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terça-feira, 14 de outubro de 2025

Presidente de Madagascar foge do país durante levante militar

Rajoelina não renuncia, mas diz que deixou o território para preservar a própria vida

Luis Batistela
Andry Rajoelina, presidente de Madagascar | Foto: Reprodução/Flickr/Comesa

Andry Rajoelina, presidente de Madagascar, deixou o país sem anunciar renúncia. Em discurso transmitido pela TV estatal na noite desta segunda-feira, 13, ele declarou ter buscado refúgio para “proteger a própria vida”.

O chefe de Estado enfrentava protestos desde setembro. Jovens da geração Z lideraram os atos. O movimento ganhou força no sábado 11, quando a Capsat, unidade de elite do Exército, passou a exigir a renúncia de Rajoelina e de seus ministros.

O presidente classificou a ofensiva como uma tentativa ilegal de tomada de poder. Ele afirmou que buscou segurança diante da escalada da crise. “Fui forçado a encontrar um lugar seguro para proteger minha vida.”

Horas antes do discurso, soldados tentaram tomar o controle da emissora estatal. Durante a ausência de Rajoelina, a Capsat assumiu o comando das Forças Armadas e nomeou novo chefe militar. O coronel Michael Randrianirina recebeu apoio do ministro da Defesa.

Randrianirina disse que o Exército atendeu aos apelos populares. Ele negou que o movimento seja um golpe de Estado.

Em contrapartida, Rajoelina pediu diálogo e respeito à Constituição. Não informou seu destino. A imprensa local acredita que ele teria embarcado em um avião militar francês. No entanto, o governo da França não confirmou a informação.

A ligação entre os dois países permanece forte, já que Madagascar é ex-colônia francesa. Assim, parte da população critica o fato de o presidente também possuir cidadania francesa.

Rajoelina chegou ao poder com o apoio da cúpula militar

Os protestos começaram em 25 de setembro. Inicialmente, os manifestantes reclamavam dos cortes de água e luz. Com o tempo, o movimento passou a denunciar corrupção, inflação e falta de acesso à educação. A Organização das Nações Unidas contabilizou pelo menos 22 mortos e dezenas de feridos.

A instabilidade atual lembra a crise de 2009. Na época, o próprio Rajoelina chegou ao poder com apoio da Capsat, que depôs o então presidente Marc Ravalomanana. Ele venceu a eleição de 2018 e se reelegeu em 2023.

A Embaixada dos Estados Unidos em Antananarivo pediu que cidadãos norte-americanos permaneçam em locais seguros. O alerta descreve o cenário como “altamente volátil e imprevisível”. A União Africana também se manifestou e apelou por calma e moderação.

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