenhum militar norte-americano ficou ferido durante a operação.

EUA: objetivo é desarticular redes criminosas

O bombardeio se soma a outras ações recentes realizadas no Pacífico e no Caribe, regiões estratégicas para o tráfego marítimo internacional. O governo dos EUA sustenta que essas operações visam a desarticular redes que utilizam o mar para movimentar drogas, armas e recursos financeiros, considerados fontes de financiamento de organizações criminosas e grupos hostis aos interesses dos EUA.

Autoridades de Defesa afirmam que a campanha se intensificou principalmente nos últimos meses e já incluiu dezenas de intervenções semelhantes. Segundo o discurso oficial, o uso da força é necessário diante da dificuldade de interceptação dessas embarcações por meios convencionais e da resistência apresentada por seus ocupantes.

A operação, no entanto, gerou críticas de especialistas em Direito Internacional e de organizações de direitos humanos. Esses grupos questionam a legalidade dos bombardeios em águas internacionais e alertam para o risco de mortes sem o devido processo legal.

O governo dos Estados Unidos reafirmou que continuará adotando medidas militares para proteger suas rotas comerciais e conter atividades ilícitas no mar. Segundo autoridades, novas operações não estão descartadas, enquanto persistirem ameaças consideradas relevantes à segurança nacional e regional.

Trump faz balanço do 1º ano de mandato: 'Fomos do pior para o melhor'

Presidente cita queda da inflação e endurecimento na política migratória

Mateus Conte

O presidente dos EUA, Donald Trump, participa da Cúpula de Energia e Inovação da Pensilvânia, na Universidade Carnegie Mellon, em Pittsburgh, Pensilvânia, EUA – 15/72025 | Foto: Nathan Howard/Reuters

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, fez nesta quarta-feira, 17, um balanço dos primeiros 11 meses de seu mandato, em discurso dirigido à população. Ao avaliar o cenário herdado do governo anterior e as medidas adotadas desde que tomou posse, Trump afirmou que o país passou “do pior para o melhor” em menos de um ano e destacou resultados na economia, na política migratória, na segurança pública e na atuação internacional.

Segundo o presidente, ao assumir o cargo encontrou um país em situação crítica. “Há 11 meses, herdei uma bagunça e estou consertando”, declarou. Trump afirmou que a inflação era a pior em 48 anos, “e alguns diriam na história do nosso país”, o que tornou a vida “inacessível para milhões e milhões de norte-americanos”.

Trump também atribuiu à gestão anterior a abertura das fronteiras e a entrada irregular de milhões de imigrantes. “Nossa fronteira estava aberta, e, por causa disso, nosso país estava sendo invadido por um exército de 25 milhões de pessoas”, disse. O presidente afirmou que entre esses imigrantes havia criminosos, como mais de 10 mil assassinos.

Governo destaca fechamento da fronteira e queda da criminalidade

Ao tratar das medidas adotadas, Trump afirmou que uma de suas primeiras ações foi endurecer a política migratória. “A partir do primeiro dia, tomei medidas imediatas para parar a invasão da nossa fronteira sul”, disse. Segundo o presidente, nos últimos sete meses “zero imigrantes ilegais foram autorizados a entrar no nosso país”, resultado que classificou como algo que “todos disseram ser absolutamente impossível”.

O presidente afirmou que não foi necessária nova legislação para fechar a fronteira. “Como se viu, não precisávamos de legislação, só precisávamos de um novo presidente”, declarou. Trump disse que a fronteira passou de “a pior do mundo” para “a mais forte da história do nosso país”.

No campo da segurança pública, o presidente afirmou que o governo deporta criminosos e restaura a segurança em grandes cidades. Como exemplo, citou Washington, D.C., que atingiu “níveis de segurança que nunca vimos antes”. Trump também afirmou que seu governo enfraqueceu cartéis internacionais de drogas e que a entrada de entorpecentes por rotas marítimas caiu 94%.

Trump exalta recuo da inflação e alta do emprego privado

Grande parte do discurso foi dedicada à economia. Trump afirmou que seu governo reverteu a alta de preços registrada nos anos anteriores. Ele recordou que, durante o governo Biden, os preços dos carros subiram mais de 20% e chegaram a 30% em alguns Estados, enquanto a gasolina aumentou entre 30% e 50%. Hotéis, passagens aéreas e alimentos também tiveram altas expressivas, de acordo com o presidente.

Trump afirmou que esses preços estão em queda. Como exemplo, citou o preço do peru de Ação de Graças, que caiu 30% em comparação ao ano anterior, enquanto o preço dos ovos recuou 80% desde março. “Tudo o mais está caindo rapidamente”, disse.

O presidente também afirmou que os salários voltaram a crescer acima da inflação. Segundo ele, sob a administração anterior, os salários reais caíram cerca de US$ 3 mil. Já sob seu governo, um trabalhador típico da indústria recebe um aumento de US$ 1,3 mil, enquanto trabalhadores da construção teriam ganhos de US$ 1,8 mil. Trump também afirmou que há mais pessoas empregadas do que em qualquer outro momento da história do país e que 100% dos empregos criados desde o começo de seu mandato estão no setor privado.

Trump declarou ainda ter assegurado US$ 18 trilhões em novos investimentos para os EUA, resultado que atribuiu, em parte, à política de tarifas. “Se as empresas constroem na América, não há tarifas”, afirmou. Segundo o presidente, isso tem levado companhias a retornarem ao país e a construirem fábricas em setores como automóveis e inteligência artificial.

China reforça apoio estratégico à Venezuela

Durante a ligação, ocorrida nesta quarta-feira, 17, o chanceler chinês destacou a longa relação de confiança entre os dois países

Yasmin Alencar
Wang Yi | Foto: Reprodução/U.S. Mission to International Organizations in Vienna

Em meio à intensificação das tensões entre Venezuela e Estados Unidos, o ministro das Relações Exteriores da China, Wang Yi, telefonou ao chanceler venezuelano, Yván Gil, para reiterar o comprometimento estratégico de Pequim com o governo de Nicolás Maduro. Durante a ligação, ocorrida nesta quarta-feira, 17, Wang destacou a longa relação de confiança entre os dois países e criticou o que classificou como “bullying unilateral” praticado por potências estrangeiras, numa referência direta às ações dos EUA.

O chefe da diplomacia chinesa reforçou o apoio de Pequim à defesa da soberania e da dignidade da Venezuela e manifestou oposição ao unilateralismo, conforme nota oficial do Ministério das Relações Exteriores chinês. A conversa, solicitada por Caracas, se deu em meio ao aumento de pressões diplomáticas e econômicas lideradas pelo governo de Donald Trump, que tem intensificado operações militares e restrições econômicas contra o país caribenho.

Tensões crescentes e posicionamento da China

Desde o início de setembro, autoridades norte-americanas têm promovido ataques a embarcações no Pacífico sob suspeita de envolvimento com o tráfico de drogas, além de ampliar a presença militar na região e bloquear petroleiros venezuelanos como parte das sanções impostas pelos EUA. Wang Yi ressaltou, na ligação, que a Venezuela tem o “direito de desenvolver de forma independente a cooperação mutuamente benéfica com outros países”. “A China acredita que a comunidade internacional compreende e apoia a posição da Venezuela na defesa de seus direitos e interesses legítimos.”

O posicionamento chinês também evidencia a importância do petróleo venezuelano para Pequim, que mantém a importação do produto apesar das restrições dos EUA. Por sua vez, Yván Gil comunicou a Wang que o governo de Maduro “não aceitará ameaças de nenhuma força hegemônica”.

Vice-líder de Lula no Senado é alvo da PF em operação sobre fraudes no INSS

Mandados atingem seis Estados e o DF; investigação indica fraudes contra aposentados do INSS

Luis Batistela

O senador Weverton Rocha (PDT-MA) | Foto: Reprodução/Internet

A Polícia Federal (PF) incluiu o senador Weverton Rocha (PDT-MA) entre os alvos da nova etapa da Operação Sem Desconto, deflagrada nesta quinta-feira, 18. A investigação apura fraudes envolvendo descontos associativos aplicados a aposentados e pensionistas do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). Rocha é vice-líder do governo Lula no Senado Federal.

O Supremo Tribunal Federal (STF) autorizou 52 mandados de busca e apreensão e 16 ordens de prisão preventiva, além de outras medidas cautelares.

Entre os alvos está Romeu Carvalho Antunes, filho e sócio do empresário Antônio Camilo Antunes, o Careca do INSS. Romeu também tinha autorização para movimentar contas bancárias de uma das empresas do pai, investigada por participação no esquema de fraudes previdenciárias.

As ações ocorrem no Distrito Federal e em seis Estados: Maranhão, São Paulo, Minas Gerais, Pernambuco, Rio Grande do Norte e Paraíba.

Segundo a PF, o objetivo da ofensiva é “esclarecer a prática dos crimes de inserção de dados falsos em sistemas oficiais, constituição de organização criminosa, estelionato previdenciário e atos de ocultação e dilapidação patrimonial”.

CPMI do INSS questionou ligação entre Weverton e grupo acusado de fraudes

Weverton Rocha entrou na mira da CPMI do INSS em setembro deste ano. Durante os trabalhos, a comissão destacou o papel de Gustavo Marques Gaspar, ex-assessor de Rocha, considerado peça de ligação entre o senador e o grupo operacional acusado de fraudes.

Segundo o portal Metrópoles, Gaspar entregou uma procuração ao consultor Rubens Oliveira Costa, chamado de “homem da mala”. A ação motivou questionamentos sobre proximidade do grupo político de Rocha com operadores financeiros investigados.

Na ocasião, a equipe do senador negou qualquer irregularidade e afirmou que ele não mantinha relação profissional com Gaspar. Ainda em setembro, em depoimento à CPMI, Rubens Costa confirmou encontros com Gaspar. No entanto, ele evitou informar se houve pagamentos indevidos ou repasses ilícitos ligados ao parlamentar.

Número 2 da Previdência de Lula é preso em operação no INSS

Ação mira esquema que atingiu benefícios de aposentados e pensionistas em vários Estados

Erich Mafra
Adroaldo Portal é o número 2 da Previdência do governo Lula | Foto: Edilson Rodrigues/ Agência Senado

A Polícia Federal prendeu, nesta quinta-feira, 18, o secretário-executivo do Ministério da Previdência, Adroaldo Portal. A corporação cumpriu a ordem durante nova etapa da operação Sem Desconto, que apura fraudes ligadas a cobranças associativas aplicadas a beneficiários do INSS.

De acordo com a CNN, a Justiça determinou o afastamento de Portal da função. A decisão também impôs o cumprimento de prisão domiciliar, segundo informações apuradas por investigadores que acompanham o caso.

A ofensiva ocorre com autorização do Supremo Tribunal Federal (STF). As medidas incluem prisões preventivas, buscas e restrições cautelares contra suspeitos de integrar um esquema estruturado para manipular dados e obter vantagens indevidas.

PF cumpre mandados em 6 Estados contra fraudes no INSS

No total, a operação cumpre 52 mandados de busca e apreensão e 16 ordens de prisão preventiva. As diligências alcançam São Paulo, Paraíba, Rio Grande do Norte, Pernambuco, Minas Gerais e Maranhão, além do Distrito Federal.

De acordo com a Polícia Federal, o foco da apuração envolve a inserção de informações falsas em sistemas oficiais, atuação coordenada de organização criminosa, estelionato previdenciário e práticas voltadas à ocultação e dilapidação de patrimônio. O inquérito segue em andamento.

Além de Portal, a nova fase da operação mira o senador Weverton Rocha (PDT-MA) e Romeu Carvalho Antunes, filho do empresário Antônio Camilo Antunes, conhecido como “Careca do INSS”.

Senador do PT diz que votou a favor da dosimetria na CCJ por engano

Votação teve registro no aplicativo do Senado e, segundo Fabiano Contarato (PT-ES), equívoco foi logo comunicado à presidência da comissão

Lucas Cheiddi
O senador Fabiano Contarato (PT-ES) | Foto: Divulgação/Ag. Senado

Um erro de votação marcou a sessão da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado nesta quarta-feira, 17, quando o senador Fabiano Contarato (PT-ES) manifestou apoio ao Projeto de Lei da Dosimetria, embora alegue ter se posicionado de forma contrária ao texto. A votação teve registro no aplicativo do Senado e, segundo o parlamentar, o equívoco foi logo comunicado à presidência da comissão para ser corrigido no painel.

A proposta aprovada no colegiado por 17 votos favoráveis e sete contrários prevê mudanças nos critérios para definir penas de condenados por tentativa de golpe de Estado. Ela pode beneficiar o ex-presidente Jair Bolsonaro, cuja pena é atualmente de 27 anos e três meses de prisão. Mesmo sem o voto de Contarato, o resultado da apreciação permaneceria inalterado e o projeto seguiria para análise do plenário, onde os senadores também aprovaram, posteriormente.

Senador do PT explica erro e reforça posição contrária

Fachada do Congresso Nacional, a sede das duas Casas do Poder Legislativo brasileiro | Foto: Jefferson Rudy/Agência Senado

Em seu perfil no Instagram, o senador afirmou que lutou “para que o projeto fosse derrubado ou que a discussão fosse, pelo menos, adiada”. “No entanto, por engano, no momento da votação, registrei no aplicativo do Senado um voto diferente à minha convicção e já procurei a Presidência da CCJ para retificar no painel”, explicou Fabiano Contarato.

Com tramitação em regime de urgência, o texto teve apreciação do plenário do Senado ainda nesta quarta-feira, 17. Ele vai agora para sanção ou veto do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, depois de receber 48 votos favoráveis, 25 contrários e uma abstenção. Contarato votou contra o projeto no plenário

“OAB que se dane”: juíza aciona PM e retira advogados de sessão em MT

Discussão em plenário envolve gravação de jurados, intervenção da PM e reação de entidades da advocacia

Erich Mafra
Segundo o TJMT, a juíza Mônica Cataria Perri Siqueira interveio para manter a civilidade | Foto: Josi Dias/TJMT

A juíza Mônica Cataria Perri Siqueira, da 1ª Vara Criminal de Cuiabá (MT), determinou a retirada de advogados da Comissão de Prerrogativas da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) do plenário e encerrou a sessão do Tribunal do Júri. O episódio levou à dissolução do Conselho de Sentença e à anulação do julgamento, remarcado para 12 de maio de 2026.

O caso ocorreu na segunda-feira 15, durante o júri do investigador da Polícia Civil Mário Wilson Vieira da Silva Gonçalves, acusado de matar o policial militar Thiago de Souza Ruiz, em abril de 2023. A magistrada chamou a Polícia Militar para cumprir a ordem. Em vídeo que circula nas redes, ela afirma: “A OAB que se dane” e acrescenta que poderiam “até chamar o presidente da OAB”.

Em nota divulgada na terça-feira 16, o Tribunal de Justiça de Mato Grosso (TJMT) informou que representantes da defesa teriam tentado registrar imagens dos jurados. A prática é proibida por normas do Conselho Nacional de Justiça e pela jurisprudência, que protegem identidade e imagem para garantir independência do veredito e segurança pessoal.

Segundo o portal Jota, o promotor Rodrigo Ribeiro Domingues, do Ministério Público de Mato Grosso, afirmou que a condução da defesa desrespeitou a magistrada e tentou influenciar testemunhas. Segundo ele, a acusação pediu registro em ata de tom elevado, postura agressiva e descumprimento de ordens. A defesa não assinou o documento.
Defesa contesta gravação de jurados

A defesa contesta a versão. Ao mesmo portal, o advogado Claudio Dalledone disse que não houve gravação de jurados e classificou a alegação como falsa. Em vídeo, relatou que um tenente-coronel da PM buscou conter os ânimos e que a sessão foi interrompida pela juíza. Para Dalledone, houve violação de prerrogativas durante a oitiva de uma testemunha. Ele afirmou que levará o caso ao CNJ e falou em “abuso de autoridade”.

Áudios da sessão indicam elevação de vozes entre defesa e magistrada. Em um trecho, um advogado grita; em seguida, ouve-se a palavra “misógino”. No dia seguinte, a juíza dissolveu o Conselho de Sentença ao avaliar risco de influência sobre os jurados que presenciaram a discussão.

O TJMT declarou que houve desentendimento entre acusação e defesa e que a magistrada interveio para manter a urbanidade. O tribunal reiterou a orientação para não registrar a audiência, sobretudo os jurados, e apontou esse ponto como um dos fatores para a dissolução do conselho.

O procurador nacional de Defesa das Prerrogativas da OAB, Alex Sarkis, divulgou vídeo classificando o episódio como grave e inaceitável. Ele afirmou que prerrogativas não são privilégios e anunciou medidas do Conselho Federal para evitar repetição de condutas semelhantes.

Há registro de controvérsia anterior envolvendo o advogado Claudio Dalledone em um júri realizado em 2018, em Curitiba. À época, ele declarou que venceu processo relacionado ao episódio e disse ter atuado dentro das regras do Tribunal do Júri.

Marçal declara apoio à pré-candidatura de Flávio Bolsonaro

Empresário afirmou que o senador representa a alternativa desejada por ele ao atual governo federal

Luis Batistela
No início do mês, o TRE-SP confirmou a inelegibilidade de Marçal por oito anos | Foto: Reprodução/TV Globo

Pablo Marçal oficializou apoio à pré-candidatura de Flávio Bolsonaro (PL-RJ) à Presidência da República em 2026. O empresário anunciou a decisão nesta quarta-feira, 17, durante uma conferência em Barueri, na Região Metropolitana de São Paulo.

Ao chamar o senador ao palco, Marçal afirmou: “Vamos apoiar o Flavio Bolsonaro para presidente do Brasil”. E concluiu: “Chega de PT, chega de Lula. Ele é o Bolsonaro que a gente sempre sonhou”.

Mais cedo, Flávio se reuniu com empresários e investidores na capital paulista. Filipe Sabará, ex-secretário de Desenvolvimento Social de São Paulo, articulou os encontros e também participou do evento. Sabará coordenou a campanha de Marçal à Prefeitura de São Paulo em 2024.

Justiça mantém inelegibilidade de Marçal

No início do mês, o Tribunal Regional Eleitoral (TRE) de São Paulo confirmou a inelegibilidade de Marçal por oito anos e também ratificou a multa de R$ 420 mil pelo descumprimento de ordem judicial.

O caso tratou do uso do chamado “concurso de cortes” durante a campanha eleitoral de 2024. Conforme a denúncia, colaboradores incentivaram a produção e a divulgação de conteúdos nas redes sociais, oferecendo remuneração e brindes.

O julgamento ocorreu por maioria de quatro votos a três. O desembargador Silmar Fernandes, presidente do TRE, desempatou a votação a favor da inelegibilidade.

Marçal ainda responde a outra ação. Um juiz de primeira instância o condenou por uso indevido dos meios de comunicação social, captação e gastos ilícitos de recursos e abuso de poder econômico. Este caso aguarda julgamento pelo TRE de São Paulo.

SBT impõe regra contra Zezé Di Camargo após polêmica

O cantor se tornou uma persona non grata para a emissora

Por Franciely Gomes
O famoso foi barrado pelo canal - Foto: Reprodução | Instagram

Zezé Di Camargo conquistou a inimizade da família Abravanel após a polêmica do cancelamento do especial de Natal. O cantor foi proibido de participar dos programas da emissora por tempo indeterminado.

Segundo informações do colunista Gabriel Vaquer, da Folha de S. Paulo, a direção do canal impôs uma regra aos apresentadores, os proibindo de convidar o cantor sertanejo para participar de qualquer um dos programas.

O SBT também pretende fazer com que a dupla de Luciano suma do noticiário completamente, evitando mencionar o nome dele até mesmo em programas de fofoca, como o ‘Fofocalizando’.

Relembre a treta

Vale lembrar que a atitude da direção do SBT foi tomada após o artista proferir uma série de críticas contra a emissora nesta semana. Ele detonou a participação do presidente Lula na estreia do SBT News e alegou que as filhas de Silvio Santos estavam se “prostituindo” ao convidar o chefe de estado para o canal.

Irritada com a fala do sertanejo, Daniela Beyruti, a atual diretora do SBT, cancelou o programa especial de Natal que contava com a participação do artista e exigiu uma retratação pública, que foi publicada por Zezé um dia depois.

Chefe de necrotério da Harvard é condenado por vender partes de corpos

O ex-gerente da universidade de medicina vendia órgãos internos, cérebros, pele, mãos, rostos e cabeças dissecadas
Ele foi demitido em maio de 2023 - Foto: Ralph Wilson for WBUR

Um ex-gerente do necrotério da prestigiosa Harvard Medical School foi condenado a oito anos de prisão por roubar e vender pedaços de corpos doados para a pesquisa científica. As informações são do Departamento de Justiça dos Estados Unidos ao AFP.

Cedric Lodge, 58 anos, se declarou culpado em maio pelo tráfico de restos mortais roubados, que incluíam órgãos internos, cérebros, pele, mãos, rostos e cabeças dissecadas, entre 2018 e, pelo menos, março de 2020. Harvard o demitiu da universidade em maio de 2023.

Lodge e sua esposa, Denise, transportavam os pedaços de corpos da Universidade de Medicina, perto de Boston, para sua residência em Goffstown (New Hampshire), além de outros locais em Massachusetts e na Pensilvânia.

Os pedaços de corpos eram enviados a compradores em outros estados "sem o conhecimento, nem a autorização do empregador, do doador ou da família do doador", segundo os investigadores.

Denise Lodge, 65 anos, foi condenada a um ano de prisão, informou o Departamento de Justiça.

"A sentença é mais um passo para garantir que aqueles que planejaram e executaram este crime hediondo sejam levados à Justiça", declarou Wayne A. Jacobs, agente especial do FBI na Filadélfia.

O Departamento de Justiça informou que muitos restos mortais vendidos por Lodge foram posteriormente revendidos com fins lucrativos. Vários compradores já foram condenados à prisão ou aguardam sentença, segundo o comunicado.

*Com informações da AFP

Brasileiros relatam sobre viver no país mais feliz do mundo: "Solidão"

No cotidiano de muitos imigrantes brasileiros, a base segura do país divide espaço com questões preocupantes

Por Leilane Teixeira
- Foto: Sam KINGSLEY/AFP

Há oito anos consecutivos no topo do ranking da ONU sobre felicidade, a Finlândia combina boa distribuição de renda, serviços públicos eficientes, seguridade social e alta confiança nas instituições. Para muitos brasileiros que vivem no país, porém, essa estabilidade convive com silêncio intenso, poucas relações sociais, invernos longos e um sentimento persistente de solidão.

Desde 2022, um brasileita chamada Aim tenta se adaptar à vida em Tampere, no centro do país, lidando com a:
falta de luz nos meses de inverno;
o desemprego;
a dependência de auxílios do Estado.

Outros brasileiros relatam experiências semelhantes. Maria, em Helsinque, e Gabriela, que decidiu voltar ao Brasil após quatro anos e meio, contam que a segurança material não impediu a chegada da tristeza, da depressão e da vontade de ir embora.

O que mede a felicidade da Finlândia

A imagem oficial da Finlândia é a de um país seguro, igualitário, com saúde e educação públicas de qualidade e forte rede de proteção social. Os índices de felicidade refletem essa satisfação média, baseada mais em estabilidade do que em euforia.

No cotidiano de muitos imigrantes brasileiros, no entanto, essa base segura divide espaço com paisagens cinzentas, ruas vazias e uma vida social contida, distante da sociabilidade brasileira.

Silêncio, solidão e choque cultural Arte e solidão: o artista Rafael traduz o contraste da vida na Finlândia em obras de cores discretas, associando a beleza da natureza local à solidão e à saudade do Brasil. Silêncio extremo: o professor Babel, que vive no país desde 2016, relata o impacto da ausência de ruídos, com caminhadas longas quase sem encontrar pessoas e a sensação de um “zumbido interno” provocada pelo silêncio constante. Comportamento mais contido: ao longo do tempo, Babel percebeu que a sociedade finlandesa exige dos imigrantes uma postura mais reservada. Brasileiros relatam falar mais baixo, rir menos e evitar gestos considerados expansivos. Identidade em suspensão: Maria teme perder a sociabilidade que sempre definiu sua identidade, ao se perceber mais retraída e cuidadosa com cada palavra. A adaptação ao idioma, ao clima e às regras sociais cria a sensação de que parte da vida ficou congelada no país de origem.
  
Dificuldade no trabalho e dependência de auxílios

No mercado de trabalho, a realidade também frustra expectativas. A Finlândia enfrenta o maior nível de desemprego em 15 anos, afetando sobretudo estrangeiros. Aim descobriu que conseguir emprego apenas com inglês é raro.

Hoje, ela vive com auxílio estatal entre 500 e 600 euros enquanto aprende finlandês; o marido cursa mestrado com uma bolsa inferior ao benefício de desemprego.

Aos 42 anos, Maria também precisou se reinventar profissionalmente, voltando a estudar para mudar de área, o que amplia a sensação de vulnerabilidade.
Inverno, depressão e decisão de voltar

Os relatos convergem no impacto do inverno. Meses de pouca luz solar, frio intenso, neve constante e ruas vazias são associados à pior fase do ano. Em cidades pequenas do interior, como Kajaani, o isolamento é ainda mais acentuado.

Gabriela conta que nunca havia enfrentado depressão no Brasil, mas desenvolveu um quadro profundo já no primeiro inverno, que se repetiu nos anos seguintes. Ao final, concluiu que permanecer não fazia mais sentido, apesar da qualidade de vida.

Outra brasileira, que vive com duas filhas em uma cidade de 36 mil habitantes, destaca a ausência de comunidade e a dificuldade de criar vínculos em um ambiente onde até cumprimentos entre vizinhos são evitados.

Solidão como problema de saúde pública

A experiência dos brasileiros se conecta a um fenômeno global. A Organização Mundial da Saúde classifica a solidão como um problema de saúde pública: uma em cada seis pessoas no mundo se considera solitária.60% da população afirma sentir solidão ao menos ocasionalmente;
47% dos domicílios são formados por pessoas que moram sozinhas. Especialistas ressaltam que viver sozinho não significa, necessariamente, sentir-se só, mas indica uma sociedade mais individualizada.

Brasileiros, acostumados a maior convivência social, tendem a enfrentar maior dificuldade de adaptação.

Ficar, adaptar-se ou recomeçar

Nem todos os brasileiros vivem o país da mesma forma. Alguns, que chegaram ainda jovens, conseguiram criar redes de amizade e se sentem acolhidos, sobretudo em cidades maiores. Outros seguem em dúvida entre ficar, adaptar-se ou recomeçar em outro lugar.

Para alguns, a Finlândia é um espaço de bem-estar social; para outros, um espelho ampliado das próprias fragilidades emocionais. No fim, cada brasileiro precisa medir se a felicidade estatística compensa o custo íntimo da solidão.

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