RADIO WEB JUAZEIRO : CRISE SE APROFUNDA NO GOVERNO DILMA



terça-feira, 4 de agosto de 2015

CRISE SE APROFUNDA NO GOVERNO DILMA

Governo teme acirramento da crise após prisão de Dirceu
Vera Rosa

Um ano depois de participar ativamente da fundação do Partido dos Trabalhadores, José Dirceu assume o cargo de secretário de Formação Política da legenda, posto que ocupa até 1983. No partido ainda comanda a Secretaria-Geral do Diretório Regional de São Paulo (1983-1987) e a Secretaria-Geral do Diretório Nacional (1987-1993).

O governo avalia que a prisão do ex-ministro da Casa Civil José Dirceu acirra mais os ânimos contra o PT e a presidente Dilma Rousseff e aumenta o clima de beligerância no País num momento crucial, em que ela precisa de apoio para enfrentar a pressão dos que querem o impeachment. Auxiliares de Dilma temem que a investigação atinja o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, mesmo sem provas concretas.

O assunto foi tratado em conversas reservadas entre ministros, ontem, antes da reunião de coordenação política. A ordem no Planalto é proteger Dilma do novo escândalo, que tem potencial para dar munição aos protestos marcados para o dia 16, em todo o País, contra o governo e a corrupção.

A prisão de Dirceu na 17.ª fase da Operação Lava Jato, batizada de Pixuleco, também provocou preocupação na cúpula do PT. Dirigentes da corrente majoritária Construindo um Novo Brasil, de Lula e Dirceu, discutiram os desdobramentos da crise ontem, em Brasília, e hoje haverá reunião da Executiva Nacional. Petistas receberam informações de que integrantes da Polícia Federal e do Ministério Público estariam dizendo aos presos: “Se você entregar o Lula, sairá rapidinho.”

Em nota, o presidente do PT, Rui Falcão, refutou as acusações de que o partido teria realizado operações financeiras ilegais ou participado do esquema de corrupção na Petrobrás, conforme relato no acordo de delação premiada feito pelo lobista Milton Pascowitch. A nota não cita Dirceu. Pascowitch acusou o ex-ministro de comandar o desvio de recursos na estatal e disse ter entregue R$ 10,5 milhões na sede do PT, em São Paulo. 

Berlinda

A investigação da PF joga novamente os holofotes sobre o PT, dez anos depois do escândalo do mensalão. Agora, o receio do Planalto e do partido é de que novas delações compliquem mais o cenário político. Dirceu foi homem forte do PT e do governo Lula e ainda tem influência sobre a legenda. “A Polícia Federal e o juiz Sérgio Moro não deixam a gente entrar na agenda positiva”, disse um ministro ao Estado.

Na semana passada, o governo achava que o reinício dos trabalhos do Congresso seria difícil, principalmente por causa do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB), que rompeu com Dilma e tem o nome envolvido na Lava Jato. Assessores da presidente acreditavam, porém, que a denúncia contra Cunha – acusado pelo lobista Júlio Camargo de cobrar propina de US$ 5 milhões – poderia desviar o foco da pressão sobre Dilma.

Agora, o diagnóstico é de que tudo vai piorar. Amigos de Dirceu disseram ao Estado que ele esperava a prisão e, por isso, está “tranquilo”. Apesar de magoado com Dilma e com Lula, sob alegação de que não o teriam defendido, o ex-ministro não pretende apontar o dedo para ninguém.

O ministro da Defesa, Jaques Wagner, disse que o esforço do governo é evitar que os problemas na política contaminem a economia. “A gente dorme e acorda com uma notícia dessas. Do ponto de vista do ambiente de negócios, essa é a preocupação, porque precisamos ter estabilidade. As investigações seguem e o País também segue, com suas empresas e a economia funcionando.”

Irritado com acusações da oposição, que tentaram associar Dirceu a Lula e Dilma, o senador Jorge Viana (PT-AC) partiu para o ataque. “A oposição está num papel muito apequenado e não aguenta nem meia Lava Jato”, reagiu. “Por que se apura a ação de algumas figuras e de alguns partidos e não se apura de outros? É um jogo de cartas marcadas?” 

COLABORARAM RAFAEL MORAES MOURA e ISADORA PERON

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