RADIO WEB JUAZEIRO : Lula perde apoio da classe trabalhadora, diz colunista da Bloomberg



quinta-feira, 13 de março de 2025

Lula perde apoio da classe trabalhadora, diz colunista da Bloomberg

Juan Pablo Spinetto afirma que esse é o pior momento para o petista em seus três mandatos como presidente do Brasil

Uiliam Grizafis
Lula tenta reverter o cenário que, para ele e para o PT, é desastroso | Foto: Antonio Cruz/Agência Brasil

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva está perdendo apoio da classe trabalhadora. É o que afirma o economista argentino Juan Pablo Spinetto, em artigo publicado no site Bloomberg, nesta terça-feira, 11. Trata-se, de acordo com o articulista, do pior momento para o petista em seus três mandatos como presidente do Brasil.

No artigo, Spinetto afirma que apenas 24% aprovaram o trabalho de Lula em fevereiro, em comparação com 35% em dezembro do ano passado. Os números são do instituto de pesquisas Datafolha. Trata-se, portanto, da classificação mais baixa do petista no cargo como presidente da República.

Para piorar a situação, observa o economista argentino, a mesma pesquisa afirma que Lula está perdendo apoio dos eleitores do Nordeste. Poderia ser algo corriqueiro, se esse não fosse um de seus principais círculos eleitorais.

Presidente Lula tenta reverter o cenário negativo que o governo enfrenta | Foto: José Cruz/Agência Brasil

De acordo com Spinetto, que trabalhou por seis anos como repórter da Bloomberg no Rio de Janeiro, a insatisfação popular com o petismo dificilmente será revertida com programas sociais ou empréstimos baratos. Por causa disso, “ganhar um quarto mandato em 2026 será muito mais difícil para Lula do que ele imagina”, afirma o articulista.
Lula tenta reverter esse cenário

O presidente brasileiro, contudo, tenta reverter esse cenário, que, para ele e para o PT, é desastroso. Lula tenta melhorar sua imagem com injeção de bilhões de reais em publicidade. Em janeiro, por exemplo, o petista substituiu a liderança da Secretaria de Comunicação Social, depois de criticar publicamente a pasta. Agora, um dos objetivos da secretaria é promover programas como o Pé-de-Meia, do Ministério da Educação.

O Pé-de-Meia sofreu um desgaste depois de o Tribunal de Contas da União bloquear R$ 6 bilhões do projeto por entender que seu modelo de financiamento viola o processo orçamentário. Em razão disso, parlamentares de oposição denunciaram o governo Lula por crime de responsabilidade — motivo que fez a ex-presidente Dilma Rousseff sofrer impeachment, em 2016.

A preocupação de Lula em relação à sua popularidade é tamanha que ele chegou a zerar as tarifas de importação de certos produtos, como carne, café, açúcar, milho e azeite. De acordo com a Frente Parlamentar do Agronegócio, zerar o imposto de importação é uma solução ineficaz. Para os parlamentares ligados ao agronegócio, a colheita da safra e a redução dos custos de produção seriam alternativas mais eficientes.

Para Daniel Vargas, economista da Fundação Getulio Vargas (FGV), a medida do governo é insuficiente. A Oeste, o especialista da FGV afirmou que a decisão “não está clara”. Para ele, a redução das tarifas daqueles produtos serve apenas para fazer uma cortina de fumaça. Ele acredita que o governo quer “desviar da rota” para “não discutir os problemas que são fundamentais para o funcionamento da economia brasileira”.

Inflação permanece alta

Apesar da relutância do governo em realizar ajustes fiscais significativos, a inflação permanece alta no Brasil. O desemprego é outro fator que preocupa os brasileiros. Lula não fez jus ao seu partido e, segundo o colunista da Bloomberg, permitiu que o desemprego caísse por dois meses consecutivos. Atingiu 6,5% em fevereiro.

De acordo com o economista argentino, Lula, com 79 anos, “está irremediavelmente se tornando o homem do passado — um destino semelhante ao do ex-presidente norte-americano Joe Biden, nos Estados Unidos”.

“Ouça Lula hoje e ele parece preso em 2007”, afirma Spinetto. “Longe do político encantador, capaz de seduzir investidores e a comunidade empresarial.”

Isso, segundo o economista, significa que Lula é incapaz de entender a sociedade atual, com um Congresso Nacional muito mais complexo. “O governo carece de um projeto moderno que possa entusiasmar os brasileiros, uma boa parte dos quais não eram [sic] adultos quando ele estava no auge.”

Enquanto isso, Lula insiste em agradar sua base ao colocar a presidente do PT, Gleisi Hoffmann, como ministra-chefe da Secretaria de Relações Institucionais. Briga com a imprensa ao acusá-la de publicar “notícias falsas”. Como se não bastasse, ataca o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ao declarar que não adianta o republicano “ficar gritando de lá”, porque ele aprendeu a não ter medo de cara feia.

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