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quarta-feira, 29 de outubro de 2025

Com valor recorde, Nubank ultrapassa Petrobras e lidera ranking das maiores empresas do país

Banco digital atingiu valor de mercado de US$ 76,97 bilhões nesta terça-feira (28). Veja o ranking das maiores empresas do Brasil.

Por Redação g1 — São Paulo

O Nubank alcançou um novo marco no mercado financeiro ao atingir valor de mercado de US$ 76,97 bilhões, ultrapassando a Petrobras (US$ 74,67 bilhões) e se consolidando como a empresa mais valiosa do Brasil, segundo dados do site Companies Market Cap, divulgados nesta terça-feira (28).

Com esse desempenho, o banco digital também supera nomes tradicionais como Itaú (US$ 72,54 bilhões), Vale (US$ 49,60 bilhões) e BTG Pactual (US$ 49,60 bilhões), completando o grupo das cinco companhias brasileiras de maior valor na Bolsa.

Na América Latina, o Nubank ocupa a segunda posição, atrás apenas do Mercado Livre, que vale US$ 116,1 bilhões.

Em escala global, a fintech figura como a 40ª maior empresa do setor financeiro, à frente de gigantes internacionais como BNY Mellon (US$ 75,62 bilhões), Barclays (US$ 75,05 bilhões) e US Bancorp (US$ 73,55 bilhões).

As ações do Nubank acumulam alta de 53,7% em 2025, encerrando o pregão de terça a US$ 15,93 — próxima do recorde histórico de US$ 16,30, registrado em 22 de setembro.

Veja o ranking das 10 companhias brasileiras com maior valor de mercado:

Nubank, com US$ 76,97 bilhões
Petrobras, com US$ 74,67 bilhões
Itaú Unibanco, com US$ 72,69 bilhões
Vale, com US$ 49,60 bilhões
BTG Pactual, com US$ 49,41 bilhões
Santander Brasil, com US$ 40,94 bilhões
Ambev, com US$ 34,88 bilhões
Bradesco, com US$ 33,29 bilhões
Weg, com US$ 33,13 bilhões
Klabin, com US$ 24,01 bilhões

Em outubro, a Nu Holdings, controladora do Nubank, conquistou o 4º lugar no ranking das 100 empresas que mais crescem em 2025, elaborado pela revista Fortune, que destaca companhias de capital aberto com maior crescimento médio nos últimos três anos.

A Nvidia ficou na liderança, seguida pela Royal Caribbean, do setor de cruzeiros, e pela Supermicro, fornecedora de soluções para data centers.

O ranking reúne empresas de capital aberto que apresentaram o maior ritmo de expansão nos últimos três anos, com base em indicadores como receita, lucro e retorno aos acionistas.

A metodologia considera a variação da receita, o crescimento do lucro por ação e o retorno total obtido pelos investidores no período analisado.

“Mais do que os números, este reconhecimento comprova que nosso modelo operacional digital e de baixo custo é eficiente. Ao usar tecnologia para manter uma estrutura enxuta, conseguimos repassar economias aos clientes e estimular o crescimento orgânico”, afirmou Cristina Junqueira, diretora de crescimento (Chief Growth Officer) da Nu Holdings.

De acordo com o relatório do segundo trimestre, o banco digital alcançou 123 milhões de clientes, com taxa de atividade mensal superior a 83% e receita recorde de US$ 3,7 bilhões — um aumento de 40% em relação ao ano anterior. O custo médio para atender cada cliente ativo permanece estável, em US$ 0,8 por mês.

Banco mais valioso da América Latina

Nos últimos anos, o Nubank tem disputado com o Itaú Unibanco o posto de banco mais valioso da América Latina. Em fevereiro, o Itaú retomou a liderança após uma queda superior a 15% nas ações do Nubank em um único dia.

Em maio de 2024, o Nubank reassumiu o topo do ranking regional ao registrar lucro de US$ 378,8 milhões no primeiro trimestre, alta superior a 160% em relação ao mesmo período do ano anterior.

Naquele momento, o Nubank tinha valor de mercado estimado em R$ 297 bilhões, ante R$ 288 bilhões do Itaú.

Em janeiro de 2025, o Nubank também superou o Itaú em número de clientes. Dados do Banco Central indicam que, no último trimestre de 2024, o banco digital contava com cerca de 100,8 milhões de clientes, ante 98,5 milhões do concorrente.

Hoje, a instituição ocupa o terceiro lugar entre os maiores bancos do país em número de correntistas, atrás apenas da Caixa Econômica Federal (157,5 milhões) e do Bradesco (110,5 milhões).

ADPF das Favelas: entenda o que o STF decidiu sobre operações policiais no Rio


Suprema Corte definiu procedimentos a serem realizados pelo governo estadual quando as operações policiais que resultarem em mortes.

Por Fernanda Vivas, TV Globo — Brasília

O Supremo Tribunal Federal (STF) validou em abril um conjunto de regras que definem como devem ser feitas as operações policiais em comunidades do Rio de Janeiro.

➡️As medidas fazem parte da chamada ADPF das Favelas, ação que levou ao Supremo o debate sobre a atuação das forças de segurança em áreas de alta vulnerabilidade.

A decisão do Supremo gerou questionamentos dos cidadãos nas redes sociais, após o governo do Rio realizar uma megaoperação policial mirando comandantes da facção Comando Vermelho (CV) nesta terça-feira (28), que deixou pelo menos 64 mortos.

A ação foi considerada a mais letal da história do Rio de Janeiro.

Operação no RJ: ação contra o Comando Vermelho deixou 64 mortos

O que ficou decidido no Supremo?

O Tribunal detalhou, ponto a ponto, os procedimentos a serem realizados pelo governo estadual quando as operações policiais que resultarem em mortes, tanto de civis quanto de agentes de segurança:

➡️O local da ocorrência deverá ser preservado pelos primeiros policiais, sem alterações no cenário, e comunicado imediatamente às autoridades competentes, ao comandante do batalhão e à corregedoria da PM ou ao delegado de sobreaviso;

➡️O Ministério Público deve ser acionado imediatamente e pode, se julgar necessário, designar promotor para ir ao local;

➡️O delegado de polícia deverá comparecer à cena, recolher provas, qualificar testemunhas e apreender objetos após liberação dos peritos;

➡️A polícia técnica será responsável por perícia e remoção de cadáveres, com documentação fotográfica completa;

➡️Toda morte por intervenção policial deverá ter autópsia obrigatória;

➡️As corregedorias da PM e da Polícia Civil deverão acompanhar as investigações e concluí-las em até 60 dias;

➡️O Ministério da Justiça terá que adaptar o sistema Sinesp para permitir o envio de dados desagregados pelos estados.

Operações não precisam ser comunicadas com antecedência

O Supremo Tribunal Federal determinou que as forças de segurança do Rio de Janeiro não são obrigadas a comunicar previamente a realização de operações policiais.

No entanto, as ações deverão seguir uma série de diretrizes para garantir legalidade, proporcionalidade e proteção aos direitos humanos.

➡️Uso proporcional da força: As forças devem avaliar e definir o grau de força adequado a cada contexto, observando sempre a proporcionalidade das ações e a necessidade de planejamento prévio.

➡️Justificativa posterior: Fica permitida a justificativa a posteriori das operações. Cabe a cada uma das forças policiais analisar e documentar o uso proporcional e necessário da força empregada.

➡️Saúde mental dos policiais: O atendimento psicossocial passa a ser obrigatório para agentes envolvidos em incidentes críticos durante operações. A medida visa garantir apoio emocional e prevenção de traumas.

➡️Busca domiciliar: Em diligências dentro de domicílios, o tribunal determinou que sejam observadas diretrizes rigorosas: as buscas devem ocorrer durante o dia, com ingresso forçado vedado à noite, salvo em casos excepcionais. A diligência precisa ser justificada por auto circunstanciado e realizada dentro do estrito limite de seu objetivo.

➡️Presença de ambulâncias: Em até 180 dias, deverá ser regulamentada a obrigatoriedade da presença de ambulâncias durante operações policiais. As unidades de atendimento devem estar posicionadas no local mais próximo possível para garantir socorro imediato, caso necessário.

Dados públicos e uso de câmeras

O STF determinou a inclusão de novos indicadores para monitoramento de uso excessivo da força e mortes com autoria indeterminada em confrontos.

O Rio também deverá publicar dados desagregados sobre mortes de civis e policiais em confrontos.

O Tribunal reconheceu os avanços no uso de câmeras corporais em uniformes da PM e determinou que, em até 180 dias, o estado do Rio de Janeiro comprovasse a implantação das câmeras também nas viaturas, com regulamentação clara e abrangência sobre todas as ações ostensivas e operações policiais.

Investigação da PF e reocupação de territórios

O STF também determinou à Polícia Federal a instauração de um inquérito específico para apurar crimes de organizações criminosas no Rio com repercussão interestadual e internacional, incluindo violações de direitos humanos.

A decisão ordena a criação de uma equipe exclusiva e permanente na PF para produção de inteligência sobre facções e suas conexões com agentes públicos. O Coaf e a Receita Federal devem dar prioridade máxima às diligências desse inquérito.

Outra medida imposta é que o Estado do Rio elabore um plano de retomada territorial das áreas dominadas por facções criminosas. O plano deverá conter cronograma objetivo e será financiado com recursos federais, estaduais e municipais, incluindo emendas parlamentares impositivas.

Cúpula do Comando Vermelho é transferida para cadeia de segurança máxima no Rio antes ser levada a presídio federal

A medida tem caráter provisório. O governo federal autorizou, na noite de terça-feira (28), a transferência provisória de 10 presos do sistema penitenciário do Rio para presídios federais, após pedido do governo estadual.

Por Rafael Nascimento, g1 Rio
Cúpula do CV é transferida de presídio — Foto: Reprodução

Dez criminosos da cúpula do Comando Vermelho (CV), que estavam presos em Bangu 3, foram transferidos na noite desta terça-feira (28) para Bangu 1, a penitenciária de segurança máxima do estado.

A medida foi tomada como resposta às barricadas e às interdições em diversas vias da cidade, após a megaoperação com mais de 2.500 agentes nos Complexo do Alemão e Penha.

Na ação, mais de 60 bandidos morreram e 4 policiais perderam a vida.

A transferência tem caráter provisório. O governo do estado solicitou, e o governo federal acatou, no início da noite desta terça, o pedido de transferência de 10 criminosos detidos no sistema penitenciário do Rio para presídios federais.

Segundo o governo, eles são apontados como responsáveis por comandar, de dentro das cadeias, a retaliação de criminosos à megaoperação da polícia nos complexos do Alemão e da Penha.

No início da tarde, criminosos usaram veículos como barricadas para fechar diversas vias do Rio e da Região Metropolitana.

Entre os presos que foram para Bangu 1 está Marco Antonio Pereira Firmino, o My Thor, considerado um dos principais líderes do CV. Ele aparece em uma foto a que o g1 teve acesso.

Veja a lista completa:

Wagner Teixeira Carlos (Waguinho de Cabo Frio)
Rian Maurício Tavares Mota (Da Marinha)
Roberto de Souza Brito (Irmão Metralha)
Arnaldo da Silva Dias (Naldinho)
Alexander de Jesus Carlos (Choque / Coroa)
Leonardo Farinazzo Pampuri (Léo Barrão)
Marco Antônio Pereira Firmino (My Thor)
Fabrício de Melo de Jesus (Bichinho)
Carlos Vinícius Lirio da Silva (Cabeça do Sabão)
Eliezer Miranda Joaquim (Criam)

A operação que motivou a mudança foi a mais letal da história do estado, com dezenas de mortos e presos nos Complexos da Penha e do Alemão, apontados como redutos estratégicos da facção.

O governo estadual pediu que os líderes sejam distribuídos em diferentes unidades federais, para dificultar a comunicação entre eles e enfraquecer a estrutura do CV dentro do sistema prisional.

Comando Vermelho domina mais de mil áreas no RJ, revela levantamento

'Mapa das Facções' detalha as disputas territoriais no Estado

Mateus Conte
Comando Vermelho, facção criminosa do Rio de Janeiro | Foto: Divulgação/Agência Brasil

A megaoperação policial realizada nesta terça-feira, 28, nos complexos do Alemão e da Penha, considerada a maior já registrada no Rio de Janeiro, teve como alvo o Comando Vermelho, facção descrita como dominante em mais de mil áreas do Estado. O número consta no “Mapa das Facções”, levantamento elaborado pelo perfil Pega Visão RJ, criado em maio de 2024 e atualizado diariamente com informações enviadas por moradores e trabalhadores que circulam nas comunidades.

No mapa, que já ultrapassa 7 milhões de visualizações, as áreas controladas pelo Comando Vermelho são marcadas em vermelho, enquanto as zonas sob domínio do Terceiro Comando Puro estão em verde e a facção Amigos dos Amigos, em amarelo. O mapa ainda identifica zonas sob influência de milícias, com subdivisões por grupo, como a Milícia do Zinho.

O perfil Pega Visão RJ atua desde janeiro de 2024 e conta com cerca de 20 mil inscritos no Telegram, além de mais de 140 mil seguidores no X. O canal publica atualizações frequentes sobre operações policiais e confrontos em comunidades do Rio, muitas vezes vinculadas às demarcações do Mapa das Facções.
Complexo do Alemão é tomado pelo Comando Vermelho | Imagem: Mapa das Facções/Reprodução

Comando Vermelho em expansão

Entre as áreas sob domínio do Comando Vermelho estão os complexos do Alemão, da Penha, da Mangueira, do Chapadão, de Manguinhos e da Mangueirinha, além de comunidades como a Cidade de Deus, a Rocinha e o Jacarezinho. O levantamento mostra que a facção mantém presença contínua em praticamente todas as zonas da capital fluminense e também em municípios da região metropolitana, como Niterói, São Gonçalo, Duque de Caxias e Itaboraí.

No interior e no litoral do Estado, há registros de atuação em cidades como Campos dos Goytacazes, Itaperuna, Angra dos Reis e Volta Redonda. Em Niterói e São Gonçalo, o grupo controla morros como o Caramujo, o Salgueiro e o Viradouro. Já na Baixada Fluminense, aparecem sob influência do Comando Vermelho comunidades em Belford Roxo, Nova Iguaçu e no complexo da Mangueirinha, em Duque de Caxias.

O mapa lista mais de mil comunidades e conjuntos habitacionais vinculados ao Comando Vermelho, o que reforça a extensão territorial do grupo. Segundo o Pega Visão RJ, a expansão é acompanhada por atualizações constantes, realizadas a partir de relatos enviados por moradores e trabalhadores que circulam nessas regiões.

Megaoperação mira décadas de domínio do Comando Vermelho no Rio

Facção mantém seu quartel-general nos complexos da Penha e do Alemão

Mateus Conte
Popular passa diante de muro pichado com as iniciais do Comando Vermelho | Foto: Alaor Filho/Estadão Conteúdo

A megaoperação policial nos complexos da Penha e do Alemão realizada na manhã desta terça-feira, 28, deixou mais de 60 mortos e expôs o poderio acumulado pelo Comando Vermelho ao longo de quase cinco décadas de atuação em favelas do Rio de Janeiro.

A ação, batizada de Contenção, mobilizou 2,5 mil agentes das Polícias Civil e Militar e resultou em mais de 80 prisões. A operação tornou-se a mais letal da história do Estado, superior aos 28 mortos registrados na ação do Jacarezinho em 2021.

O governador Cláudio Castro definiu a operação como uma ação de Estado de Defesa. “Esta operação tem muito pouco a ver com segurança pública”, afirmou. “É uma guerra que está passando os limites de onde o Estado deveria estar defendendo sozinho.”

Comando Vermelho nasceu das guerrilhas

O Comando Vermelho surgiu no Instituto Penal Cândido Mendes, na Ilha Grande, em 1979. A organização nasceu da convivência entre presos políticos e criminosos comuns durante o regime militar. Inicialmente chamada Falange Vermelha, a facção se estruturou a partir de técnicas organizacionais aprendidas com militantes comunistas opositores ao regime.

Segundo o livro Comando Vermelho: A História Secreta do Crime Organizado, escrito pelo jornalista Carlos Amorim e premiado com o Jabuti, os detentos comuns aprenderam técnicas de guerrilha urbana, leram textos de Karl Marx e Che Guevara e desenvolveram uma estrutura organizacional baseada nos movimentos revolucionários.

No mesmo ano de sua criação, um confronto marcou a tomada definitiva de poder pelo Comando Vermelho no presídio. A partir daí, a facção estabeleceu um código de conduta que incluía o sistema da “caixinha”, em que parte dos lucros era destinada ao custeio da liberdade de companheiros presos.

A mudança estratégica do CV ocorreu em 1982, quando a organização deixou os assaltos a bancos para concentrar-se no tráfico de drogas. Com a transferência de lideranças para outros presídios, a facção espalhou-se pelo sistema carcerário e, posteriormente, por favelas do Rio.

Nos anos 1980, a facção criou uma extensa rede de distribuição de drogas e armas e estabeleceu controle sobre várias favelas do Rio. A partir dos anos 1990, expandiu operações para outros Estados brasileiros e países vizinhos.

Alemão e Penha: bases estratégicas da expansão territorial

O Complexo do Alemão tornou-se o quartel-general do Comando Vermelho por causa de sua posição estratégica. A região tem fácil acesso às principais vias rodoviárias do Rio, como Avenida Brasil, Linha Amarela, Linha Vermelha e Avenida Pastor Martin Luther King Jr., o que facilita o recebimento e o escoamento de drogas, além de oferecer diversas rotas de fuga.

O território expandiu-se depois da abertura da Avenida Brasil, em 1946, que transformou a região no principal polo industrial da cidade. Atualmente, o Complexo do Alemão reúne 15 comunidades e tem cerca de 70 mil habitantes.
Complexo do Alemão é tomado pelo Comando Vermelho | Imagem: Mapa das Facções/Reprodução

O Complexo da Penha tornou-se um ponto estratégico para a expansão territorial do Comando Vermelho, especialmente em direção à zona sudoeste, nas comunidades de Jacarepaguá. Situado entre as principais vias expressas do Rio, funciona como centro de deslocamento de homens armados e base para os principais líderes da facção.

Segundo denúncia do Ministério Público do Rio, Edgar Alves de Andrade, conhecido como Doca, é o principal líder do Comando Vermelho no Complexo da Penha e em outras comunidades da zona oeste. O Disque Denúncia do Rio oferece R$ 100 mil por informações sobre ele, o maior valor da história, ao lado de Fernandinho Beira-Mar.

A expansão do CV

De acordo com o Mapa dos Grupos Armados, parceria entre o Instituto Fogo Cruzado e a Universidade Federal Fluminense, o Comando Vermelho foi a única facção que expandiu território em 2023. A organização ultrapassou as milícias e passou a responder por mais da metade das áreas dominadas por grupos criminosos na Região Metropolitana do Rio.

Os números confirmam o que as ruas do Alemão e da Penha ainda mostram: 45 anos depois de surgir nas celas da Ilha Grande, o Comando Vermelho continua a impor sua presença e testar os limites da autoridade do Estado.

Depois de operação no RJ, Senado aprova projeto que limita soltura de preso em audiência de custódia

Casa acelera votação de proposta que reforça combate ao crime e amplia proteção a agentes públicos

Polianna Furtado
O senador Sergio Moro foi o relator da proposta aprovada em reação à operação da PF no Rio de Janeiro | Foto: Lula Marques/Agência Brasil

O Senado aprovou nesta terça-feira, 28, o Projeto de Lei (PL) n° 226/2024, que altera o Código de Processo Penal e estabelece critérios mais rígidos para a decisão judicial sobre prisão preventiva. A votação ocorreu em reação à operação policial nos complexos do Alemão e da Penha contra o Comando Vermelho, ocorrida hoje no Rio de Janeiro.

O texto define que o juiz deve considerar alguns fatores antes de autorizar a soltura do preso, como:

o uso reiterado de violência;
participação em organização criminosa e;
natureza das drogas ou armas apreendidas.

A proposta também obriga a coleta de material biológico para obtenção e armazenamento do perfil genético do custodiado em determinados casos, como crimes hediondos ou de violência sexual.

Em uma postagem na plataforma X, o senador Sergio Moro (União-PR) afirmou que a onda de violência no país “assusta” e “o crime não pode prevalecer”. Ele foi o relator do projeto de lei.

Segundo ele, a proposta “é um freio à porta giratória na qual a audiência de custódia se transformou e também representa uma medida de modernização da segurança pública”. Moro também agradeceu ao presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), e ao presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), pela atenção do projeto.

A proposta, originalmente foi apresentada pelo então senador Flávio Dino, hoje ministro do Supremo Tribunal Federal. Com o aval dos senadores, o texto segue para sanção presidencial.

Congresso reagiu à operação da Polícia Federal

Alcolumbre (União Brasil-AP) incluiu o projeto na pauta em regime de urgência, depois de acordo com os líderes partidários.

Em nota divulgada depois da votação, o presidente do Senado declarou que o Congresso “acompanha com atenção e preocupação os graves acontecimentos registrados no Rio de Janeiro”. Ele destacou que o projeto “aperfeiçoa o marco legal de enfrentamento à criminalidade, reforçando os instrumentos de proteção aos agentes públicos e à população civil”.

No documento enviado à imprensa, Alcolumbre também manifestou solidariedade às famílias das vítimas e aos profissionais de segurança envolvidos na operação.

A operação policial e a escalada da violência no Rio também alteraram a agenda de votações da Câmara dos Deputados. Em resposta ao episódio, Motta priorizou dois projetos que estavam na pauta.

Um projeto, de autoria do deputado Carlos Jordy (PL-RJ), reforça mecanismos de rastreamento de chamadas e chips de celular para prevenir golpes. A outra proposta, de autoria de Pastor Henrique Vieira (Psol-RJ), destina imóveis de origem ilícita a usos sociais, culturais e esportivos. Os dois textos foram aprovados na Câmara e seguiram para análise do Senado.

Carlos Viana vai pedir prisão de 3 depoentes da CPMI do INSS

Presidente da comissão anunciou solicitação de prisão preventiva de Domingos Sávio, Danilo Trent e Vinícius Ramos da Cruz

Sarah Peres
O presidente da CPMI do INSS, senador Carlos Viana (Podemos-MG) | Foto: Waldemir Barreto/Agência Senado

O presidente da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), senador Carlos Viana (Podemos-MG), anunciou que o colegiado pedirá ao Supremo Tribunal Federal (STF) a prisão preventiva de três depoentes.

A CPMI do INSS vai solicitar as seguintes prisões preventivas:

Domingos Sávio de Castro — empresário de call center ligado ao lobista Antônio Carlos Camilo Antunes, o “Careca do INSS”;
Danilo Trent — empresário do ramo de auxílio à adesão de beneficiários, também ligado ao “Careca”; e
Vinícius Ramos da Cruz — agenciador de aviões da Confederação Nacional dos Agricultores Familiares e Empreendedores Familiares Rurais (Conafer), ligado ao Instituto Terra e Trabalho.

O presidente da CPMI do INSS, senador Carlos Viana (esq.) destacou a obrigação do empresário Domingos Savio de Castro (dir.) de falar a verdade durante seu depoimento | Foto: Waldemir Barreto/Agência Senado

O anúncio foi feito ao fim de uma sessão de mais de nove horas nesta terça-feira, 28. O colegiado ouviu pela manhã o piloto Henrique Traugott Binder Galvão e, à tarde, o empresário Domingos Sávio, que amparado por um habeas corpus decidiu ficar em silêncio durante o depoimento.

“Vamos solicitar ao Judiciário a prisão temporária dessas pessoas para que elas possam ser conduzidas coercitivamente”, afirmou Viana. “É uma prerrogativa que a CPMI tem, porque elas podem esclarecer boa parte de todo o esquema e, naturalmente, nos dar as provas necessárias para que a gente possa terminar essa parte do relatório, que agora já está muito bem encaminhada.”

Depoimento de Domingos Sávio
O empresário Domingos Savio de Castro | Foto: Geraldo Magela/Agência Senado

Durante a sessão, o senador Viana afirmou que a prisão de Domingos Sávio de Castro será formalmente solicitada ao STF, em conjunto com o relator da CPMI do INSS, deputado Alfredo Gaspar (União-AL), e outros parlamentares que apoiam a medida.

“Vamos sobrescrever junto com o relator e os demais parlamentares que entendam como importante que o depoente, senhor Domingos, seja alvo de uma prisão preventiva por parte do Supremo Tribunal Federal”, destacou o presidente da comissão. “Faço questão de assinar junto com o relator, para que ele tenha atenção devida por parte do Judiciário.”

O empresário Domingos Savio de Castro foi à CPMI do INSS com um habeas corpus | Foto: Geraldo Magela/Agência Senado

Domingos Sávio foi citado nas investigações da Polícia Federal (PF) como sócio do “Careca do INSS” em ao menos duas empresas de call center — a Callvox Contact Center e a ACDS Call Center (Truetrust) — ambas com sede em Brasília.

A PF afirma que as companhias receberam mais de R$ 10 milhões em repasses de entidades e intermediários ligados ao esquema de fraudes, por meio de pessoas físicas e jurídicas associadas ao grupo.

Além disso, a CPMI destacou que as contratações de funcionários dessas empresas aumentaram no fim de 2023, período que coincide com o pico das denúncias de descontos indevidos em benefícios previdenciários.

Domingos também teria sociedade na DM&H Assessoria Empresarial e Corretora de Seguros, empresa citada em relatórios da Controladoria-Geral da União (CGU) como intermediária de operações suspeitas.

Outros alvos de prisão preventiva

A reunião da CPMI do INSS desta terça-feira, 28 | Foto: Waldemir Barreto/Agência Senado

Viana informou ainda que a CPMI do INSS pedirá a prisão temporária de outros dois nomes que não têm respondido às intimações da comissão: Danilo Trent e Vinícius Ramos — este último, segundo o senador, bancava despesas de voos ligados à Conafer.

“São os donos dos aviões de hoje”, disse Viana. “O senhor Danilo Trent, o senhor Sávio, que é dono dos aviões, e o senhor Vinícius, do Instituto Terra e Trabalho. Esse senhor Vinícius, inclusive, é o grande agenciador dos aviões da Conafer. Ele que paga boa parte dessas despesas. Ele está entre os nomes que nós precisamos ouvir, e espero que a polícia possa encontrá-lo o mais brevemente possível.”

O presidente destacou que a CPMI vem tentando contato com os advogados dos investigados e que a decisão de pedir as prisões ocorre após reiteradas negativas de comparecimento.

“O mais importante é que nós estamos dando o direito de as pessoas se defenderem”, disse o senador. “Por mais que tenhamos discussões com advogados ou pontos internos discordantes, a CPMI tem avançado na questão de trazer os principais envolvidos.”

Próximos passos da CPMI do INSS

Com o avanço da investigação sobre a rede de empresas associadas ao “Careca do INSS”, a CPMI deve incluir os novos pedidos de prisão no pacote de medidas que será encaminhado à Justiça Federal ainda nesta semana.

Segundo Viana, o relatório final da comissão está em fase de consolidação e deve incluir novos nomes de investigados e recomendações para endurecimento de sanções administrativas e penais no âmbito da Previdência Social.

“As prisões temporárias, eu espero que a Justiça entenda”, afirmou o presidente da CPMI. “Isso é da primeira instância, e na semana que vem poderemos ter as respostas que esperamos.”

Ratinho nega que vá morar no Paraguai

Apresentador do SBT desmente informação sobre mudança e explica que objetivo é ter residência no país vizinho para poder comprar terras

Fábio Bouéri
Ratinho, apresentador do SBT: negócios no Paraguai | Foto; Divulgação/SBT

O apresentador Carlos Massa, o Ratinho, negou na noite desta terça-feira, 28, que vai deixar o Brasil para morar no Paraguai. Em áudio que foi ao ar pouco depois das 19h em sua conta no Twitter/X, o comunicador desmentiu informações da imprensa ao longo do dia e reafirmou que continua vivendo no país.

“Ô gente, muita conversa fiada falando de mim aí, a respeito de que eu tinha mudado de país. Conversa fiada. Continuo morando no Brasil. O Brasil é o meu país. Eu nunca vou sair do Brasil. Sou apaixonado pelo Brasil”, disse Ratinho.

Ratinho: em busca de “terras mais vantajosas”

O apresentador afirmou que segue contratado e “feliz” no SBT, onde continuará trabalhando “enquanto o SBT quiser”. Ele destacou ainda que mantém boa audiência e que é “muito bem tratado” pela emissora.

Ratinho explicou que esteve no Paraguai apenas por motivos de negócio, para adquirir propriedades rurais, e que isso exigiu a obtenção de residência no país vizinho. “As terras do Paraguai são mais vantajosas hoje do que no Brasil. Só por isso. É uma questão comercial. Assim como você precisa de um green card nos Estados Unidos, lá é necessário ter residência para comprar alguma coisa.”

O comunicador ressaltou que não pretende deixar o Brasil e que vive com a família. “Sou cidadão brasileiro, nasci no Brasil e tenho residência também no Paraguai. Mas moro no Brasil com a minha mulher, meus filhos e meus nove netos. É isso”.

Embaixada dos EUA emite alerta sobre confrontos no Rio; ruas amanhecem desbloqueadas

Nesta quarta-feira, 29, não há bloqueios de vias na cidade, segundo o Centro de Operações e Resiliência

Loriane Comeli
Rio de Janeiro, durante operação nesta terça-feira, 28 de outubro | Foto: Reprodução

A Embaixada dos EUA emitiu alerta nesta terça-feira, 28, sobre os confrontos no Rio decorrentes da Operação Contenção, que resultou na morte de 64 pessoas, incluindo quatro policiais. A megaoperação cumpria mandados de prisão contra traficantes e membros da facção criminosa Comando Vermelho. Os criminosos lançaram bombas contra os policiais com o uso de drones.

Na nota, a embaixada informa que confrontos entre as forças policiais e organizações criminosas provocam impactos significativos na mobilidade urbana em diferentes regiões da cidade, elevando o alerta para quem circula pelo local.

O texto também pede cautela para acessar algumas localidades: “A situação está evoluindo rapidamente, portanto, fique atento às notícias e aos aplicativos de mapas no celular para atualizações. Tenha cuidado ao transitar pela cidade e evite as áreas mais afetadas, na medida do possível.”

A embaixada também lista precauções a serem adotadas pelos norte-americanos no Rio.Evite as áreas próximas ao Complexo do Alemão e Penha.

Monitore a mídia local para atualizações.

Esteja ciente das interrupções no tráfego.

Planeje rotas alternativas.

Minimize deslocamentos desnecessários.

Mantenha um perfil discreto.

Esteja atento ao seu entorno.

Revise seus planos de segurança pessoal.

Informe amigos e familiares sobre sua localização e segurança.

Ruas amanhecem sem bloqueios no Rio

A Prefeitura do Rio de Janeiro informou que na manhã desta quarta-feira, 29, a cidade voltou a operar na normalidade, sem bloqueios de vias e sem restrições de operação no transporte público.

“O Centro de Operações da Prefeitura do Rio informa que o município do Rio de Janeiro retornou ao ESTÁGIO 1 às 6h desta quarta-feira, dia 29 de outubro de 2025”, registrou o COR. “O Estágio 1 é o primeiro em uma escala de cinco e significa que não há ocorrências de grande impacto. Neste estágio, podem ocorrer pequenos incidentes, mas que não interfiram de forma significativa na rotina do cidadão.”

O COR havia informado, às 3h15 da madrugada, que não havia mais vias obstruídas na cidade em decorrência da operação contra o Comando Vermelho, mas a situação ainda era classificada como estádio dois. Esse nível indica risco de ocorrências de alto impacto com elevado potencial de agravamento.

Foram mais de 12 horas de bloqueios orquestrados pelos traficantes. Criminosos usaram ônibus e outros veículos como barricadas em diversas vias do Rio, como forma de represália à operação policial. Segundo o Rio Ônibus, 71 coletivos foram tomados, e 204 linhas foram impactadas.

Termina processo contra Mauro Cid, delator do suposto golpe

A pena do ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro é a mais baixa entre os sentenciados no caso, resultado de um acordo de delação premiada

Yasmin Alencar
O tenente-coronel Mauro Cid, delator da suposta trama golpista, durante audiência na 1ª Turma do STF - 9/6/2025 | Foto: Ton Molina/STF

O Supremo Tribunal Federal (STF) registrou nesta terça-feira, 28, o trânsito em julgado do processo contra o tenente-coronel Mauro Cid relacionado à suposta tentativa de golpe de Estado.

Como o ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro não recorreu da condenação imposta pela 1ª Turma da Corte, o processo foi encerrado. Agora, começa o período de eventual cumprimento de pena.

Com o desfecho do caso, o ministro Alexandre Moraes, relator do caso, deve autorizar o começo do eventual cumprimento da pena imposta ao militar. Ainda há impasse sobre o cálculo do período já cumprido por Cid, que ficou preso preventivamente e também submetido a medidas restritivas.

Debate sobre o tempo de restrição de Mauro Cid

A defesa argumenta que o tempo total de restrições supera dois anos, incluindo uso de tornozeleira e limitações de circulação. No Supremo, há entendimento divergente sobre considerar ou não tais medidas para abater a pena.

Uma possibilidade avaliada é contabilizar apenas o período em que Cid ficou impedido de sair de casa, restrição aplicada das 18h às 6h e durante os fins de semana. A condenação foi de dois anos de reclusão, em regime aberto, pela participação no esquema.

A pena aplicada a Mauro Cid é a mais baixa entre todos os sentenciados no caso, resultado de acordo de colaboração premiada firmado entre o militar e a Polícia Federal.

Mais de 45% acham que segurança piorou no governo Lula; para 17%, melhorou


Brasileiros também acham que houve piora na saúde, finanças e educação, segundo o Paraná Pesquisas

Loriane Comeli
O ex-ministro da Justiça, Flávio Dino (esq), o presidente Lula (centro) e o substituto de Dino, Ricardo Lewandowski - 11/01/2024 | Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

Levantamento divulgado nesta quarta-feira, 29, pelo Instituto Paraná Pesquisas mostra que, na percepção do brasileiro, a segurança pública piorou no governo de Luiz Inácio Lula da Silva.

Para 45,8% dos entrevistados, houve piora nesse setor, enquanto 33,9% acham que permaneceu igual e 17,2% acham que melhorou.

Por região, a pesquisa mostra que no Sul a percepção de piora é maior, de 53,8%, ante 11% que veem melhora. Em seguida estão o Sudeste, com índices de piora e de melhora de 47,5% e 14,5%, respectivamente; o Norte e Centro-Oeste (44,7% e 23,6%); e o Nordeste (39,9% e 20,9%).

Além da segurança, brasileiros também acham que houve piora na saúde, educação e finanças no governo Lula

O índice dos que acham que as coisas pioraram mais do melhoram no governo Lula também se repete em saúde pública, situação financeira e da família e da educação.
Percepção sobre as políticas do governo Lula | Foto: Reprodução/Paraná Pesquisas

A percepção de melhora é maior apenas na situação dos mais pobres. Nesse caso, o porcentual dos que acham que houve piora é de 31,3% contra 38,1% dos que acham que houve melhora.

A pesquisa foi feita entre 21 e 24 de outubro, antes, portanto, da operação da polícia do Rio de Janeiro contra o Comando Vermelho, que deixou 64 mortos nesta terça-feira, 28.

Ao todo, 2.020 eleitores do Distrito Federal e de 162 municípios dos 26 Estados foram entrevistados. A amostra atinge um grau de confiança de 95% para uma margem estimada de erro de 2,2 pontos porcentuais.

Ministros de Lula se reúnem com Castro no Rio nesta quarta-feira

Ricardo Lewandowski e Rui Costa devem participar do encontro

Yasmin Alencar
Carro incendiado em área que se assemelha a uma zona de guerra no Rio de Janeiro | Foto: Reprodução/Twitter/X

Depois da megaoperação policial que resultou em 64 mortes nos Complexos do Alemão e da Penha, autoridades federais planejam um encontro com o governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro (PL), nesta quarta-feira, 29. A mobilização federal ocorre diante da crise de segurança no Estado e busca fortalecer a cooperação entre União e governo estadual.

Devem participar da reunião o ministro da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski, o ministro-chefe da Casa Civil, Rui Costa, e o diretor-executivo da Polícia Federal, William Marcel Murad. Até o momento, ainda não há definição sobre o local e o horário do encontro.

Reação federal e estratégias discutidas

A decisão de enviar representantes do governo federal foi tomada depois de uma reunião de emergência, realizada na terça-feira 28, no Palácio do Planalto, liderada pela Casa Civil. O encontro contou com a presença do presidente em exercício, Geraldo Alckmin (PSB), da ministra das Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, e do ministro da Secretaria de Comunicação Social, Sidônio Palmeira.

Durante esse encontro, o governo federal avaliou estratégias para oferecer apoio ao Rio de Janeiro e debater respostas à escalada de violência. Também foi discutida a possibilidade de retomar o debate sobre a PEC da Segurança Pública no Congresso Nacional. O envio das Forças Armadas, por meio de decreto de Garantia da Lei e da Ordem (GLO), foi descartado neste momento pelo Planalto.

Antes de seguir para o Rio de Janeiro, Rui Costa deve se reunir com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e outros integrantes do governo federal para alinhar posições em relação à crise.

Detalhes da operação policial e consequências

Segundo as forças de segurança estaduais, entre os 64 mortos na operação, estão 60 suspeitos, dois policiais civis e dois policiais militares do Bope. O total de mortes é o mais alto já registrado em uma única ação policial no Rio, superando a operação de maio de 2021 no Jacarezinho, que deixou 28 vítimas, conforme levantamento do Geni/UFF.

A ação, que reuniu cerca de 2,5 mil agentes das Polícias Civil e Militar, foi planejada para conter a expansão do Comando Vermelho e cumprir aproximadamente cem mandados de prisão. Entre os alvos, 30 são de outros Estados, incluindo integrantes da facção que teriam fugido do Pará para o Rio.

As investigações, conduzidas pela Delegacia de Repressão a Entorpecentes (DRE), duraram mais de um ano. “Foi uma operação planejada, que começa com cumprimento de mandado judicial, investigação de um ano e um planejamento de 60 dias, que o Ministério Público participou”, afirmou o governador Cláudio Castro. “Não é uma operação de alguém que acordou e resolveu fazer uma grande operação.”

Até o momento, as autoridades confirmam 81 prisões e a apreensão de 75 fuzis. O confronto intenso também deixou feridos: três moradores atingidos por balas perdidas foram atendidos no Hospital Getúlio Vargas, e pelo menos dois policiais ficaram feridos durante a ação.

Governo Lula transfere presos do Comando Vermelho em meio à crise no Rio

Planalto reage à megaoperação policial contra o crime organizado e cobra ação integrada na segurança pública

Luis Batistela
Confrontos deixam 64 mortos no Rio de Janeiro | Foto: Divulgação/Pixabay

O governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva decidiu transferir dez integrantes do Comando Vermelho (CV) para penitenciárias federais. Os criminosos estavam detidos em presídios do Rio de Janeiro. O Planalto aprovou a medida nesta terça-feira, 28, durante uma reunião emergencial convocada por Geraldo Alckmin, presidente em exercício.

O encontro ocorreu poucas horas depois da ofensiva policial que resultou em 64 mortos e 81 presos na capital fluminense. O governador Cláudio Castro (PL) fez o pedido diretamente ao ministro Rui Costa, da Casa Civil, que acionou o Ministério da Justiça. Como resultado, recebeu sinal verde para o envio de detentos a unidades de segurança máxima. O Planalto informou que outros nomes ainda podem ser incluídos na lista.


Entre os ministros presentes estavam Gleisi Hoffmann (Relações Institucionais), Macaé Evaristo (Direitos Humanos), Sidônio Palmeira (Secom) e Jorge Messias (AGU). O secretário-executivo da Justiça, Manoel Carlos de Almeida Neto, também participou.

Costa e Ricardo Lewandowski, ministro da Justiça, viajam ao Rio nesta quarta-feira, 29, para acompanhar a situação e discutir medidas conjuntas com o governo estadual. Lula desembarcou em Brasília no início da noite de ontem, vindo da Ásia, e deve se reunir com os ministros para revisar planos e estratégias.

Governo Lula rebate acusações de Castro

O Planalto contestou as declarações do governador fluminense. Nesse sentido, afirma não ter recebido pedidos de apoio à operação policial e nega qualquer recusa no fornecimento de blindados. Castro havia dito que solicitou três veículos, sem resposta de Brasília.

Lewandowski, por sua vez, afirmou que não houve solicitação formal. Além disso, classificou a ação como “cruenta” e argumentou que o “combate à criminalidade se faz com planejamento, inteligência e coordenação”.

Lula mantém resistência à Garantia da Lei e da Ordem. O petista considera a medida um fracasso administrativo dos governadores. Em setembro de 2023, durante outra crise no Rio, declarou que não assinaria o decreto enquanto estivesse no cargo.

O Ministério da Defesa informou que o pedido de blindados só poderia ser atendido por meio do decreto presidencial. Um parecer da AGU publicado em fevereiro limitou o uso das Forças Armadas em operações de segurança pública, por ultrapassar suas atribuições legais.

Planalto pressiona o Congresso Nacional

A escalada da violência no Rio reacendeu projetos que tratam do combate ao crime organizado. O Planalto tenta acelerar a votação da Proposta de Emenda à Constituição da Segurança Pública, parada na Câmara dos Deputados.

O governo também quer agilizar a tramitação do “PL Antifacção”, que endurece penas contra líderes de organizações criminosas. Lewandowski apresentou o texto e aguarda análise técnica da AGU antes de seguir para a Casa Civil. O presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), garantiu que o projeto deve ir a voto em novembro.

DEMOLIÇÃO DA BANCA E ANDAMENTO DA TRAVESSIA URBANA

 


Após 64 mortes no Rio, Lula convoca ministros e PF para reagir à crise

Presidente desembarcou em Brasília depois de viagem à Ásia

Por Yuri Abreu
Lula deve ter reunião nesta quarta-feira, 29, para debater crise de segurança no Rio - Foto: Ricardo Stuckert | PR

O presidente Lula (PT) mal chegou ao Brasil depois da viagem à Ásia e já tem uma dura missão a cumprir especialmente após a megaoperação no Rio de Janeiro, na terça-feira, 28, que resultou em mais de 60 mortes — entre eles policiais.

Na manhã desta quarta, 29, o petista já tem uma reunião com os ministros Rui Costa, Jorge Messias e Ricardo Lewandowski e com o diretor da Polícia Federal (PF), Andrei Rodrigues, para tratar das ações que o governo federal vai tomar para tentar garantir a segurança na capital fluminense.

O encontro deve servir, conforme o colunista Lauro Jardim, do jornal O Globo, para definir que tipo de ajuda o Palácio do Planalto e a PF podem oferecer ao Rio de Janeiro — o governador Cláudio Castro (PL), inclusive, deve se encontrar com membros do governo federal também no dia de hoje.

Ministério da Justiça diz apoiar ações no RJ desde 2023

O Ministério da Justiça e Segurança Pública (MJSP) reforçou nesta terça-feira, 28, que mantém cooperação plena com o Governo do Rio de Janeiro no combate ao crime organizado e que nunca negou pedidos de apoio do estado, após questionamentos sobre operações recentes.

Em coletiva à imprensa, o ministro Ricardo Lewandowski destacou que não recebeu aviso prévio ou solicitação específica relacionada à operação realizada pelo estado nesta terça-feira. Ele reforçou ainda que desde 2024 apresentou a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) da Segurança Pública e que busca fortalecer a atuação coordenada entre União e estados contra o crime organizado.

O pronunciamento se deu horas após o início de uma operação policial em comunidades da capital fluminense, que resultou em mais de 60 mortos, 81 prisões, além de apreensões de armas e drogas.

A OPINIÃO DE RAQUEL SHEHERAZADE

 

terça-feira, 28 de outubro de 2025

França julga 10 pessoas por 'assédio virtual' contra Brigitte Macron

Réus são acusados de espalhar que a primeira-dama teria nascido homem

Mateus Conte
Presidente da França, Emmanuel Macron, e sua mulher, Brigitte | Foto: Reprodução/Flickr

O Tribunal Criminal de Paris começou nesta segunda-feira, 27, o julgamento de dez pessoas acusadas de assédio virtual contra a primeira-dama francesa, Brigitte Macron. Os réus, oito homens e duas mulheres, têm entre 41 e 65 anos e são acusados pelas autoridades de serem responsáveis por disseminar, nas redes sociais, a alegação de que a mulher do presidente Emmanuel Macron teria nascido homem.

A investigação começou depois de uma queixa apresentada pela própria Brigitte em agosto de 2024. De acordo com o Ministério Público de Paris, os acusados fizeram “diversas declarações maliciosas sobre o gênero e a sexualidade” da primeira-dama, além de associarem a diferença de idade entre ela e o presidente (24 anos) à “pedofilia”. Se condenados, podem pegar até dois anos de prisão.

Segundo os promotores, as publicações ofensivas incluíam frases como “afirmo que Brigitte é um homem” e “um velho travesti”. A primeira-dama, de 72 anos, não compareceu à audiência, mas, conforme informou seu advogado, Jean Ennochi, poderá ser representada pela filha, Tiphaine Auzière, chamada a depor.

Justiça francesa atribui atividades a “gabinete do ódio”

Entre os acusados está o publicitário francês Aurélien Poirson-Atlan, de 41 anos, conhecido nas redes sociais pelo pseudônimo “Zoé Sagan”. Ele acumulou cerca de 200 mil seguidores na plataforma X antes de ter a conta suspensa. Segundo a imprensa francesa, “Zoé” era uma identidade fictícia feminina usada para divulgar teorias conspiratórias e “revelações” contra políticos e figuras públicas. Durante o intervalo da audiência, Poirson-Atlan declarou à imprensa que o caso representa uma forma de “assédio inverso”.

Outra figura central no processo é Delphine Jégousse, de 51 anos, médium e youtuber conhecida como “Amandine Roy”. Ela ficou conhecida depois de publicar, em 2021, uma entrevista de quatro horas com a jornalista Natacha Rey. No vídeo, as duas afirmavam que Brigitte seria uma mulher transgênero cujo nome de nascimento teria sido Jean-Michel, nome real do irmão da primeira-dama.

A gravação viralizou rapidamente e acumulou centenas de milhares de visualizações em poucos dias. Em setembro de 2024, ambas foram condenadas por difamação e obrigadas a pagar indenizações à família Macron, mas foram absolvidas em julho deste ano, em decisão agora contestada na Corte de Cassação.

Alegações atravessaram o oceano

As teorias sobre o gênero da primeira-dama surgiram em 2017, durante a primeira eleição de Macron. O boato ganhou força em 2021, quando foi publicado pela revista francesa Faits et Documents e, posteriormente, disseminado em redes sociais.

No ano seguinte, o rumor atravessou fronteiras e passou a circular amplamente nos Estados Unidos. A comentarista política de direita Candace Owens lançou a série Tornando-se Brigitte, em que afirmou que a primeira-dama teria “nascido homem”. Em março de 2024, Candace declarou: “Colocaria toda a minha reputação profissional em jogo na afirmação de que Brigitte é, de fato, um homem”.

A série alcançou mais de um bilhão de visualizações em menos de três meses. Diante da repercussão, o casal presidencial francês moveu um processo de difamação contra Candace nos Estados Unidos, em julho de 2024. O advogado do casal, Tom Clare, afirmou que os Macrons estão dispostos a apresentar “provas científicas” e fotografias para comprovar que Brigitte nasceu mulher.

As mesmas alegações reproduzidas por Candace foram amplamente compartilhadas pelos réus sob julgamento em Paris. Um deles publicou que “duas mil pessoas” estariam prontas para ir “de porta em porta em Amiens”, cidade natal do casal Macron, para “descobrir a verdade sobre o caso Brigitte”.

Janja e o presidente da França, Emmanuel Macron | Foto: Reprodução/Twitter/X
Brigitte Macron alega impacto pessoal

A defesa de Delphine argumentou que o processo foi movido de forma injusta. “Pensamos que é apenas um problema de liberdade de expressão e não um problema de ciberassédio”, afirmou a advogada Maud Marian.

Brigitte declarou anteriormente que os rumores tiveram forte impacto pessoal. “Todas essas alegações tiveram um efeito profundo sobre mim e sobre o meu círculo”, afirmou. “Não há uma única viagem internacional em que alguém não mencione o assunto e não existe um cônjuge de chefe de Estado que não tenha ouvido falar disso.”

Macron também se manifestou sobre o episódio. Em discurso no Dia Internacional da Mulher, em março deste ano, ele afirmou que “o pior é a desinformação e os cenários fabricados”, pois “as pessoas acabam acreditando neles”.

O julgamento deve continuar ao longo da semana. Caso condenados, os réus poderão cumprir pena de até dois anos de prisão e pagar multas por difamação e assédio virtual.

Ex-diretor do INSS nega fraude, mas admite ter recebido R$ 2 mi de empresas ligadas ao ‘Careca’

Alexandre Guimarães disse ter prestado serviços à Brasília Consultoria, vinculada ao empresário Antônio Carlos Camilo Antunes

Sarah Peres
O ex-diretor do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), Alexandre Guimarães | Foto: Carlos Moura/Agência Senado

O ex-diretor de Governança, Planejamento e Inovação do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) Alexandre Guimarães afirmou que recebeu mais de R$ 2 milhões de empresas ligadas a Antônio Carlos Camilo Antunes, o “Careca do INSS”. Ele negou, porém, ter participado de irregularidades no esquema de descontos indevidos em aposentadorias e pensões.

Sem habeas corpus, Alexandre Guimarães prestou depoimento à Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do INSS nesta segunda-feira, 27. Na reunião, ele respondeu a todas as perguntas dos parlamentares.

Durante a oitiva, o ex-diretor do instituto disse que recebeu o valor em decorrência de serviços de educação financeira prestados à Brasília Consultoria, uma das empresas do “Careca do INSS”: “Eu não cometi irregularidades”. “Eu só prestei serviços para a Brasília Consultoria, tenho notas fiscais”, argumentou.

Segundo Alexandre Guimarães, a Vênus Consultoria, empresa de sua propriedade, foi criada em 2022 e encerrada em 2025, depois da deflagração da Operação Sem Desconto, realizada pela Polícia Federal (PF) com apoio da Controladoria-Geral da União (CGU).

Alexandre Guimarães durante depoimento na CPMI do INSS | Foto: Carlos Moura/Agência Senado

Pagamentos feitos pelo “Careca do INSS”

O relator da CPMI, deputado Alfredo Gaspar (União-AL), indagou o depoimento sobre a origem e a natureza dos pagamentos recebidos: “Esses mais de R$ 2 milhões recebidos do chefe da organização criminosa de descontos roubados de aposentados e pensionistas, em algum momento, dizem respeito à vantagem indevida?”.

Em resposta, Alexandre Guimarães disse: “Nenhuma”. “Eu não recebi do senhor Antônio. Eu recebi da empresa para a qual eu prestava serviço”, prosseguiu o ex-diretor do instituto.

Ele também confirmou que Rubens Oliveira Costa, apontado pela PF como operador financeiro do grupo, auxiliou na abertura da Vênus Consultoria, e que o contador da empresa, Alexandre Caetano, prestava serviços às empresas de Antunes. A coincidência levantou questionamentos de parlamentares sobre o vínculo empresarial.

Trajetória no instituto

Alexandre Guimarães relatou que conheceu o “Careca do INSS” em 2022, por meio de amigos em comum, e disse que o encontro “não teve relação com o INSS”.

O ex-diretor do órgão afirmou ainda que sua primeira passagem pelo instituto ocorreu em 2017, quando foi indicado pelo então deputado André Moura (SE) para o cargo de diretor de Gestão de Pessoas, retornando em 2021 por indicação do deputado Euclydes Pettersen (Republicanos-MG) para a diretoria de Governança.

“Eu não tenho relacionamento com políticos, apenas enviei meus currículos, que acabaram chegando à liderança do governo”, afirmou.

O presidente da CPMI do INSS, senador Carlos Viana (Podemos-MG) | Foto: Jefferson Rudy/Agência Senado

Ao final da sessão desta segunda-feira, o presidente da CPMI, senador Carlos Viana (Podemos-MG), destacou que o depoimento será avaliado em conjunto com documentos já recebidos pela CPMI: “A cada testemunha que presta depoimento, novas conexões surgem. Nosso trabalho é entender como o esquema se estruturou dentro do INSS”.

Lula diz que errou ao falar sobre reeleição em viagem à Ásia

Petista afirma que anúncio sobre 2026 deveria ter sido feito no Brasil

Fábio Bouéri
Lula da Silva, durante cerimônia de boas-vindas na Malásia | Foto: Ricardo Stuckert/PR

O presidente Lula da Silva reconheceu nesta segunda-feira, 27, que cometeu um “erro” ao anunciar, durante a visita à Indonésia, a intenção de disputar a reeleição em 2026. O petista afirmou que o assunto deveria ir a público somente em território brasileiro.

“Eu não deveria ter falado na Indonésia que era candidato. Tenho que falar é no Brasil. Foi um lapso da minha parte — afinal, não tenho voto lá”, disse Lula a jornalistas na Malásia, onde participa da 47ª Cúpula da Associação de Nações do Sudeste Asiático (Asean).

Lula: “Equipe está preparada”

Na semana passada, o presidente admitiu publicamente, pela primeira vez, que pretende concorrer a um quarto mandato. Durante discurso ao lado do presidente indonésio, Prabowo Subianto, o petista afirmou que o atual mandato termina em 2026, mas que sua equipe “está preparada para disputar outras eleições”.

Até então, o esquerdista condicionava uma nova candidatura ao seu estado de saúde. Ele dizia que só entraria na disputa caso se sentisse em boas condições físicas e mentais. O petista acrescentou que a próxima disputa presidencial tende a ser dura. Afirmou, contudo, que só voltará às urnas se for com o objetivo de vencer.

A antecipação de sua candidatura ocorre em meio a um cenário de recomposição de opositores, que ainda tentam resistir à perseguição política do Supremo Tribunal Federal (STF), conforme acusam vários políticos e juristas. Do mesmo modo, o anúncio do plano petista coincide principalmente com a recente prisão de seu maior rival, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

Pesquisa divulgada nesta segunda-feira, 27, pelo Instituto Paraná Pesquisas mostra que o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), tem o melhor potencial eleitoral para disputar a Presidência da República em 2026. Ele tem a menor rejeição e a maior aceitação entre o eleitorado, embora seja o menos conhecido.

PGR é favorável à investigação de registros de Filipe Martins nos EUA

Documentos oficiais revelam que o ex-assessor de Bolsonaro não esteve em território norte-americano durante o ano de 2022

Yasmin Alencar
O ex-assessor da Presidência Filipe Martins está em prisão domiciliar | Foto: Reprodução/X

Depois de uma solicitação da Polícia Federal, a Procuradoria-Geral da República (PGR) defendeu, no Supremo Tribunal Federal (STF), a ideia de que as circunstâncias que envolvem os registros de entrada de Filipe Martins nos Estados Unidos em 30 de dezembro de 2022 sejam alvo de investigação independente.

Filipe Martins, ex-assessor de relações internacionais do então presidente Jair Bolsonaro (PL), integra o chamado núcleo 2 na denúncia apresentada pela PGR sobre a suposta tentativa de golpe. A controvérsia surgiu quando seus dados apareceram na lista de passageiros da aeronave presidencial e também em sistemas oficiais norte-americanos.

Segundo informações da Polícia Federal, o nome de Martins constava nos bancos de dados do Departamento de Segurança Interna dos EUA (DHS) e do Serviço de Alfândega e Proteção de Fronteiras (CBP), ambos responsáveis por controlar o acesso ao país e fiscalizar fronteiras.

Em 10 de outubro deste ano, o CBP confirmou à Procuradoria-Geral da República que houve registro migratório de entrada do ex-assessor em solo norte-americano na data questionada. Já a defesa de Martins alega que ele não viajou aos Estados Unidos e sustenta que o registro foi incorretamente incluído no sistema, ressaltando que a apuração prossegue nos órgãos federais dos EUA.

Para a PGR, a divergência nos dados pode sugerir manipulação

Para o procurador-geral da República, Paulo Gonet, a divergência nos dados pode sugerir manipulação, como destacou: “Contradição verificada pode indicar a manipulação dos dados da entrada de Filipe Martins em território norte-americano, mediante a utilização de procedimento migratório diferenciado para o registro de ingresso no país”.

“Aventa-se a hipótese de que o réu tentou ludibriar as autoridades públicas, com o intuito de embaraçar a persecução penal”, disse Gonet. “O dolo de embaraço parece ser endossado pela disseminação de notícias distorcidas a respeito da prisão do réu e de ataques explícitos a autoridades públicas, a fim de tumultuar a investigação criminal.”

O parecer da PGR conclui que os fatos conhecidos até agora podem caracterizar o crime de obstrução de investigação relacionada a organização criminosa, conforme o artigo 2º, parágrafo 1º, da Lei nº 12.850/2013, sem excluir a possibilidade de outros delitos. “Há, portanto, elementos mínimos para justificar a instauração de investigação criminal”.

STF marca julgamento de denúncia contra ex-assessor de Alexandre de Moraes

Recebimento da acusação será votado no plenário virtual da 1ª Turma

Loriane Comeli
Eduardo Tagliaferro, então chefe da AEED (Assessoria Especial de Enfrentamento à Desinformação) do TSE, e o ministro Alexandre de Moraes | Foto: Reprodução/Redes sociais

A 1ª Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) começa a julgar na próxima semana, no plenário virtual da Corte, o recebimento da denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR) contra Eduardo Tagliaferro, ex-assessor do ministro Alexandre de Moraes no Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

Na denúncia, o procurador-geral da República, Paulo Gonet, acusa Tagliaferro de violação de sigilo funcional, por expor diálogos que mostram a suposta perseguição de Moraes a determinados alvos, coação durante processo, obstrução de investigação sobre organização criminosa e tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito.

Moraes — acusado por Tagliaferro — é o relator do caso contra Tagliaferro. O julgamento começa na sexta-feira 7 e dura uma semana, até 14 de novembro. No plenário virtual, não há debate. Os ministros apenas registram seus votos, concordando ou divergindo do relator, com voto escrito ou não.

Além de Moraes, fazem parte da 1ª Turma Cristiano Zanin, Flávio Dino e Cármen Lúcia. O colegiado também era composto de Luiz Fux, que recentemente pediu mudança à 2ª Turma.

Investigação e possíveis consequências

O ex-assessor é investigado por divulgar mensagens trocadas entre servidores de gabinetes de Moraes no STF e no TSE. O julgamento em curso não decide sobre a culpa nem absolvição de Tagliaferro, mas verifica se há elementos para abertura de ação penal. Caso a denúncia seja acatada, ele passará à condição de réu, e o caso avançará para fase de instrução processual.

Logo que o julgamento foi agendado, a defesa de Tagliaferro solicitou ao STF a retirada do caso do plenário virtual, com pedido para análise presencial e autorização de sustentação oral, o que depende da decisão de Moraes.

Acusações da PGR contra Tagliaferro

A acusação formal aconteceu quatro meses depois do indiciamento pela Polícia Federal, que relatou que Tagliaferro teria informado à esposa sobre o envio de dados ao jornal Folha de S.Paulo, em agosto do ano passado, quando as denúncias de irregularidades na conduta de Moraes começaram a ser feitas.
Tagliaferro atuou diretamente em processos sensíveis relacionados às eleições de 2022 e às investigações que se seguiram aos atos de 8 de janeiro de 2023 | Foto: Divulgação/Oeste

Posteriormente, Tagliaferro divulgou novas mensagens que expuseram diálogos que lançam dúvida sobre a conduta de Moraes. As novas divulgações ficaram conhecidas como Vaza Toga 2 e Vaza Toga 3, que foram objeto da reportagem “A fraude exposta“, publicada pela Revista Oeste.

Segundo Gonet, entre maio e agosto de 2024, Tagliaferro teria divulgado à imprensa diálogos confidenciais que manteve quando era assessor-chefe da Assessoria Especial de Enfrentamento à Desinformação do STF e TSE. “Para atender a interesses ilícitos de organização criminosa responsável por disseminar notícias fictícias contra a higidez do sistema eletrônico de votação e a atuação do STF e TSE, bem como pela tentativa de golpe de Estado e abolição violenta do Estado Democrático de Direito”, afirmou Gonet.

O procurador-geral também alega que Tagliaferro praticou coação no processo ao ameaçar revelar outras informações sigilosas, depois de sair do Brasil. Gonet afirma ainda que o investigado aderiu às ações da organização criminosa investigada nos inquéritos das fake news, da trama golpista e das milícias digitais, buscando influenciar a percepção sobre as apurações.

Réus do ‘núcleo 1’ tentam reverter condenações no STF

Recursos indicam omissões, pedem revisão de penas e contestam provas utilizadas

Luis Batistela
Os advogados protocolaram as petições dentro do prazo de cinco dias úteis depois da publicação do acórdão no Diário Oficial | Foto: Dorivan Marinho/STF

Seis aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro apresentaram nesta segunda-feira, 27, recursos contra a condenação por suposta tentativa de golpe de Estado. Os advogados acusam a 1ª Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) de ignorar teses centrais das defesas e pedem redução das penas. Apenas o delator Mauro Cid não recorreu.

Os advogados protocolaram as petições dentro do prazo de cinco dias úteis depois da publicação do acórdão no Diário Oficial. A relatoria do caso está nas mãos do ministro Alexandre de Moraes. Assim, caberá a ele abrir prazo para manifestação da Procuradoria-Geral da República antes do julgamento dos embargos pela 1ª Turma do STF.

Entre os condenados estão nomes do alto escalão do governo anterior, como os generais Augusto Heleno, Braga Netto, Almir Garnier e Paulo Sérgio Nogueira, além dos ex-ministros Anderson Torres e Alexandre Ramagem. Todos tentam reverter as sentenças com argumentos de omissão, obscuridade e contradição no julgamento.

A pena mais leve coube ao tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens da Presidência. Com colaboração premiada homologada, ele recebeu sentença de dois anos em regime aberto. Já Braga Netto recebeu a punição mais severa: 26 anos de prisão em regime fechado.

A defesa de Ramagem alega que os supostos ataques às urnas “foi um grande compilado dos pronunciamentos públicos anteriores do ex-presidente”, sem participação direta do deputado. O advogado também contesta a interpretação do STF sobre o uso do sistema FirstMile, ao dizer que os registros não provam envolvimento no esquema.

Defesas questionam falta de provas e citam individualização das condutas

No caso de Almir Garnier, os advogados afirmam que o STF falhou em individualizar a conduta do ex-comandante da Marinha. Argumentam que não ficou claro se ele agiu por ordem hierárquica ou com autonomia. O pedido também inclui a redução das penas por crimes como golpe de Estado, dano ao patrimônio e destruição de bens tombados.

A equipe de Anderson Torres diz que houve vícios na decisão e nega sua participação nos atos de 8 de janeiro. Alega que o ex-ministro se opôs publicamente às invasões e tentou desmobilizar os acampamentos em frente ao QG do Exército. A defesa pede que, se mantida a condenação, a pena seja fixada no limite mínimo da lei.

No recurso de Augusto Heleno, os advogados indicam omissões sobre as provas reunidas pela Polícia Federal, como a agenda pessoal do general e o suposto envolvimento em um gabinete paralelo. A defesa insiste em que a atuação dele, se existiu, foi secundária e pede redução da pena e das multas.
Advogados acusam STF de ignorar contraprovas e cronologia das ações dos réus

Paulo Sérgio Nogueira tenta excluir os crimes ligados aos eventos de 8 de janeiro. Os advogados alegam que o general deixou o ministério antes dessa data e teria agido em 2022 para conter a “trama do golpe”. Por isso, pedem a anulação de parte da sentença e, em último caso, revisão da pena.

Já Braga Netto afirma que a decisão foi injusta e contrária às provas do processo. A defesa ressalta omissões na análise de contraprovas, falhas processuais e supressão de instância. Questiona ainda o uso de material fornecido por Mauro Cid, que teria sido apresentado de forma massiva, dificultando a análise da acusação.

O STF ainda pode receber embargos infringentes, mas isso depende de pelo menos dois votos divergentes no julgamento anterior. No caso do “núcleo 1”, só Luiz Fux votou pela absolvição, o que enfraquece essa possibilidade. Mesmo assim, os advogados estudam usar brechas no regimento para apresentar esse tipo de recurso.

Carlos Bolsonaro confirma que vai disputar vaga no Senado por SC

O vereador afirmou que ele e a deputada Caroline De Toni foram escolhidos pelo ex-presidente para concorrer nas eleições de 2026 pelo Estado

Yasmin Alencar
Vereador Carlos Bolsonaro (PL-RJ) | Foto: Reprodução/Redes sociais

Santa Catarina deve ser palco de disputa entre aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) pelo Senado em 2026. O vereador Carlos Bolsonaro (PL-RJ) anunciou, nesta segunda-feira, 27, sua intenção de concorrer à vaga pelo Estado. Em anúncio feito no X, o vereador incluiu a afirmação de que “os pré-candidatos ao Senado em Santa Catarina de Jair Bolsonaro são Carol De Toni e Carlos Bolsonaro”.

A mensagem de Carlos foi acompanhada de uma reportagem do jornal O Estado de S. Paulo sobre a deputada federal Caroline De Toni (PL-SC), que também avalia a possibilidade de se lançar candidata ao Senado pelo partido Novo.

Aproximação de Carlos Bolsonaro e Caroline De Toni

Na sexta-feira 24, Carlos Bolsonaro já havia divulgado nas redes sociais um vídeo em que se aproxima politicamente de Caroline De Toni. No registro, afirmou que “pediu permissão” à deputada para concorrer ao Senado por Santa Catarina.

A movimentação acontece depois de Caroline De Toni declarar, em entrevista à Rádio Princesa, de Santa Catarina, na quinta-feira 23, que pode deixar o PL se não for escolhida pelo partido para a disputa ao Senado em 2026.

49,2% a 47,9%: desaprovação de Lula supera aprovação

Dados do Paraná Pesquisas foram divulgados nesta terça-feira, 28

Loriane Comeli
Desaprovação de Lula segue acima da aprovação | Foto: Fabio Rodrigues-Pozzebom/Agência Brasil

A aprovação do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) aumentou, mas ainda é inferior à desaprovação, conforme levantamento do Instituto Paraná Pesquisas divulgado nesta terça-feira, 28.

Os números mostram que 49,2% dos brasileiros desaprovam a gestão petista, ante aprovação por 47,9%. A diferença de 1,3 ponto porcentual está dentro da margem de erro da pesquisa, de 2,2 pontos porcentuais.

Em dois meses, o índice de aprovação subiu 5 pontos porcentuais, enquanto a desaprovação teve queda de 4,4 pontos no mesmo período.

Em relação à avaliação da administração de Lula, 41,1% dos consultados classificam o trabalho como ruim (7,6%) ou péssimo (33,5%). Para 35,3% consideram a gestão boa (13,8%) ou ótima (21,5%); e 22,3% avaliam como regular. Uma minoria de 1,3% não soube opinar sobre o desempenho do presidente.

O levantamento do Paraná Pesquisas foi feito entre 21 e 24 de outubro de 2025, com 2.020 eleitores, em 26 Estados e no Distrito Federal. A margem de erro da pesquisa é de 2,2 pontos porcentuais, e o grau de confiança é de 95%.

Empate técnico de Lula em eventual segundo turno

Na segunda-feira 27, o Paraná Pesquisas divulgou outro recorte da mesma pesquisa sobre um eventual segundo turno nas eleições presidenciais de 2026. O levantamento mostra um empate técnico entre Lula e três possíveis adversários: o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro (PL) e o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos). A pesquisa foi divulgada nesta segunda-feira, 27.
Simulação de segundo turno – 27/10/2025 | Foto: Reprodução/Paraná Pesquisas

Nos cenários simulados, Lula está numericamente à frente, mas tecnicamente empatado, dentro margem de erro 2,2 pontos porcentuais para mais ou para menos. O petista tem 44,9% das intenções de voto diante de Jair Bolsonaro, que soma 41,6%. Quando Michelle Bolsonaro é testada, ela repete o índice do marido, 41,6%, contra 44,7% do atual presidente. Na disputa com Tarcísio, Lula aparece com 44,9%, e o governador de São Paulo atinge 40,9%.

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