Alfândega confirmou que o ex-assessor não esteve no país na data da viagem que culminou em sua prisão, por seis meses
Cristyan Costa

Filipe Martins, assessor especial da Presidência da República, durante palestra no Instituto Rio Branco - 9/5/2019 | Foto: Arthur Max/MRE
Em um ofício enviado ao ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), o delegado Fábio Shor, da Polícia Federal (PF), disse ter visto indícios de que a entrada de Filipe Martins nos Estados Unidos (EUA) possa ter sido simulada.
Por isso, Shor requereu a abertura de um novo inquérito para apurar o caso. O documento chegou ao STF, nesta segunda-feira, 20.
“O registro de entrada de Filipe Martins Pereira nos Estados Unidos, ainda que em caráter indiciário, revela a possibilidade de que integrantes da organização criminosa, abusando dolosamente das prerrogativas diplomáticas, tenham se utilizado do procedimento migratório diferenciado relacionado a comitivas de chefes de Estado, no qual não há a presença física dos integrantes da comitiva presidencial perante as autoridades migratórias, com a finalidade de simular uma falsa entrada de Filipe Martins em território norte-americano”, escreveu o delegado.
Há poucos dias, a Alfândega dos EUA emitiu uma nota, na qual informou que Martins não esteve no país em 30 de dezembro de 2022. A suposta ida ao país fez com que o ex-assessor da Presidência para Assuntos Internacionais ficasse seis meses preso.
Shor associa Filipe Martins a supostas milícias digitais
O ministro Alexandre de Moraes, do STF, durante sessão na 1ª Turma do STF | Foto: Fabio Rodrigues-Pozzebom/Agência BrasilPara Shor, a confusão no entorno da narrativa da viagem, na mesma data do embarque de Bolsonaro, “tem sido utilizada como prática de novas ações de embaraçamento, tomadas como estratégia para descredibilização das provas e das autoridades que atuaram” na ação que trata do que seria uma tentativa de ruptura institucional.
Conforme o delegado, “a metodologia observada ostenta semelhança com a atuação da ‘milícia digital’”. De acordo com Shor, uma evidência disso é “o uso da internet para a propagação de informações falsas por meio de influenciadores digitais e, até mesmo, de advogados que possuem posição de autoridade perante o público de interesse”.
Delegado menciona lista encontrada com Cid
O ofício de Shor relembrou que Martins constava na lista de passageiros do voo que levou Bolsonaro a Orlando no fim de 2022.
Essa informação foi localizada em material apreendido com o tenente-coronel Mauro Cid durante as investigações da Operação Tempus Veritatis.
Shor, contudo, não mencionou que o documento encontrado no computador de Cid era um arquivo editável, em Word.
Além disso, evitou observar que, em depoimento no STF, o militar disse que o nome de Martins não constava na lista oficial dos que, de fato, decolaram para os EUA.
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