Experiência isola órgão para aplicação concentrada de medicamento e é alternativa para quem não pode se submeter a cirurgia
Fabio Boueri

Hospital Albert Einstein, em São Paulo: testes bem sucedidos em paciente de 84 anos | Foto: Rovena Rosa/Agência Brasil
Pela primeira vez no Brasil, médicos submeteram uma paciente com câncer de pâncreas a uma nova técnica de quimioterapia que tem o nome de microperfusão isolada. O procedimento, ainda em fase experimental, permite principalmente a aplicação concentrada do quimioterápico diretamente no órgão. Desse modo, o método potencializa a possibilidade de redução de efeitos colaterais.
A paciente, de 84 anos, está em tratamento no Hospital Israelita Albert Einstein, em São Paulo. Ela recebeu a primeira aplicação em maio e já passou por quatro sessões. Conforme o radiologista intervencionista Francisco Leonardo Galastri, a idosa relatou melhora expressiva depois de abandonar a quimioterapia tradicional. O tratamento anterior causava fadiga, perda de peso, queda de cabelo e outros efeitos tóxicos. “Ela recuperou peso, tônus muscular e se descreve ótima. Houve uma mudança notável”, disse o médico, segundo reportagem do jornal O Estado de S. Paulo.
Brasil importa técnica dos EUA
Na técnica de microperfusão, a circulação arterial do pâncreas passa por um isolamento temporário para que o quimioterápico atue diretamente sobre o tumor. Dessa forma, o processo reduz a exposição do restante do organismo à medicação, minimizando assim reações adversas. O método está em estudo nos Estados Unidos, onde cientistas avaliam principalmente se a concentração local do fármaco pode aumentar a eficácia do tratamento.
O câncer de pâncreas é um dos mais agressivos e silenciosos, sendo frequentemente diagnosticado em estágio avançado. Apenas 20% dos pacientes podem se submeter à cirurgia no momento do diagnóstico. Outros 40% já têm metástases e recebem apenas quimioterapia sistêmica. Os 40% restantes têm doença localmente avançada e são o foco da nova abordagem.
“Tumores pancreáticos têm alta pressão intersticial, o que dificulta a penetração da droga. A quimioterapia tradicional atinge pouco o local da lesão”, explica Galastri. A técnica de microperfusão surge como alternativa promissora para pacientes sem chance de cirurgia e que não respondem bem à quimioterapia convencional.
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