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sexta-feira, 12 de dezembro de 2025

Endividados, Correios acionam Justiça trabalhista para mudar acordos

Estatal tenta reabrir negociações sobre salários e benefícios em meio a pressões orçamentárias

Erich Mafra

Corte de benefício amplia tensão com funcionários, que manifestam intenção de greve | Foto: Divulgação/Sintect

Os Correios acionaram o Tribunal Superior do Trabalho (TST) para tentar renegociar salários e benefícios da categoria, movimento que ocorre em meio ao aperto financeiro da estatal. A gestão busca flexibilizar cláusulas do acordo coletivo que ampliam vantagens além do previsto pela Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) e que, segundo avaliação interna, pressionam as contas da empresa.

Representantes dos empregados defendem a recomposição integral da inflação e querem preservar os benefícios extras já oferecidos, tema que gerou o impasse levado ao tribunal. Entre os pontos mais sensíveis está o mecanismo de ponto por exceção. Ele permite o registro de horas extras sem compensação quando o funcionário encerra a jornada antes do horário padrão. A diretoria afirma que essa regra compromete a produtividade.

Correios terão gastos de R$ 15 bi com pessoal

A primeira reunião ocorreu na quinta-feira, 11, conduzida pelo vice-presidente do TST, ministro Guilherme Caputo. Ele é responsável por mediar as tratativas antes de eventual abertura de dissídio coletivo. Segundo o jornal Folha de S. Paulo, o tribunal considera o caso prioritário e pretende realizar encontros longos para evitar paralisações, o que agravaria a situação operacional dos Correios.

O acordo coletivo atual, firmado em setembro de 2024 e prorrogado até 15 de dezembro, não deve ser renovado pela empresa. A decisão não elimina todos os benefícios adicionais, mas amplia a margem de manobra para a gestão. A empresa pretende manter auxílios de baixo impacto orçamentário, como o repasse de R$ 1.030,58 para empregados com dependentes com deficiência.

O TST trabalha para tentar concluir a mediação antes do Natal, embora não descarte negociações mais longas. A situação financeira reforça a urgência: a despesa com pessoal chegará a R$ 15,1 bilhões neste ano, o equivalente a quase dois terços dos gastos correntes da estatal. Em 2026, o plano de reestruturação prevê o desligamento de 10 mil empregados, com outros 5 mil em 2027, por meio do programa de demissão voluntária. A projeção é de economia anual de R$ 1,4 bilhão.

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