Governador paulista e senador fluminense buscam negociar texto capaz de atender ao centrão e a bolsonaristas
Edilson Salgueiro

Segundo apurou Oeste, Tarcísio e Flávio têm conversado com frequência desde a prisão de Bolsonaro | Foto: Reprodução/X
O senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) assumiu as articulações do Projeto de Lei da Dosimetria, em uma ação coordenada com o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), para tentar destravar a proposta que reduz as penas dos condenados pelo 8 de janeiro. A dupla passou a conduzir as conversas com o relator, deputado federal Paulinho da Força (Solidariedade-SP), e com lideranças do centrão.
As negociações entraram em compasso de espera nesta semana. Deputados do PL relatam que Paulinho ainda não apresentou oficialmente seu relatório por escrito, apesar de ter debatido verbalmente, em reuniões fechadas, uma proposta que reduziria de forma significativa as penas. Pela versão descrita pelo relator a líderes do PL, condenações de até 17 anos seriam extintas, e as superiores a esse tempo seriam reduzidas para cerca de dois anos e meio.
A ideia agradaria parcialmente ao PL. Contudo, sem uma proposta formal, a sigla entende que falta transparência sobre os termos. “Não se pode negociar no escuro”, resume um dos dirigentes ouvidos por Oeste.
De acordo com a proposta verbalizada pelo relator, a maioria dos presos do 8 de janeiro seria solta quase imediatamente, e o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), atualmente detido na Superintendência da Polícia Federal, poderia migrar para o regime semiaberto.
Flávio e Tarcísio entram em campo
O senador se reuniu com o relator na última terça-feira, 25. Embora não tenha havido um acordo final, aliados dizem que houve avanços importantes no texto. Um destaque pode ser costurado nas próximas semanas para diminuir ainda mais o tempo de reclusão imposto aos condenados.
No entorno de Tarcísio, a avaliação é semelhante. Interlocutores dizem que o governador tem atuado de forma discreta, mas constante, para evitar que o tema imploda antes do amadurecimento político necessário. A leitura é que, sem um ponto de equilíbrio, o projeto tende a desagradar ora ao relator, ora ao PL — e, em ambos os casos, ficaria paralisado.
Segundo apurou Oeste, Tarcísio e Flávio têm conversado com frequência desde a prisão de Bolsonaro. A percepção de ambos é que a direita precisa demonstrar força no Congresso, mas com cálculo estratégico: fechar um texto palatável ao centrão e ao mesmo tempo satisfazer a expectativa da base bolsonarista.
Tarcísio e Flávio conversaram durante um evento no Tribunal de Contas do Estado de São Paulo (TCE-SP) – 7/11/2025 | Foto: Reprodução/Redes sociais
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