RADIO WEB JUAZEIRO : Varizes podem trazer complicações vasculares graves e sangramentos



segunda-feira, 19 de dezembro de 2022

Varizes podem trazer complicações vasculares graves e sangramentos

Doença atinge 38% da população brasileira e começa com inflamação venosa de causa variada

 Autor: Jane Fernandes

Varizes: quanto maior a pressão venosa, maior o calibre - Foto: Reprodução

As varizes são a forma mais comum de doença vascular que acomete o sistema venoso, formado pelos vasos responsáveis por levar o sangue de todas as partes do corpo de volta ao coração. Em diferentes níveis, as varizes estão presentes em 38% da população brasileira, sendo encontradas em 45% das mulheres e 30% dos homens, segundo dados da Sociedade Brasileira de Angiologia e de Cirurgia Vascular (SBACV).

Embora muitas pessoas imaginem as varizes como um problema exclusivamente estético, a presidente da regional da SBACV na Bahia, Túlia Brasil, alerta que elas pode provocar uma série de incômodos, incluindo dores. “Pode ser percebida como uma dor em peso, em aperto, queimação, tipo uma coceira, e essa dor tende a aumentar no final do dia, quando a pessoa passou mais tempo com a circulação sobrecarregada”, esclarece.

Os sintomas das varizes variam de paciente a paciente, mas em geral as dores são mais fortes quando o indivíduo fica parado, aliviando um pouco com a movimentação, destaca a angiologista e cirurgiã vascular. “Muitas vezes pode ter inchaço pela retenção de líquido do sangue. Extravasa o líquido do vaso para fora do vaso e fica ali embaixo da pele, no subcutâneo, com edema, e muitas vezes essa pressão aumentada, a longo tempo, vai dando um escurecimento da pele”, diz.

Presidente da Associação Bahiana de Medicina, o cirurgião vascular César Amorim, do Hospital Mater Dei Salvador, acrescenta que os edemas surgem principalmente na região dos tornozelos e podem ser aliviados com a elevação das pernas. “Muitas vezes há uma piora no período menstrual e durante a gravidez”, comenta.

Inflamação

Segundo a médica, as varizes são veias dilatadas que perdem sua anatomia por conta de uma pressão aumentada no sistema venoso, envolvendo algum grau de insuficiência na função das veias e a consequente dificuldade em manter o retorno venoso para o coração. Quando estão com a capacidade de complacência normal, as veias se adequam às variações de pressão interna.

Ao perderem a elasticidade, as veias se deformam. “Dependendo do tamanho da veia que está doente, as varizes podem ser pequenininhas, os chamados vasinhos, podem ser também varizes maiores, com calibre maior, também vistas a olho nu. Quanto maior a pressão dentro da veia, maior a sobrecarga que ela recebe ao longo do tempo, maior vai sendo o calibre, mais tortuosa ela vai ficando”, detalha Túlia.

Amorim lembra que as veias têm as chamadas válvulas venosas, que fazem com que o sangue flua nas veias em apenas uma direção, que é de baixo para cima. Esse controle é feito pelo fechamento da válvula após o bombeamento do sangue ascendente, evitando o retorno. Então o mal funcionamento dessas válvulas, possibilita que o sangue venoso flua de forma descendente, sobrecarregando esse vasos.

A herança familiar é um dos principais fatores envolvidos no desenvolvimento das varizes, pois há uma predisposição genética, caracterizada por maior fragilidade das veias, que será somada a elementos que geram sobrecarga nas veias. Entre os aspectos citados pela cirurgiã estão: ficar muito tempo em pé, devido à gravidade, a obesidade, ficar muito tempo parada - mesmo sentada, sedentarismo além de questões externas como o uso de anticoncepcionais e reposição hormonal.

“Mulheres têm mais risco de desenvolver varizes do que os homens porque o hormônio feminino inflama mais as veias do que o hormônio masculino. Temos fatores químicos como o cigarro, que faz uma irritação química nas veias e deixa elas com mais inflamação e mais frágeis no sentido de favorecer o desenvolvimento das varizes”, comenta a angiologista.

Se pessoas com quadros graves de varizes não forem tratadas, a pele das áreas atingidas vai mudando de espessura, ficando mais grossa. “Isso favorece quadros de inflamação, que pode vir a apresentar uma associação com a erisipela, quando tem lesão na pele, pode apresentar associação com trombose, quando a pessoa tem outros riscos a mais para fazer o trombo nessas veias”, completa..

Em casos extremos, a agressão à pele pode levar à abertura de uma ferida, chamada de úlcera varicosa. Outra complicação grave é o risco de sangramento. “Pode romper a parede da veia, por essa irritação crônica e essa fragilidade da parede da veia, dando um sangramento das varizes por conta disso”, adverte.

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