Sóstenes Cavalcante se desculpou em plenário e disse que não agiu corretamente 'no privado'
Letícia Alves

O líder do PL na Câmara, Sóstenes Cavalcante | Foto: Bruno Spada/Câmara dos Deputados
Um dia depois do fim do protesto de parlamentares da oposição que bloqueou os trabalhos no Congresso, o líder do PL, deputado Sóstenes Cavalcante (RJ), pediu perdão ao presidente da Casa, Hugo Motta (Republicanos-PB). A declaração ocorreu nesta quinta-feira, 7, em discurso na tribuna da Casa.
“Quero agradecer a vossa excelência, que inclusive comigo, foi muito paciente”, disse Cavalcante. “Eu não gosto de fazer coisas, apesar que eu não fiz isso em público, não te expus publicamente. Mas ontem, com o acirrar dos ânimos, eu com vossa excelência não fui correto e te peço perdão. Não fui correto no privado, mas faço questão de pedir perdão em público. Nós não estávamos emocionalmente estruturados para aquilo.”
Na ocasião, Cavalcante também negou um acordo com o presidente da Câmara para colocar o projeto da anistia em votação. Disse que que combinou “apenas com líderes”. “O presidente Hugo Motta não foi chantageado por nós”, disse. “Ele não assumiu compromisso de pauta nenhuma conosco.”
Em sua cadeira, Motta ouviu o discurso e apenas acenou com a cabeça. Nesta quarta-feira, 6, ele conseguiu retomar a presidência da sessão às 22h21, depois de longa negociação com a oposição, intermediada pelo ex-presidente da Casa, Arthur Lira (PP-AL).
Motta saiu do gabinete e levou mais de seis minutos para atravessar a multidão de deputados que ocupavam a Mesa Diretora desde terça-feira 5. O grupo protestava contra a prisão domiciliar do ex-presidente Jair Bolsonaro e outras medidas autoritárias do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal.
Motta chegou a recuar depois que o deputado Marcel van Hattem (Novo-RS) se recusou a deixar a cadeira. Mas com apoio do líder do MDB, Isnaldo Bulhões Jr. (AL), e outros parlamentares, Motta foi reconduzido ao assento e deu início à sessão.
Petistas pedem punição; Motta ainda avalia
O líder do PT, Lindbergh Farias (RJ), cobrou punições aos deputados que impediram os trabalhos da Casa por 30 horas. Na véspera, Motta havia dito que poderia propor a suspensão do mandato de quem participou da ação. Nesta quinta-feira, porém, ele declarou que anunciaria uma decisão sobre o caso até o fim do dia.
Na mesma sessão plenária, Van Hattem também discursou em tom conciliador. “A nossa batalha, Hugo Motta, nunca foi contra vossa excelência”, disse. “Tudo que nós tratamos ontem foi no sentido de que vossa excelência pudesse voltar a presidir essa Casa para que pautássemos o fim do foro privilegiado e a anistia.”
A sessão desta quinta ocorreu de forma pacífica. Os deputados aprovaram, por consenso, uma medida provisória que cria o Programa de Gerenciamento de Benefícios para o Instituto Nacional do Seguro Social e a Perícia Médica Federal. O programa busca agilizar a revisão de benefícios previdenciários e assistenciais, com o objetivo de reduzir pagamentos indevidos.
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