A decisão ocorreu depois de o então vice-líder ter contrariado a orientação oficial do PL e defender a suspensão do psolista
Sarah Peres
Sóstenes destitui Bibo Nunes durante anúncio no plenário na madrugada desta quinta-feira, 11 | Foto: Montagem/Oeste
A sessão que analisou o pedido de cassação do deputado Glauber Braga (Psol-RJ), nesta quarta-feira, 10, expôs uma ruptura dentro da bancada do PL. O então vice-líder do partido, Bibo Nunes (RS), desobedeceu à orientação de voto definida pelo líder, Sóstenes Cavalcante (RJ), e defendeu a absolvição do esquerdista — movimento que lhe custou a perda imediata do posto na liderança.
O gesto de insubordinação ocorreu durante a orientação de bancadas. Bibo, que até então vinha defendendo a cassação de Glauber, mudou repentinamente de posição.
Em discurso, o então vice-líder afirmou: “Eu aqui defendi a cassação o tempo todo, que ele merece, mas o jogo mudou”. “Saber perder é uma grande vitória”, acrescentando ainda, em tom de aviso aos colegas: “Cobrarei vocês depois”.

Líder do PL na Câmara dos Deputados, Sóstenes Cavalcante (PL-RJ) | Foto: kayo Magalhães/Câmara dos Deputados
A fala repercutiu na própria bancada e levou Sóstenes a formalizar o afastamento. O líder foi direto: “Um vice-líder deve lealdade ao seu líder”.
“Vice-líder desta liderança que veio aqui e fez uma orientação diferente da sua liderança”, declarou Sóstenes. “Portanto, como líder, ele, a partir de hoje, não é mais o meu vice-líder.”
Caso Glauber Braga
Deputado federal Glauber Braga (Psol-RJ) | Foto: Lula Marques/Agência BrasilNa noite de quarta-feira 10, a Câmara aprovou, por 318 votos a 141 e 3 abstenções, a suspensão do mandato do deputado Glauber Braga (Psol-RJ) por seis meses. A punição foi definida depois da aprovação de uma emenda do PT que substituiu a proposta original do Conselho de Ética — que recomendava a cassação do mandato.
O processo contra Glauber foi iniciado por uma representação do partido Novo, que o acusou de quebrar o decoro parlamentar ao expulsar da Câmara, com empurrões e chutes, o então integrante do Movimento Brasil Livre (MBL) Gabriel Costenaro, no ano passado. Toda a ação foi registrada em vídeo.
Em sua defesa, o deputado alegou ter reagido a provocações e perseguições contínuas de Costenaro. Glauber disse ainda que o militante teria proferido ofensas contra sua mãe, então em estágio avançado de alzheimer.
Quem é Bibo Nunes

O deputado Federal Bibo Nunes (PL-SP) | Foto: Divulgação/Câmara dos Deputados
Nascido em Cruz Alta (RS), Alcibio Mesquita Nunes, o Bibo Nunes, iniciou a carreira como apresentador de TV nos anos 1980 e ingressou cedo na política, tornando-se vereador pelo MDB entre 1983 e 1986. Após idas e vindas em diferentes partidos e tentativas frustradas de eleição, voltou ao cenário nacional surfando a onda bolsonarista de 2018, quando se elegeu deputado federal pelo PSL.
Em 2022, já no PL, foi reeleito para um segundo mandato. A relação com a bancada, contudo, sempre foi marcada por posições intempestivas — e o episódio desta quarta-feira simboliza a maior ruptura de sua trajetória recente dentro do partido.
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