Paulinho da Força diz se arrepender de relatar projeto da anistia
Deputado reclama de críticas e de impasse entre a Justiça e os partidos
Fábio Bouéri

O deputado Paulinho da Força: impasse e insatisfação | Foto: Valter Campanato/Agência Brasil
O deputado Paulinho da Força (Solidariedade-SP) afirmou estar arrependido de ter assumido a relatoria do projeto da anistia. Segundo ele, o motivo é a pressão e as queixas que passou a receber de todos os lados. Do mesmo modo, reclama principalmente de não conseguir avançar com o texto devido à falta de consenso entre os líderes políticos e o Judiciário.
Paulinho assumiu a relatoria em 18 de setembro. Ele acreditava que ganharia destaque político ao encontrar uma saída para o impasse, que travava os trabalhos no Congresso. No entanto, as promessas semanais de entregar o relatório não se concretizaram. “Tenho tudo pronto na cabeça. Um bom jurista levaria 20 minutos para redigir. Hoje, eu não aceitaria [a relatoria]”, afirma.
Paulinho e as tentativas de acordo
O parlamentar se reuniu com dirigentes partidários, líderes da esquerda e da direita e até com familiares de presos pelos atos de 8 de janeiro. Dessa forma, pretendia costurar um acordo. Apesar do esforço, o texto não avançou.
Aliados relatam que Paulinho demonstrava incômodo com o papel que assumiu, por se ver no meio de disputas entre autoridades influentes sem poder real de conciliação. O impasse acabou desgastando sua imagem entre as diferentes alas do Congresso.
Setores da direita têm criticado fortemente o relator, sobretudo porque ele não incluiu um dispositivo que livrasse o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) de eventual prisão. Paulinho propôs reduzir, mas não extinguir as penas dos envolvidos na suposta tentativa de golpe de 8 de janeiro.
Para marcar essa diferença, ele passou a chamar o texto de “PL da dosimetria”, e não mais de “PL da anistia”. A ideia seria alterar artigos do Código Penal para diminuir o tempo de reclusão. Na prática, Bolsonaro poderia ser beneficiado com a redução da pena, mas continuaria condenado a mais de 20 anos de prisão, segundo o relator.
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