RADIO WEB JUAZEIRO : Crise política no Maranhão envolve aliados de Flávio Dino



sexta-feira, 24 de outubro de 2025

Crise política no Maranhão envolve aliados de Flávio Dino

Áudios e denúncia de fraude em documentos ampliam o conflito entre antigos aliados no Estado

Erich Mafra
Dino foi fundamental para a ascensão de Brandão ao governo do Maranhão, onde triunfou nas eleições de 2022 no primeiro turno | Foto: Reprodução/Redes sociais

O cenário político no Maranhão se deteriorou depois que aliados do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Flávio Dino e do governador Carlos Brandão romperam relações. A troca de acusações inclui gravações clandestinas, pressões políticas e uso indevido de documentos públicos. Brandão deixou o PSB e articula novos apoios para 2026.

O conflito gira em torno de duas ações no STF, sob relatoria de Dino, que suspenderam nomeações para o Tribunal de Contas do Estado (TCE). Interlocutores de Brandão acusam aliados do ministro de usar o processo como instrumento de pressão. Já parlamentares ligados a Dino afirmam ter sido alvo de escutas ilegais.

Gravações e trocas de acusações envolvem Flávio Dino

As gravações, reveladas pelo jornal O Globo, mostram deputados próximos a Dino tratando de acordos políticos nas eleições municipais de 2024. Em uma delas, o deputado Rubens Jr. (PT-MA) cobra de Brandão o cumprimento de compromissos que envolveriam a liberação de vagas no Tribunal de Contas do Estado (TCE). Ele reconheceu ter conversado com Dino, mas disse que o diálogo foi pessoal, sem teor político.

Rubens Jr. e o deputado Márcio Jerry (PCdoB-MA) chamaram as gravações de ilegais e anunciaram o afastamento de aliados do governo estadual. Também pediram à Polícia Federal a abertura de inquérito sobre o suposto grampo.

Brandão reagiu afirmando que os próprios interlocutores se gravaram e que seu governo “impôs limites” a tentativas de interferência. Disse ainda ter recusado ofertas de apoio político em troca da liberação de vagas no TCE, classificando as tratativas como “barganhas nada republicanas”.

Denúncia do Ministério Público

A crise também avançou para o campo judicial. O Ministério Público do Maranhão denunciou três servidores por inserir falsamente o nome de Marcus Brandão, irmão do governador, como sócio de uma empreiteira que recebeu R$ 13 milhões do Estado. Segundo o jornal, a fraude teria sido usada em uma ação no STF, relatada por Dino, sobre suposta compra de cargos no TCE.

Marcus Brandão afirma ser alvo de uma tentativa de destruição política e atribui a fraude a militantes do PCdoB. Os documentos falsos serviram de base para uma petição ao STF. Dino determinou que a Polícia Federal investigasse o caso, que segue sob sigilo desde agosto.

O STF afirmou que o ministro “não atua em assuntos estritamente políticos” e que suas manifestações se limitam aos autos. O desembargador Ney Bello, citado nas conversas, negou envolvimento político e disse manter apenas amizade com os parlamentares mencionados.

Durante visita ao Maranhão, o presidente Lula pediu que Dino e Brandão evitassem conflitos internos. O alerta se confirmou: o racha ameaça a base governista no Estado e pode abrir espaço para adversários em 2026.

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