Caso está sob investigação
Anderson Scardoelli

Fachada do Hospital Municipal Salgado Filho, no Méier, bairro da zona norte carioca | Foto: Reprodução/Facebook/@hospitalmunicipal.salgadofilho
Depois de uma vistoria no necrotério do Hospital Municipal Salgado Filho, no Méier, zona norte do Rio de Janeiro, a Polícia Civil encontrou quatro corpos mumificados. A situação foi revelada durante diligências realizadas na última sexta-feira, 3.
O caso está relacionado a investigações sobre cadáveres encaminhados ao Instituto Médico-Legal (IML) já em decomposição. Esse tipo de ocorrência prejudicou a elaboração de laudos periciais.
Durante a inspeção, policiais identificaram corpos abandonados, sendo que um deles permanecia no local desde dezembro de 2024. O estado avançado de deterioração impediu até mesmo a identificação do gênero do cadáver. Relatos de funcionários indicaram falhas na identificação e ausência de encaminhamento para os procedimentos legais previstos.
Diante das irregularidades, a Polícia Civil instaurou inquérito para apurar possíveis crimes, como vilipêndio de cadáver, omissão de dever funcional e fraude processual. Todos os servidores que atuam no necrotério serão convocados a prestar depoimento durante as investigações.
O caso escancarou deficiências no sistema de saúde da capital fluminense. Fontes da Secretaria Municipal de Saúde atribuem o problema à sobrecarga e à falta de funcionários, mas a polícia aponta indícios de negligência institucional, ocultação de informações e descumprimento de normas no manejo de cadáveres.
Repercussão do caso dos corpos mumificados
Em nota, a Polícia Civil fluminense afirmou que vai apurar todas as circunstâncias que envolvem a permanência dos corpos mumificados no necrotério, tratando o caso como prioridade devido à gravidade das imagens e ao impacto social. A corporação também analisa registros internos e imagens das câmeras do Hospital Municipal Salgado Filho para esclarecer responsabilidades.
Especialistas ouvidos por veículos de imprensa classificaram o episódio como uma “crise moral e institucional” e cobraram maior transparência na gestão hospitalar. “A forma como tratamos nossos mortos diz muito sobre o valor que damos à vida”, afirmou um dos especialistas consultados, mas que não teve o nome revelado pelo jornal Correio Braziliense.
A Secretaria Municipal de Saúde declarou que está colaborando com as investigações e que abrirá uma sindicância administrativa. O inquérito busca identificar os responsáveis pela guarda dos corpos e eventuais falhas de comunicação com o IML e os familiares.
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