Além dos repasses aos partidos, Cavalcanti declarou ter feito doações a postulantes aos cargos de prefeito e vereador em 2024
Yasmin Alencar

O empresário Fernando dos Santos Andrade Cavalcanti em pronunciamento à CPMI do INSS | Foto: Carlos Moura/Agência Senado
As transações financeiras de Fernando dos Santos Andrade Cavalcanti, empresário e economista atualmente investigado pela Polícia Federal no caso do INSS, ganharam destaque depois de sua participação na CPMI do INSS, nesta segunda-feira, 6. Ele confirmou ter feito doações de R$ 100 mil ao Partido dos Trabalhadores (PT) e ao Partido Progressista (PP) nas eleições de 2022, além de transferências a candidatos de diferentes legendas.
Questionado pelo relator, Alfredo Gaspar (União-AL), durante a sessão, Cavalcanti afirmou que as contribuições foram motivadas pela polarização política no país e negou interesse pessoal nas doações, ressaltando que todas ocorreram de acordo com a legislação. “Não possuía nenhum interesse, zero”, afirmou o empresário.
Doações, eventos e relacionamento com políticos
Além dos repasses aos partidos, Cavalcanti declarou ter feito doações entre R$ 50 mil e R$ 200 mil a postulantes aos cargos de prefeito e vereador em 2024. Ele relatou ainda ter cedido sua residência no Lago Sul, em Brasília, para evento do PSD e doado um veículo ao governador Ibaneis Rocha (MDB-DF) em comemoração ao aniversário do chefe do Executivo distrital.
O deputado Rogério Correia (PT-MG) afirmou que as contribuições de Cavalcanti ao PT estariam relacionadas ao diretório paulista do partido. Ele sugeriu que mais informações sejam buscadas com o PT de São Paulo.
Patrimônio, empresas e investigações
Durante o depoimento, a origem dos bens de Cavalcanti também foi foco de questionamentos. O relator Alfredo Gaspar destacou o crescimento do patrimônio do empresário desde 2018, citando sua renda formal de R$ 51 mil mensais e R$ 5 mil de uma Assembleia Legislativa, contrastando com a magnitude de seus bens. O empresário argumentou que parte dos ganhos veio da participação em lucros de um escritório de advocacia, resultando, segundo ele, de “trabalho árduo e crescimento exponencial do mercado jurídico”.
Cavalcanti controla uma empresa de investimentos com capital social de R$ 1 milhão, proprietária de até 23 veículos, entre eles uma Ferrari avaliada em R$ 4 milhões, três carros Mercedes-Benz, dez motocicletas e dois Cadillacs. Ele explicou que utilizava a empresa para emitir notas fiscais, pois não podia ser sócio formal do escritório jurídico. O faturamento mensal da empresa, conforme depoimento, alcançava R$ 7 milhões.
Segundo Cavalcanti, sua evolução patrimonial não tem relação com fraudes no INSS
Na operação policial, oito relógios de luxo, um deles avaliado em R$ 1,3 milhão, e cerca de cem garrafas de vinho, estimadas em R$ 7 milhões, foram apreendidos, permanecendo ele como fiel depositário dos itens. Cavalcanti negou ocultação de veículos, justificando que mandou retirar os carros de sua casa para protegê-los antes da ação da PF, e não para dificultar a investigação.
O empresário também refutou ser “laranja” do advogado investigado e afirmou que está se desvinculando de sociedades empresariais por exigências de compliance. Segundo Cavalcanti, sua evolução patrimonial não tem relação com fraudes no INSS, e suas funções eram apenas de gestor. “Nunca fui laranja nem operador de esquema”, declarou. Ele ressaltou que os pagamentos recebidos eram compatíveis com sua atuação empresarial.
No dia 12 de setembro, a Polícia Federal cumpriu mandado de busca e apreensão na residência de Cavalcanti, em Brasília. Foram recolhidos veículos de luxo, uma Ferrari vermelha, uma réplica de carro de Fórmula 1, relógios e dinheiro vivo. O empresário afirmou que todos os bens foram adquiridos legalmente, incluindo a Ferrari, que está financiada até 2027.
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