Onda de assaltos ocorre três meses depois da Operação Escudo, que tinha o objetivo de conter a atuação do crime organizado no litoral paulista
EDILSON SALGUEIRO

Bandidos aproveitaram um congestionamento na Rodovia Cônego Domênico Rangoni, próximo à entrada do Guarujá, no litoral de São Paulo, para fazer um arrastão. Imagens que circulam nas redes sociais desde o sábado 16 mostram o momento em que três criminosos roubam um carro branco, enquanto as vítimas assistem à cena de dentro do veículo.
No vídeo, é possível ver que o trio pega objetos do carro. Um dos bandidos abre o porta-malas, à caça de algum item de valor. Ao redor, motoristas decidem usar o acostamento para sair do local, enquanto outros dão ré e seguem na contramão.
A Secretaria de Segurança Pública de São Paulo (SSP) informou que a Polícia Militar (PM) foi acionada às 11h20 do sábado para atender a uma ocorrência de roubo na Rodovia Piaçaguera-Guarujá, como também é conhecida a Cônego Domênico Rangoni.
“Após o crime, houve a intensificação no patrulhamento, mas os criminosos não foram localizados”, informou a SSP. “A Polícia Civil, ciente do ocorrido, analisa imagens e atua em diligências em buscas de elementos que auxilie na identificação e punição dos responsáveis.”
A cena é comum na região. Geralmente, os bandidos aproveitam o congestionamento na pista, saem da mata que contorna o local e abordam os veículos. Em 10 de novembro, por exemplo, ocorreu um episódio similar.
Arrastão no Guarujá volta a acender alerta de segurança
O assalto ocorre mais de três meses depois do término da Operação Escudo, que contou com a colaboração de 600 policiais dos batalhões do Estado de São Paulo.
A ação teve início em 28 de julho, um dia depois de criminosos assassinarem o soldado Patrick Reis, das Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar (Rota), durante incursão na Favela Vila Julia.
Patrick e um colega faziam patrulhamento pela Operação Impacto Litoral. Em vigor desde junho, a ação tinha o intuito de diminuir os índices de criminalidade e de combater o tráfico de drogas na região. Ambos os policiais foram baleados na ocasião, mas somente Patrick faleceu.
Em seu decurso, as forças policiais apreenderam mais de uma tonelada de drogas e 119 armas ilegais, incluindo fuzis e submetralhadoras. Além disso, prenderam 976 criminosos, dos quais 388 estavam foragidos. Outros 70 adolescentes infratores também foram apanhados.
Sem data para acabar?
Em agosto deste ano, durante participação no programa Oeste Sem Filtro, o secretário de Segurança Pública de São Paulo, Guilherme Derrite, disse que a megaoperação contra o crime organizado no litoral paulista continuaria por tempo indeterminado.
A PM vistoriou 2.155 automóveis, dos quais 152 foram removidos; e 1.143 motocicletas, das quais 117 foram recolhidas. Dez veículos com queixa de furto ou roubo foram localizados.
A partir dessa constatação, os bandidos começaram a dominar os territórios fronteiriços e as rotas comerciais.
Conforme Derrite, a escalada do crime organizado é reflexo do abandono do Estado. “A Polícia Rodoviária Federal [PRF] tinha uma tropa especializada nas fronteiras, mas o governo federal as desmobilizou”, constatou. “Não há mais grandes apreensões de drogas. Se não enfrentarmos o crime, o Brasil virará um narcoestado.”
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