Projeto inovador recebe R$ 14 milhões da Finep e pode substituir terapia oral que exige a ingestão diária de 12 comprimidos
Fabio Boueri

Médica durante examine de imagem: pesquisa pode assegurar ganho de eficiência em tratamento com menor efeito colateral | Foto: Divulgação/Agência SP
Um dispositivo semelhante a uma bombinha de asma pode revolucionar o tratamento da tuberculose no Brasil. Sob a coordenação de pesquisadores da Unesp, em Araraquara (SP), a proposta acaba de receber um investimento de aproximadamente R$ 14 milhões. Os recursos sairão principalmente da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), com apoio do Sistema Único de Saúde (SUS).
O objetivo é desenvolver, ao longo dos próximos três anos, um medicamento inalável mais potente e eficaz que os atuais. Assim, a expectativa é substituir o modelo tradicional de tratamento. Esse modelo exige a ingestão de até 12 comprimidos por dia durante um período que pode variar de seis meses a dois anos. A nova tecnologia usa micropartículas que levam os fármacos diretamente aos pulmões, onde a bactéria causadora da doença se aloja em estruturas chamadas granulomas.
Unesp: proposta é destaque por inovação e impacto no SUS
“Há pelo menos duas décadas o mercado de medicamentos para tuberculose não apresenta avanços significativos. Se conseguirmos atingir os locais infectados com doses menores e mais eficazes, com menos efeitos colaterais, esse projeto pode representar um salto terapêutico”, explica o professor Fernando Rogério Pavan. Ele coordena a iniciativa ao lado dos também docentes Andréia Bagliotti Meneguin, Leonardo Miziara Barboza Ferreira, Lucas Amaral Machado e Marlus Chorilli.
A ideia inovadora de administrar o tratamento por via inalatória foi determinante para que o projeto se destacasse no edital do programa Mais Inovação Brasil Saúde – ICT, da Finep. Submetida no fim de 2023, a proposta ficou em 9º lugar entre mais de 200 avaliadas em todo o país.
De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), a tuberculose voltou a ser a doença infecciosa que mais mata no mundo. Foram 10,8 milhões de novos casos apenas em 2023. No Brasil, a taxa de infecção é quase seis vezes maior do que a meta estipulada pela entidade.
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