RADIO WEB JUAZEIRO : BACTÉRIAS CONDENARAM A POSSIBILIDADE DE VIDA EM MARTE



segunda-feira, 9 de janeiro de 2023

BACTÉRIAS CONDENARAM A POSSIBILIDADE DE VIDA EM MARTE

JULIO CEZAR DE ARAUJO

Marte foi um dos cinco planetas descobertos nos primórdios da civilização humana e, ao longo da Antiguidade, teve um papel fundamental para o nosso desenvolvimento. Desde que a sonda espacial Viking 1, parte do Programa Viking, da NASA, pousou em Marte, o planeta se tornou alvo de inúmeras conspirações devido à possibilidade de vida antiga, configurando o segundo planeta do Sistema Solar onde isso seria possível.

Desse momento em diante, a ideia de vida extraterrestre foi associada à Marte, com a indústria do entretenimento, catapultada pelos avistamentos de Objetos Voadores Não Identificados (OVNIs), criando a imagem de seres humanoides de alta inteligência. O caldo dessa narrativa engrossou após agosto de 1996, quando um grupo de cientistas anunciou ter encontrado evidências de vida antiga em Marte através de objetos em forma de bactéria e moléculas químicas orgânicas no meteorito marciano ALH 84001, coletado na Antártica.

Há mais de 10 anos, o Curiosity Rover da NASA envia imagens que comprovam que seria impossível o corpo humano sobreviver em Marte, onde apenas 0,13% do ar é oxigênio – em contraste com 21% da Terra –, e a temperatura varia desde -125 graus?°C no inverno até 22?°C no verão.

Na Terra, a ciência chama de "panspermia" a ideia de que um coquetel molecular com vida biológica veio das estrelas. Mas como surgiu a vida em Marte? Um estudo publicado na Nature sugere que a mesma vida microbiana que criou os humanos pode ter condenado a vida em Marte.
O "inimigo" de Marte

(Fonte: Amir Cohen/REUTERS)

Há cerca de 3,7 bilhões de anos, mais ou menos na época em que a vida estava começando a se formar na Terra, os primeiros organismos unicelulares vivos surgiam em Marte. No entanto, em vez de o planeta ficar quente e aconchegante, se tornou um local frio e mortal por uma combinação de fatores: por estar localizado mais longe do Sol, possuir uma atmosfera muito seca, rica em dióxido de carbono e extremamente fina (1% da atmosfera da Terra).

Os micróbios que sugavam o pouco hidrogênio e excretavam metano para a atmosfera – que desaparece em 10 a 15 anos –, não interagiu com o dióxido de carbono da mesma forma que o hidrogênio, que juntos criam uma espécie de "aquecedor planetário" de longo prazo – o que acontece com a Terra. Foi assim que a temperatura do planeta caiu muito rapidamente.

Com esse processo de resfriamento, as bactérias começaram a recuar para cada vez mais fundo na crosta de Marte, esfriando a superfície em até -60?°C.

(Fonte: Peter Jurik/Adobe Stock)

Segundo Boris Sauterey, pesquisador do Institut de Biologie de L’École NOrmale Supérieure (IBENS), na França, Marte tinha água líquida em sua superfície na época, formando rios, lagos e até mesmo oceanos. Assim que as bactérias removeram o hidrogênio da atmosfera e o substituíram pelo metano que esfriou o planeta, toda a água da superfície congelou. O aprofundamento das bactérias na crosta teria sido uma alternativa para buscarem uma fonte de energia.

Os locais na superfície onde as bactérias podem não ter se enterrado tão profundamente incluem a Cratera Jezero, Helas Planitia e Isidis Planitia, onde o rover Perseverance da NASA ainda faz o trabalho de investigação em busca de vida.

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