Viagem de Flávio Bolsonaro aos EUA serviu para discutir candidatura presidencial em 2026

Família acredita na elegibilidade de Jair, e apoio público ao candidato oficial deve ocorrer só quando as chances de o ex-presidente concorrer se esgotarem

Edilson Salgueiro

Flávio Bolsonaro também está no páreo para disputar o Planalto | Foto: Andressa Anholete/Agência Senado

Mesmo em prisão domiciliar, Jair Bolsonaro segue ditando os rumos políticos da direita. Segundo fontes próximas à família, o ex-presidente decidiu que, caso o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos-SP) não aceite entrar na corrida presidencial de 2026, um dos filhos estará na chapa que concorrerá ao Planalto com apoio do Partido Liberal (PL).

Esse foi um dos objetivos da viagem Flávio Bolsonaro aos Estados Unidos: revelar a Eduardo as intenções do pai. Nas conversas, houve um consenso de que a família fechará questão em torno do eventual candidato internamente, a fim de evitar divisões entre os aliados e os apoiadores.

Michelle Bolsonaro está mais próxima de concorrer ao Senado pelo Distrito Federal, o que descartaria, por ora, qualquer investida ao Planalto. Como revelou Oeste, a primeira-dama era a primeira escolha de Jair à Vice-Presidência, em eventual chapa com Tarcísio, porque enfrentaria menos rejeição e poderia atrair o público feminino e evangélico.

O favorito de Bolsonaro

Interlocutores dizem que Tarcísio mantém a cautela por considerar Lula politicamente forte no atual cenário. Contudo, afirmam que a delação do ex-chefe de Inteligência venezuelano Hugo “El Pollo” Carvajal, que citou repasses ilícitos ao PT e a governos de esquerda da América Latina, pode abalar a popularidade do presidente.

“A depender de como a imprensa tratar o tema e da reação internacional, o quadro pode mudar rapidamente”, relatou uma das fontes, ao acrescentar que a decisão de Tarcísio concorrer ao Planalto ocorrerá apenas se houver chances reais de vitória.

Com isso, a decisão final do clã Bolsonaro dependerá de dois fatores: a elegibilidade do ex-presidente, que a família acredita ser possível, e o cálculo político sobre a força de Lula e Tarcísio. Até lá, a ordem é uma só: preservar a unidade familiar e manter o eleitorado fiel mobilizado.