Depoimento cita remessas de dinheiro a Lula e Dilma; material retoma popularidade com influência dos irmãos Batista na atual gestão do PT
Fábio Bouéri

Lula da Silva, Joesley Batista e Dilma Rousseff: corrupção | Foto: Montagem sobre reprodução/Redes sociais
Um vídeo com trecho do depoimento do empresário Joesley Batista ao Ministério Público Federal, em 2017, como parte do acordo de delação premiada da Operação Lava Jato, voltou a circular com força nas redes sociais nos últimos dias.
A retomada da popularidade ocorre em meio a questionamentos sobre a influência dos irmãos Batista no atual mandato do presidente Lula da Silva. Joesley, aliás, teria atuado recentemente como interlocutor informal do governo em assuntos de natureza diplomática envolvendo o Brasil. O caso, inclusive, foi tema em veículos da imprensa europeia, como o londrino The Guardian.
Joesley detalha uso de propina
No trecho que voltou a ganhar repercussão, Joesley descreve a existência de contas no exterior que teriam sido utilizadas para financiar campanhas eleitorais do Partido dos Trabalhadores. Segundo o empresário, os repasses começaram ainda durante o governo Lula, por volta de 2009 ou 2010, e continuaram ao longo do governo da então presidente Dilma Rousseff. Ele relata que, inicialmente, os recursos estavam concentrados em uma única conta.
De acordo com o depoimento, na transição entre os governos, houve a orientação para separar os valores. Joesley afirma que o então ministro da Fazenda, Guido Mantega, teria solicitado a abertura de uma segunda conta, uma vinculada ao período de Lula e outra ao de Dilma. No relato, o empresário diz ter questionado se os presidentes tinham conhecimento do esquema e ouvido como resposta que ambos estariam cientes.
Ainda segundo o depoimento, o montante acumulado ao longo de cerca de cinco a seis anos teria alcançado aproximadamente US$ 150 milhões, divididos entre as duas contas. Joesley afirma que todo esse valor foi utilizado durante a campanha eleitoral de 2014, quando Dilma Rousseff concorreu à reeleição.
À época, as declarações integraram um conjunto mais amplo de revelações feitas por executivos do grupo J&F, controlador da JBS, que tiveram forte impacto político e judicial. O retorno do vídeo agora ocorre em um contexto distinto, marcado por novas discussões sobre a proximidade dos irmãos Batista com o governo federal.
Nas últimas semanas, a exposição de Joesley em episódios de interlocução informal em temas internacionais, bem como patrocínio a eventos no exterior com a participação de autoridades brasileiras, reacendeu críticas sobre a sua influência nos bastidores do poder.
A circulação do vídeo tem sido usada por opositores para relembrar episódios da Lava Jato, enquanto aliados do governo afirmam que se trata de fatos antigos, já investigados, sem relação direta com a gestão atual.
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