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quinta-feira, 15 de maio de 2025

Lula é um 'líder obcecado por glórias internacionais', diz Estadão

Jornal revela que petista usou acordos comerciais como pretexto para estreitar laços com regimes autocráticos e critica desvio da tradição diplomática brasileira de neutralidade e defesa da democracia

Yasmin Alencar
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva se encontra com Xi Jinping, o líder chinês, na abertura do IV Fórum Celac-China | Foto: Ricardo Stuckert/ PR

Em editorial publicado nesta quinta-feira, 15, o jornal O Estado de S. Paulo fez uma crítica à postura do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) durante sua visita à China. Embora reconheça os avanços comerciais conquistados — como a promessa de R$ 27 bilhões em investimentos e acordos em áreas estratégicas —, o jornal adverte que tais ganhos não justificam os excessos ideológicos e gestos simbólicos que marcaram a viagem.

Segundo o texto, Lula voltou a confundir diplomacia com militância, e sua aproximação com o regime chinês foi movida por “fetiches ideológicos”, não por interesses nacionais.

“Sua visita foi marcada por declarações e gestos que extrapolam a esfera da cooperação pragmática e o colocam como entusiasta de uma aproximação geopolítica com a China, inspirada por motivações partidárias, em detrimento da equidistância diplomática característica do Itamaraty”, disse o jornal.

O jornal também critica as provocações do presidente aos Estados Unidos e a comparação de sua eleição à revolução comunista de 1949, considerando esse tipo de fala uma “violação do fato histórico” e um sinal de ignorância ou má-fé.

“O petista foi além, ao comparar suas vitórias eleitorais à revolução comunista de 1949, violentando, por ignorância ou má-fé, o fato histórico de que os avanços socioeconômicos da China vieram da ruptura com a tirania homicida de Mao Tsé-tung e da liberalização do mercado sob Deng Xiaoping”, disse o Estadão. “O constrangedor episódio em que a primeira-dama Janja da Silva interpelou Xi Jinping, sugerindo enviesamento do TikTok contra a esquerda, é um emblema caricato desse voluntarismo trapalhão que permeia a diplomacia presidencial.”

Para o Estadão, o argumento de que Lula busca pragmatismo ao se alinhar à China é falso. “Lula disfarça seu alinhamento a Pequim sob o manto de um pragmatismo virtuoso: garantir investimentos e acesso ao mercado chinês”, escreveu o jornal. “É uma inversão da realidade. A verdade é que Lula utiliza os negócios como pretexto para satisfazer suas inclinações ideológicas e ambições pessoais.”

Jornal condena Lula por ter tratado com Xi Jinping temas como a regulação das redes sociais

O editorial afirma que “o Brasil não precisa bajular ditaduras para vender soja, carne ou minério” e condena o fato de Lula ter tratado com Xi Jinping temas como a regulação de redes sociais, o que, segundo o texto, desrespeita os princípios constitucionais da liberdade de expressão e da separação entre os Poderes.

Ao final, o jornal conclui que o Brasil tem todas as condições de exercer um papel independente no cenário global, graças à sua tradição diplomática, importância ambiental e peso econômico. Mas, para isso, é preciso que a política externa esteja a serviço do Estado, e não de “um líder obcecado por glórias internacionais”.

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