RADIO WEB JUAZEIRO : Brasil lidera ranking de supersalários no setor público com R$ 20 bi acima do teto constitucional



quinta-feira, 27 de novembro de 2025

Brasil lidera ranking de supersalários no setor público com R$ 20 bi acima do teto constitucional

O relatório identificou 53,5 mil servidores, ativos e aposentados, com salários superiores ao limite de R$ 46,3 mil, principalmente nas áreas da magistratura, Ministério Público, além de advogados da União e procuradores federais

Yasmin Alencar
Visão aérea da Esplanada dos Ministérios, em Brasília | Foto: Divulgação/GovBR

Um levantamento recente revelou que o Brasil lidera o ranking mundial de supersalários no setor público, acumulando R$ 20 bilhões em pagamentos acima do teto constitucional entre agosto de 2024 e julho de 2025. Esse montante supera em 21 vezes o da Argentina, segunda colocada no estudo internacional.

O relatório identificou 53,5 mil servidores, ativos e aposentados, com salários superiores ao limite de R$ 46,3 mil, principalmente nas áreas da magistratura, Ministério Público, além de advogados da União e procuradores federais. Aproximadamente 11 mil juízes brasileiros receberam mais de US$ 400 mil, cifra superior ao salário máximo de magistrados em sete dos dez países analisados, considerando o poder de compra local.

Comparativo internacional e concentração de renda

Além do Brasil, a pesquisa avaliou dez países, incluindo Alemanha, Estados Unidos e Reino Unido. Nos Estados Unidos, pouco mais de 4 mil servidores ganham acima do teto, enquanto nenhum outro país ultrapassa a marca de 2 mil profissionais com supersalários; a Alemanha não registrou nenhum caso.

No território brasileiro, cerca de 40 mil servidores fazem parte do 1% mais rico do país, com rendimento anual acima de R$ 685 mil em 2025. A maioria pertence à magistratura (49,8%) e ao Ministério Público (21,1%). O estudo indica que, ao arrecadar impostos e pagar supersalários, o Estado contribui para a concentração de renda.


A discussão sobre a limitação dos supersalários integra a proposta de Reforma Administrativa em análise na Câmara dos Deputados, mas enfrenta resistência em contexto pré-eleitoral.

Resistência institucional e justificativas para pagamentos extras no Brasil

O Conselho Nacional de Justiça declarou que o Judiciário possui autonomia financeira e que a Corregedoria Nacional de Justiça fiscaliza, apura e pode suspender pagamentos irregulares. O órgão realiza controle posterior e investiga possíveis ilegalidades.

Segundo o Ministério da Gestão e Inovação dos Serviços Públicos, no Executivo Federal, aproximadamente 1% dos servidores ultrapassam o teto constitucional. O órgão explicou que esses profissionais recebem valores extras previstos em lei, como adicionais de férias, noturno, insalubridade e periculosidade, que ficam fora do limite legal, conforme informou O Globo.

Experiências internacionais e recomendações

O estudo apontou ainda que outros países adotam mecanismos para limitar distorções salariais. No Chile e Reino Unido, comissões independentes definem faixas e reajustes. Em países europeus, regras claras restringem adicionais e unificam tabelas salariais. Já nos Estados Unidos, valores excedentes só podem ser pagos no ano seguinte, respeitando o teto vigente.

O pesquisador Sergio Guedes-Reis, da Universidade da Califórnia em San Diego (UCSD), compilou os dados do estudo encomendado pelo Movimento Pessoas à Frente e pela República.org, divulgado nesta quarta-feira, 26.

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