Comissão deve votar, na próxima quinta, 9, a convocação de Reissanluz Sousa de Oliveira e de Henrique Traugott Binder Galvão, como testemunhas
Lucas Cheiddi

À esquerda, o senador Weverton Rocha (PDT-MA); à esquerda, o lobista Careca do INSS | Fotos: Divulgação/Agência Senado
A Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) deve analisar, na próxima quinta-feira, 9, a convocação do piloto Reissanluz Sousa de Oliveira. Ele operou diversos voos em jatinho utilizado pelo senador Weverton Rocha (PDT-MA) e pelo lobista Antônio Carlos Camilo Antunes, conhecido como “Careca do INSS”.
Avaliada em R$ 2,8 milhões, a aeronave serve de ligação entre o parlamentar e o lobista, o qual seria figura central da fraude bilionária contra aposentados. O avião, modelo Beech F90 e prefixo PT-LPL, pertence ao advogado Erik Marinho, responsável pela defesa do Careca do INSS no Supremo Tribunal Federal (STF) durante a Operação Sem Desconto.
Segundo documentos, o lobista utilizou o jatinho ao menos em duas datas de 2024: 2 de fevereiro e 13 de julho, com embarques registrados em um aeroporto executivo de São Paulo. Rocha também foi flagrado pela imprensa ao descer do mesmo avião nos dias 1º e 15 de setembro, no Aeroporto de Brasília, em voos frequentes entre a capital federal, São Paulo e São Luís.
Pilotos na mira da CPMI do INSS
Além de Reissanluz, o relator da CPMI, Alfredo Gaspar (União-AL), propôs a convocação de Henrique Traugott Binder Galvão, piloto da Confederação Nacional de Agricultores Familiares e Empreendedores Familiares Rurais (Conafer), que teria transportado o secretário Silas da Costa Vaz. Ele é apontado como laranja em fraudes de descontos indevidos que envolvem a entidade.
A apresentação dos pedidos de convocação ocorreu nesta segunda-feira, 6, e ambos os pilotos devem comparecer como testemunhas. “Por ter conhecimento de quem utilizava as aeronaves como passageiro, ele está em posição privilegiada para oferecer informações relevantes sobre possíveis conexões com práticas fraudulentas que afetaram milhões de aposentados e pensionistas”, afirmou Gaspar nos documentos.
O Careca do INSS foi ouvido pela CPMI em 25 de setembro e negou envolvimento no esquema ou vínculo com parlamentares. “Não existe essa rede de relacionamento minha com parlamentares, qualquer que seja, haja vista que vocês são um grupo inteligente, seleto”, disse. “Pergunte a quem me conhece aqui dentro dessa casa. Ninguém me conhece. Eu não tenho interesse, eu não trabalho com o governo, qualquer que sejam as suas esferas.”
Ele declarou ainda que a única vez em que visitou Rocha foi para tratar de produtos à base de cânabis, em representação de uma marca internacional. O lobista classificou como “enredo fantasioso” as acusações de ser operador do esquema, estimado em R$ 6 bilhões.
Investigações sugerem que, além das empresas, o Careca do INSS controlava call centers para captar filiados, os quais recebiam até 27,5% dos descontos irregulares, e é suspeito de corromper ex-diretores do INSS com pagamentos e doações de carros de luxo.
Reunião da CPMI | Foto: Waldemir Barreto/Agência Senado
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