O relator da comissão, deputado Alfredo Gaspar (União-AL), solicitou a medida, que foi aprovada pelo presidente do colegiado
Yasmin Alencar
A reunião da CPMI do INSS | Foto: Waldemir Barreto/Agência SenadoO presidente da Confederação Nacional dos Pescadores e Aquicultores, Abraão Lincoln Ferreira da Cruz, teve a prisão decretada na madrugada desta terça-feira, 4, depois de decisão tomada pela CPMI do INSS. O relator da comissão, deputado Alfredo Gaspar (União-AL), solicitou a medida, que foi aprovada pelo presidente do colegiado. Trata-se da terceira prisão determinada pela CPMI, que já havia ordenado a detenção do presidente da Conafer e do ex-diretor de empresas conhecido como Careca do INSS.
Abraão Lincoln é acusado de prestar informações falsas ao afirmar que deixou o cargo de presidente da CNPA por vontade própria, quando, na realidade, teria sido afastado por determinação cautelar. O relator também ressaltou que ele negou conhecer Antônio Carlos Camilo Antunes, o Careca do INSS, mantendo-se em silêncio sobre esse vínculo, embora tenha admitido a relação em outros momentos do depoimento.
A investigação apura descontos irregulares em benefícios do INSS entre 2019 e 2024
A CBPA, entidade presidida por Lincoln, está sob investigação da Polícia Federal na Operação Sem Desconto, deflagrada em abril de 2025. A investigação apura descontos irregulares em benefícios do INSS entre 2019 e 2024. Por solicitação da Advocacia-Geral da União, a Justiça determinou o bloqueio de bens da confederação e do próprio Lincoln.
Lincoln compareceu à CPMI como testemunha, amparado por habeas corpus preventivo concedido pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), que assegurou o direito ao silêncio e à não autoincriminação. Durante o depoimento, o senador Carlos Viana afirmou que Lincoln “esperava se esconder no silêncio”.
Segundo os integrantes da CPMI, o depoente teria apresentado informações contraditórias e omitido dados relevantes, dificultando o esclarecimento dos fatos. Lincoln também teria distorcido a natureza do vínculo com Gabriel Negreiros, tesoureiro da CBPA, e sobre os poderes dados a Adelino Rodrigues Junior, que, segundo a comissão, movimentou recursos da entidade.
Movimentação financeira e suspeitas de fraude
De acordo com o relator, Gaspar, Adelino teria repassado R$ 59 mil à mulher do procurador-geral do INSS, Virgílio Antônio, e R$ 430 mil em espécie a João Victor Fernandes. Além disso, a CBPA teria crescido de quatro cadastros em maio de 2023 para 757 mil em 2025 e tentado filiar 40 mil pessoas já falecidas. Estima-se que a confederação recebeu R$ 221 milhões em descontos, com média de R$ 10 milhões por mês.
O relator ainda afirmou que valores da CBPA foram transferidos para empresas como Network, Plataforma Consultoria e Titanium Pay, todas relacionadas a pessoas investigadas por fraudes no INSS. Outro ponto abordado foi o envio de cerca de R$ 5 milhões ao deputado estadual Edson Cunha de Araújo (PSB-MA), vice-presidente da confederação, sobre o qual Lincoln preferiu não comentar.
“Encerramos um ciclo de impunidade e começamos o tempo da verdade, em nome dos aposentados, das viúvas, dos órfãos e da esperança que ainda vive no coração do Brasil”, disse Carlos Viana. “O Brasil ter sido enganado por um tempo, pode sim, mas nunca será calado para sempre.”
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