EUA explodem mais um barco do narcotráfico no Pacífico

Foi o segundo ataque na região em 48 horas; operação deixou três mortos nesta quarta-feira, 22

Loriane Comeli

Ataque dos EUA contra barco do narcotráfico no Pacífico - 22/10/2025 | Foto: Reprodução

Uma nova ofensiva das Forças Armadas dos EUA contra um barco ligado ao narcotráfico no Pacífico resultou em três mortes nesta quarta-feira, 22. A informação do ataque, ocorrido em águas internacionais, foi confirmada pelo secretário de Defesa, Pete Hegseth, em uma postagem em sua conta oficial no X.

“O Departamento de Guerra realizou mais um ataque cinético letal contra uma embarcação operada por uma Organização Terrorista Designada (DTO). Mais uma vez, os terroristas, agora falecidos, estavam envolvidos no narcotráfico no Pacífico Oriental”, escreveu Hegseth.

Segundo o secretário, o serviço de inteligência dos EUA “sabia que a embarcação estava envolvida no contrabando ilícito de narcóticos, transitava por uma rota conhecida de narcotráfico e transportava entorpecentes”. “Três narcoterroristas estavam a bordo da embarcação durante o ataque, realizado em águas internacionais. Todos os três terroristas foram mortos, e nenhuma força norte-americana ficou ferida nesse ataque.”

O secretário de Guerra também disse que “esses ataques continuarão, dia após dia”. “Não se trata apenas de traficantes de drogas — são narcoterroristas que trazem morte e destruição às nossas cidades. Esses DTOs são a ‘Al-Qaeda’ do nosso hemisfério, e não escaparão da justiça. Nós os encontraremos e os mataremos, até que a ameaça ao povo norte-americano seja extinta”, afirmou Hegseth.

Mais cedo, o secretário já havia relatado outro ataque dos EUA na mesma área, na terça-feira 21, que deixou dois mortos.

Guerra ao narcotráfico: do Mar do Caribe ao Pacífico

Essas recentes investidas marcam uma mudança de foco em relação às sete operações anteriores, que tiveram como alvo embarcações no Mar do Caribe. Desde o começo dos ataques, no mês passado, ao menos 37 pessoas morreram, de acordo com dados oficiais.

O presidente Donald Trump defendeu as ações, classificando o embate contra os cartéis como um “conflito armado” e reconhecendo as organizações criminosas como combatentes ilegais. Ele sustenta que a ofensiva se baseia em autoridade legal semelhante à usada na era George W. Bush, durante a guerra ao terrorismo.

Questionado sobre o ataque mais recente, Trump garantiu que tem autoridade legal e permissão legal para a ação: “Temos permissão para fazer isso”. Ele sinalizou que ofensivas semelhantes poderiam ocorrer em terra firme. “Vamos atacá-los com muita força quando chegarem por terra”, afirmou Trump a jornalistas, prometendo que os planos serão levados ao Congresso em breve.

Reações

Parlamentares de ambos os partidos manifestaram preocupação com a decisão de Trump em autorizar as operações militares sem consultar o Congresso, nem fornecer detalhes sobre as ações. Ao lado do presidente, o secretário de Estado, Marco Rubio, argumentou: “Se as pessoas querem parar de ver barcos de drogas explodirem, parem de enviar drogas para os Estados Unidos”, declarou Rubio.

Trump, em suas publicações, reiterou que drogas ilegais, incluindo fentanil, transportadas por navios, representam ameaça à população norte-americana. Especialistas afirmam que o fentanil entra nos EUA por terra, principalmente pelo México, enquanto o leste do Pacífico é a principal rota de contrabando de cocaína, com liderança de Colômbia e Peru na produção global.