Defensora Ana Bárbara Shaffert diz que documento usado para justificar prisão foi inserido no sistema
Letícia Alves

O ex-assessor da Presidência Filipe Martins está em prisão domiciliar | Foto: Reprodução/X
A advogada de Filipe Martins nos Estados Unidos, Ana Bárbara Shaffert, afirmou, nesta terça-feira, 21, que o Departamento de Justiça dos EUA (DOJ) investiga uma fraude no registro de entrada do ex-assessor de Assuntos Internacionais no país. A declaração ocorreu em entrevista ao programa ALive, do jornalista Claudio Dantas.
Segundo Shaffert, a defesa denunciou o caso ao Departamento de Segurança Interna, responsável pelo Departamento de Alfândega e Proteção de Fronteiras (CBP, na sigla em inglês). Também acionou o Departamento Federal de Investigação (FBI, na sigla em inglês).
Dias atrás, o CBP concluiu que Martins não entrou no país e criticou a decisão que manteve sua prisão por mais seis meses. Atualmente, Martins cumpre medidas cautelares, como uso de tornozeleira eletrônica. Ele é réu no STF, acusado de participar da elaboração da suposta “minuta golpista”.
Documento de entrada de Filipe Martins é falso
A advogada comentou ainda a manifestação da Polícia Federal (PF), que afirmou ao Supremo Tribunal Federal (STF) que os investigados na suposta trama golpista podem ter “simulado” a entrada de Martins nos EUA no fim de 2022.
“Filipe Martins foi preso sem qualquer documentação do governo norte-americano, naquela data”, disse Shaffert. “A prisão dele foi justificada com base em dois documentos: a lista de passageiros encontrada no computador do [Mauro] Cid e a matéria do Guilherme Amado, que afirmava que ele havia desaparecido, evaporado, do Brasil e teria vindo aos EUA. Não havia, naquela data, da prisão do Filipe, qualquer documento dos Estados Unidos. Esse documento, ele aparece um mês depois de o Filipe estar preso, como uma forma de tentar manter a sua prisão.”
Shaffert afirmou que a iserção do documento falso no sistema ocorreu somente depois de o ministro Alexandre de Moraes, do STF, questionar a PF. Na ocasião, Moraes reagia à manifestação da Procuradoria-Geral da República (PGR) pela soltura do ex-assessor.
Além disso, ela negou a possibilidade de erro no registro. “O que eles estão tentando alegar é o seguinte: a delegação, que estava junto com o presidente Bolsonaro, teria mandado uma lista de passageiros para os Estados Unidos, e essa lista de passageiros teria gerado um registro de entrada.”
“Mas por que isso não se sustenta?”, continuou a advogada: “Porque o I94 é o registro de fato que comprova a entrada no país. Ele só é gerado mediante apresentação de passaporte e escaneamento desse passaporte. Como sustentar que uma lista de passageiros criou um registro de entrada nos Estados Unidos? Somente o passaporte cria o I94.”
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Obrigado por seu comentário.