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terça-feira, 2 de dezembro de 2025

MP: empréstimo de R$ 20 bi dos Correios pode virar ‘Bolsa Banco’

TCU analisa operação, com taxa elevada e possível risco ao Tesouro Nacional

Luis Batistela
Os Correios somam mais de três anos no vermelho e projetam perdas de até R$ 10 bilhões em 2025 | Foto: Reprodução/Flickr

O Ministério Público (MP) no Tribunal de Contas da União (TCU) fez um alerta sobre o empréstimo emergencial de R$ 20 bilhões que os Correios querem contratar.

Segundo o subprocurador Lucas Rocha Furtado, a taxa em negociação, de até 136% do Certificado de Depósito Interbancário (CDI), pode transformar a operação em uma espécie de “Bolsa Banco”.

Com aval da União, os bancos teriam segurança quase total, mesmo em caso de eventual calote dos Correios. No entanto, a taxa em discussão supera com folga o teto de 120% normalmente utilizado pelo Tesouro Nacional como limite em operações garantidas pelo governo.

Segundo o MP, os Correios já analisaram as propostas das instituições financeiras, mas não divulgaram os termos da operação. Devem participar do acordo o Banco do Brasil, o Citibank, o BTG Pactual, o ABC Brasil e o Banco Safra.

Furtado afirmou que não há justificativa para manter em sigilo uma transação que envolve recursos públicos e oferece risco direto ao Tesouro.

O MP também criticou a possível mudança em um decreto que regula a gestão de estatais. A alteração permitiria a concessão de garantias mesmo quando a taxa excede o teto de referência.

Correios recorrem a crédito parcelado diante de perdas crescentes

Os Correios somam mais de três anos no vermelho e projetam perdas de até R$ 10 bilhões em 2025. Para 2026, a previsão é ainda mais grave: um rombo de até R$ 23 bilhões. O balanço mais recente mostra que a estatal fechou os nove primeiros meses do ano com déficit de R$ 6 bilhões. No semestre anterior, o valor era de R$ 4,36 bilhões.

A administração busca condições mais vantajosas antes de concluir o acerto do empréstimo bilionário. Pelo desenho atual, o dinheiro seria repassado em etapas, estratégia usada para impedir que recursos permaneçam parados e gerem custos adicionais, já que parte das verbas só será usada em 2026.

Além disso, o contrato prevê quitação em 15 anos, com início dos pagamentos apenas depois de um período de pelo menos dois anos.

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