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quinta-feira, 10 de julho de 2025

Dólar dispara depois de Trump anunciar tarifa de 50% sobre importações do Brasil

Republicano fala em desequilíbrios comerciais, e mercado reage

Fabio Boueri

Durante encontro com líderes africanos, na Casa Branca, Trump falou sobre a taxação ao Brasil: mercado reagiu imediatamente | Foto: Reprodução/Twitter/X

A cotação do dólar futuro com vencimento em agosto disparou nesta quarta-feira, 9. O movimento se deu principalmente depois de uma fala do presidente dos Estados Unidos. Donald Trump confirmou a imposição de uma tarifa de 50% sobre produtos importados do Brasil. A medida, que vai entrar em vigor no dia 1º de agosto, representa a reação mais dura desde o novo pacote de tarifas que o republicano vem anunciando.

Por volta das 17h45, os contratos futuros da moeda norte-americana registravam alta de 1,7%. Os negócios saiam a R$ 5,542. No pico do dia, a cotação chegou a R$ 5,604. O pregão terminou com avanço de 1,05%, a R$ 5,503, pouco antes da publicação da carta oficial de Trump ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Trump dá resposta firme a perseguição judicial

O presidente norte-americano manifestou-se pela plataforma Truth Social. No texto, Trump criticou o que classificou como desequilíbrio nas relações comerciais entre os dois países, atribuindo o cenário a políticas tarifárias e não tarifárias do Brasil, além de barreiras que, segundo ele, tornam a parceria “muito injusta”.

Além disso, Trump fez duras críticas ao tratamento que diversas instituições brasileiras vêm dando ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Ele escreveu. “Conheci e tive contato com o ex-presidente Jair Bolsonaro, e o respeitei profundamente, assim como a maioria dos outros líderes mundiais. A maneira como o Brasil tem tratado Bolsonaro, um líder altamente respeitado em todo o mundo durante seu mandato — inclusive pelos Estados Unidos —, é uma desgraça internacional. Este julgamento não deveria estar acontecendo. Trata-se de uma caça às bruxas que deve acabar IMEDIATAMENTE!”.

👇Leia, na íntegra, a carta que Donald Trump acaba de enviar para Lula A CASA BRANCA WASHINGTON 9 de julho de 2025 Sua Excelência Luiz Inácio Lula da Silva Presidente da República Federativa do Brasil Brasília Prezado Sr. Presidente, Conheci e lidei com o ex-presidente Jair Bolsonaro, e o respeitei profundamente, assim como a maioria dos outros líderes mundiais. A forma como o Brasil tem tratado o ex-presidente Bolsonaro — um líder altamente respeitado em todo o mundo durante seu mandato, inclusive pelos Estados Unidos — é uma vergonha internacional. Esse julgamento não deveria estar acontecendo. É uma caça às bruxas que deve acabar IMEDIATAMENTE! Em parte devido aos ataques insidiosos do Brasil às eleições livres e aos direitos fundamentais de liberdade de expressão dos americanos (como ilustrado recentemente pelas ações do Supremo Tribunal Federal brasileiro, que emitiu centenas de ordens de censura SECRETAS e ILEGAIS a plataformas de redes sociais dos EUA, ameaçando-as com multas milionárias e expulsão do mercado de mídia social brasileiro), a partir de 1º de agosto de 2025, imporemos ao Brasil uma tarifa de 50% sobre qualquer e todo produto brasileiro enviado aos Estados Unidos, separadamente de todas as tarifas setoriais. Mercadorias transbordadas para tentar burlar essa tarifa de 50% estarão sujeitas à tarifa mais alta. Além disso, após anos de discussões sobre nossa relação comercial com o Brasil, concluímos que devemos nos afastar da longa e muito injusta relação comercial imposta pelas políticas tarifárias e não tarifárias do Brasil, bem como suas barreiras comerciais. Nossa relação tem sido, infelizmente, longe de ser recíproca. Peço que entenda que o percentual de 50% é muito inferior ao necessário para equilibrar o campo de jogo que devemos ter com o seu país. E é necessário tomarmos essa medida para corrigir as graves injustiças do regime atual. Como sabe, não haverá tarifa se empresas americanas decidirem construir ou fabricar produtos dentro do Brasil. Na verdade, faremos todo o possível para que as aprovações ocorram de forma rápida, profissional e rotineira — em outras palavras, em questão de semanas. Se, por qualquer motivo, o senhor decidir aumentar suas tarifas, qualquer percentual que escolher aumentar será somado aos 50% que aplicamos. Por favor, entenda que essas tarifas são necessárias para corrigir os muitos anos das políticas tarifárias e não tarifárias do Brasil, além das barreiras comerciais, que causaram déficits comerciais insustentáveis contra os Estados Unidos. Esse déficit é uma ameaça grave à nossa economia e, de fato, à nossa segurança nacional! Além disso, por causa dos contínuos ataques do Brasil às atividades digitais de empresas americanas, bem como de outras práticas comerciais desleais, estou ordenando ao Representante de Comércio dos Estados Unidos, Jamieson Greer, que inicie imediatamente uma investigação com base na Seção 301 contra o Brasil. Se desejar abrir seus mercados, até hoje fechados, aos Estados Unidos, e eliminar suas políticas tarifárias e não tarifárias, bem como as barreiras comerciais, poderemos considerar um ajuste nesta carta. Essas tarifas poderão ser modificadas — para cima ou para baixo — dependendo do andamento de nossa relação com o seu país. Os Estados Unidos da América nunca decepcionam. Agradeço sua atenção a este assunto! Com os melhores votos, sou, Atenciosamente, (assinatura) DONALD J. TRUMP PRESIDENTE DOS ESTADOS UNIDOS DA AMÉRICA

Ao comentar com jornalistas sua decisão, durante encontro com líderes da África Ocidental na Casa Branca, Trump reforçou sua insatisfação com a condução política e comercial brasileira. “O Brasil, por exemplo, não tem sido bom para nós, nada bom.” Para o republicano, os Estados Unidos devem repensar suas relações econômicas com o Brasil diante das constantes desvantagens impostas ao mercado norte-americano.

A tarifa de 50% anunciada para o Brasil é a mais alta da nova leva de medidas adotadas por Trump, que tem como foco a proteção da indústria e do emprego nos Estados Unidos. A medida é vista por aliados do republicano como coerente com sua visão de firmeza perante governos hostis e protecionistas, como o de Lula.

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