RADIO WEB JUAZEIRO : Ex-diretor do INSS nega fraude, mas admite ter recebido R$ 2 mi de empresas ligadas ao ‘Careca’



terça-feira, 28 de outubro de 2025

Ex-diretor do INSS nega fraude, mas admite ter recebido R$ 2 mi de empresas ligadas ao ‘Careca’

Alexandre Guimarães disse ter prestado serviços à Brasília Consultoria, vinculada ao empresário Antônio Carlos Camilo Antunes

Sarah Peres
O ex-diretor do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), Alexandre Guimarães | Foto: Carlos Moura/Agência Senado

O ex-diretor de Governança, Planejamento e Inovação do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) Alexandre Guimarães afirmou que recebeu mais de R$ 2 milhões de empresas ligadas a Antônio Carlos Camilo Antunes, o “Careca do INSS”. Ele negou, porém, ter participado de irregularidades no esquema de descontos indevidos em aposentadorias e pensões.

Sem habeas corpus, Alexandre Guimarães prestou depoimento à Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do INSS nesta segunda-feira, 27. Na reunião, ele respondeu a todas as perguntas dos parlamentares.

Durante a oitiva, o ex-diretor do instituto disse que recebeu o valor em decorrência de serviços de educação financeira prestados à Brasília Consultoria, uma das empresas do “Careca do INSS”: “Eu não cometi irregularidades”. “Eu só prestei serviços para a Brasília Consultoria, tenho notas fiscais”, argumentou.

Segundo Alexandre Guimarães, a Vênus Consultoria, empresa de sua propriedade, foi criada em 2022 e encerrada em 2025, depois da deflagração da Operação Sem Desconto, realizada pela Polícia Federal (PF) com apoio da Controladoria-Geral da União (CGU).

Alexandre Guimarães durante depoimento na CPMI do INSS | Foto: Carlos Moura/Agência Senado

Pagamentos feitos pelo “Careca do INSS”

O relator da CPMI, deputado Alfredo Gaspar (União-AL), indagou o depoimento sobre a origem e a natureza dos pagamentos recebidos: “Esses mais de R$ 2 milhões recebidos do chefe da organização criminosa de descontos roubados de aposentados e pensionistas, em algum momento, dizem respeito à vantagem indevida?”.

Em resposta, Alexandre Guimarães disse: “Nenhuma”. “Eu não recebi do senhor Antônio. Eu recebi da empresa para a qual eu prestava serviço”, prosseguiu o ex-diretor do instituto.

Ele também confirmou que Rubens Oliveira Costa, apontado pela PF como operador financeiro do grupo, auxiliou na abertura da Vênus Consultoria, e que o contador da empresa, Alexandre Caetano, prestava serviços às empresas de Antunes. A coincidência levantou questionamentos de parlamentares sobre o vínculo empresarial.

Trajetória no instituto

Alexandre Guimarães relatou que conheceu o “Careca do INSS” em 2022, por meio de amigos em comum, e disse que o encontro “não teve relação com o INSS”.

O ex-diretor do órgão afirmou ainda que sua primeira passagem pelo instituto ocorreu em 2017, quando foi indicado pelo então deputado André Moura (SE) para o cargo de diretor de Gestão de Pessoas, retornando em 2021 por indicação do deputado Euclydes Pettersen (Republicanos-MG) para a diretoria de Governança.

“Eu não tenho relacionamento com políticos, apenas enviei meus currículos, que acabaram chegando à liderança do governo”, afirmou.

O presidente da CPMI do INSS, senador Carlos Viana (Podemos-MG) | Foto: Jefferson Rudy/Agência Senado

Ao final da sessão desta segunda-feira, o presidente da CPMI, senador Carlos Viana (Podemos-MG), destacou que o depoimento será avaliado em conjunto com documentos já recebidos pela CPMI: “A cada testemunha que presta depoimento, novas conexões surgem. Nosso trabalho é entender como o esquema se estruturou dentro do INSS”.

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