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quarta-feira, 26 de novembro de 2025

Cabral não chegou à Bahia? Pesquisa reacende polêmica histórica

Modelagens científicas reacendem debate sobre o verdadeiro destino de Cabral

Por Isabela Cardoso
A conclusão nasce de uma análise técnico-científica - Foto: Shutterstock

Um estudo recente reacendeu um dos debates mais emblemáticos da história brasileira: afinal, onde Pedro Álvares Cabral avistou o Brasil pela primeira vez? Pesquisadores da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) e da Universidade Federal da Paraíba (UFPB) defendem que o ponto inicial da expedição portuguesa pode ter sido muito mais ao norte do que registra a narrativa oficial.

Publicado no Journal of Navigation, da Universidade de Cambridge, o trabalho dos físicos Carlos Chesman e Claudio Furtado indica que a frota de Cabral não teria chegado inicialmente a Porto Seguro (BA), mas ao litoral potiguar, entre Rio do Fogo e São Miguel do Gostoso.

A conclusão nasce de uma análise técnico-científica que combina simulações de vento e correntes marítimas, medições de profundidade e uma releitura da carta de Pero Vaz de Caminha.

O “monte redondo” pode não ser o Monte Pascoal

Ao confrontar descrições do documento de Caminha com dados geográficos atuais, os pesquisadores identificaram que o “grande monte, mui alto e redondo”, tradicionalmente associado ao Monte Pascoal, na Bahia, se encaixaria com maior precisão no perfil do monte Serra Verde, localizado no interior do Rio Grande do Norte.

As simulações mostram que, após navegar cerca de 4 mil quilômetros desde Cabo Verde, as condições naturais favoreceriam uma aproximação pela costa potiguar.
Onde os portugueses teriam pisado primeiro

A pesquisa aponta ainda que o primeiro desembarque teria ocorrido na praia de Zumbi, em Rio do Fogo, e o segundo na praia do Marco, onde existe um marco de pedra datado de 1501.

A hipótese não nasce do zero: desde o século XX, estudiosos potiguares, como Câmara Cascudo, já sugeriam que a versão tradicional ignorava evidências náuticas e geográficas que aproximavam a chegada de Cabral do Nordeste setentrional.

Divergências históricas permanecem

Apesar dos novos cálculos e metodologias das ciências exatas, a tese não é consenso. Pesquisas clássicas, como a do almirante Max Justo Guedes, defendem a chegada à Bahia com base em rotas de navegação da época e na movimentação das caravelas sob ventos predominantes.

A nova análise, porém, reforça que revisitar documentos e confrontá-los com tecnologias modernas pode ampliar o entendimento sobre a formação do Brasil.

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